CARTA À LAWRALINNE REBOUÇAS –  Flávia Arruda

Bom dia, Linne!

Hoje amanheci nostálgica, relembrando momentos de nossa juventude; sonhei com a querida Lice. O peito está cheio de saudades e boas lembranças. No sonho eu lhe pedi desculpas pelas minhas ausências, pelas minhas fraquezas, por não saber lidar com certas situações, na verdade, por não conseguir estar mais próxima de sua família, a qual eu aprendi a amar como minha também.

Ela estava linda, com aquele sorriso largo e radiante, sua marca registrada, cheia de alegria e simpatia. Prestei bem atenção a todos os detalhes: ela vestia uma regata elegante com brilho na cor preta, estávamos escoradas na traseira de um veículo branco, estacionado nos fundos da casa da praia, naquela rua de areia na parte de trás da casa de Moema.

Nossa conversa foi muito boa, como sempre costumava ser.  Conversamos sobre muitas coisas, ela me falou sobre a vida, me aconselhou, em alguns momentos me puxou a orelha. Sim, choramos juntas, abraçadas, pensando em Moema, nos meninos, na família, nos amigos, em todos.

Ela me disse sorrindo do quanto viveu intensamente, que não teve medo de fazer tudo aquilo que achava certo e que tinha vontade, o que resultou em muitas conquistas ao longo da sua vida: construiu uma família maravilhosa, cultivou as velhas e conquistou novas amizades, seus maiores tesouros.

O sonho parecia tão real, era tão concreto que chego a crer que de fato nosso encontro aconteceu. Acho que ela sabia que eu precisava dessa boa conversa, desse papo que tínhamos lá nas antigas.

Acordei lembrando dela, com aquele imenso sorriso estampando seu rosto, sorriso que traduz a beleza da alegria, com as barroquinhas bem desenhadas em cada lado das bochechas. Ela era dona de uma alegria imensa, viveu intensamente, foi destemida e valente, nunca se deixou ser dominada, sempre forte e autêntica.

Tinha uma imensa sede de viver, e soube viver; viveu tudo que ela quis e desejou viver, pois tinha pressa em saborear a vida. Nunca deixou para depois o que podia ser feito hoje, não teve medo de arriscar. É um exemplo de mulher, mãe, avó, irmã, amiga… Quem é Lice? um ser com energia contagiante que deixa seu legado, suas histórias e ensinamentos para a família e as novas gerações de sua árvore genealógica.

Meu abraço em Moema principalmente. Meu abraço a todos e um maior em você, minha querida amiga de sempre. Que nunca nos esqueçamos que a vida nos empresta oportunidades e companhias para que a nossa caminhada, pelas esquinas da existência, se torne mais agradável, sabendo que existirão becos e vielas, alamedas e bulevares, parais e campos, céus e mares em que cruzamos e cruzaremos – até que  adormeçamos profundamente – com pessoas que nos ajudam a edificar as muralhas que nos compõem. Lice construiu a sua própria fortaleza.

Termino esta carta com o coração cheio de amor e saudades.

Grande abraço, querida amiga.

 

 

 

 

Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora do livro As esquinas da minha existência, [email protected]

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