Os Mitos das Águas

Diógenes da Cunha Lima A dimensão poética e o bom humor conferem ao homem uma visão diferente. Pouca gente se lembra de que foi um asiático judeu que mudou, a pedido da mãe dele, em uma festa de casamento, a água em vinho. Com isso mostrou não só a nobreza do vinho, a importância da […]

Virtudes familiares

                     Diógenes da Cunha Lima Ásperos tempos, vivemos, ameaçam a família. Entretanto, a família é chão onde as virtudes florescem. A família é a unidade social mais autêntica e antiga, mais natural e mais legítima. Não é apenas o grupo de pessoas procedentes do mesmo sangue, com ascendência, linhagem, com estirpe. É sobretudo uma unidade […]

O Mirante

                                                                                                         Diógenes da Cunha Lima                                   Sem afeto não há salvação. Este o elo entre o homem e a paisagem, entre o menino e o rio, entre o adulto e a árvore, entre o que é e o que foi, que dá ao que somos substância (em Nova Cruz aprendi a palavra mais forte e […]

As muitas flores de Câmara Cascudo

Diogenes da Cunha Lima A energia de espírito do cientista político Luís da Câmara Cascudo era bem alimentada pelas flores. Imagino que considerava as flores como símbolo da vida, uma perfeição efêmera. Falávamos, um dia, sobre demonstração de saudade, e o mestre me contou o seguinte: soube do desaparecimento de seu amigo catalão mediterrâneo Eugenio […]

Os holandeses e Natal

Diógenes Da Cunha Lima  “Neste país (Holanda) feito do ócio de Deus,  não há ócio”.     (F. Carrasquer Launed, Nueva antología de la poesía neerlandesa) O nosso Rio Grande, Fluminis Grandis, foi província holandesa por mais de vinte anos (1633-1654). Natal está no Museu do Louvre, no Museu Britânico, na Biblioteca Nacional da França.  Franz Post, […]

Galos e Galinhos

Diógenes da Cunha Lima O Rio Grande do Norte: ninguém sente que ele é grande, mas é.  É um Estado vivo, como um rio.  Há que ter um olhar especial para vê-lo.  Em cada lugar, há surpresas.  Galos e Galinhos são para mim surpresas. Tudo parte do fato de que a gente só deve buscar […]

Um sedutor distinto

Diógenes da Cunha Lima Saint-Exupéry fez da vida um exercício de sedução, entretanto, nunca foi um sedutor, um Dom Juan, que perde o interesse pelo objeto tão logo haja a conquista.  Não sabe perverter como o bíblico demônio sedutor.  Diferente do donjuanismo, ele faz permanecerem os laços, o seu comprometimento ético. Menino, conquistou a preferência […]

O Rei e o Pequeno Príncipe

Diógenes da Cunha Lima Nesta Cidade dos Reis, quase ou todos somos súditos. Em O Pequeno Príncipe, há um rei, que não tolera indisciplina, e é tão poderoso que até as estrelas lhe obedecem.  Mora no asteroide 325, tão pequeno que o manto real cobre o planeta quase inteiramente. As vestes cerimoniais exteriorizam a função. […]

O Comandante dos pássaros

Diógenes da Cunha Lima Além de ser chamado de O Senhor das Areias, Saint-Exupéry registra (1927) em cabo-Juby, na África, que os mouros dão-lhe um belo nome: O Comandante dos Pássaros. De fato, a sua vida foi a de um piloto e a de comandar pilotos, escrevendo sobre a sua experiência, emoções, imaginação, de altura […]

Desenhos do Pequeno Príncipe

Diógenes da Cunha Lima São aquarelas, bicos de pena, pastel, lápis. O escritor-desenhista Saint-Exupéry sabe unir as letras aos símbolos, integrando-os totalmente. Seu pensamento é nitidamente visual. Das suas mãos, nascem – sobre folhas soltas, guardanapos, blocos de hotel, à margem de cartas, cadernos – retratos realistas dos companheiros, caricaturas de suas irmãs, soldados, expressões […]

De baobás e flores

Diógenes da Cunha Lima As flores são efêmeras e os baobás são quase eternos. Um baobá pode viver entre três e seis mil anos. Conta-se em dias a vida de uma flor. Encantam-me igualmente a fragilidade das flores e a fortaleza dos baobás. Há quase duas décadas, venho mantendo o baobá de Natal. Não tem […]

A flor consulesa

Diógenes da Cunha Lima O amor e a poesia, se explicados, perdem o sutil, íntimo e misterioso encanto. A consulesa Consuelo Saint-Exupéry é tratada em O Pequeno Príncipe como flor, que movimenta todo o texto. A flor é mais uma prova de inexplicável amor do escritor. Saint-Exupéry, homem fascinado, reconhece os defeitos da companheira: vaidosa, […]

Apelidos e outros carinhos

Diógenes da Cunha Lima No Brasil apelido não é o nome próprio, que se diz sobre nome, mas a alcunha, a forma de identificação não oficial, reveladora de afeto. Entre nós, é um tratamento informal, geralmente utilizado em razão da característica peculiar física ou espiritual do apelidado. O apelido, normalmente facilita a comunicação principalmente quando […]

Os voos da memória

Diógenes da Cunha Lima Em plena avolescência, Ieda Pessoa Cortez, autora do livro Os voos da memória executa encantadores voos sensoriais. Não é sem razão que Ieda, em hebraico, significa “favo de mel” e é aplicado à “mulher de grande doçura”. Gaston Bachelard ensina que vivemos num tempo de distensão, tempo sem força ligante, destituído […]

Em louvor da Mulher

Diogenes da Cunha Lima O livro do Gênesis, na Bíblia, nos ilumina. Quando fez o homem, deduz-se, Deus ainda não tinha experiência em modelar seres humanos. O material usado era pobre, simplesmente barro. Com ciência divina, fez a mulher já usando matéria viva, nobre, curvilínea, o arco de uma costela. Mais tendente à linha reta, […]

A Teoria da Avolência

Diógenes Da Cunha Lima “Sou avô em plena avolescência”. (Do ensaísta, romancista, avô de Pedro, poeta José Nêumanne Pinto). Avolescência, neologismo neumaniano, ainda não faz parte da terminologia científica.  Sei, contudo, e isso me conforta, que um dia a avolescência será tão estudada nos compêndios de psicólogos e psicanalistas quanto é a fase da adolescência. […]

A Bênção, Dona Nicinha

Diógenes da Cunha Lima A triste descoberta é a de que não tenho mais a quem pedir a bênção.  Na verdade, posso pedir aos tios, mas não é a mesma coisa.  Da mãe, é uma graça do céu, em que ela é intermediária.  O ato de benzer produz efeitos bons e duradouros.  Estou convencido de […]

As muitas flores de Câmara Cascudo

Diogenes da Cunha Lima A energia de espírito do cientista político Luís da Câmara Cascudo era bem alimentada pelas flores. Imagino que considerava as flores como símbolo da vida, uma perfeição efêmera. Falávamos, um dia, sobre demonstração de saudade, e o mestre me contou o seguinte: soube do desaparecimento de seu amigo catalão mediterrâneo Eugenio […]

O Décimo Mandamento

Diógenes da Cunha Lima “Quem ama o dinheiro jamais dele se farta”. Eclesiastes 5.10. Não cobiçar as coisas alheias é ter a noção da suficiência.  É não ter obsessão pela posse de bens materiais.  A proibição mandamental vem antes da ação:  a cobiça está no pensamento ou nos sentimentos.  A lei de Deus proíbe a […]

O Nono Mandamento

Diógenes da Cunha Lima  “E quem é o teu próximo?”, pergunta formulada a Jesus. Lucas 10.2, “Meu filho, chama a inteligência para que te preserve da mulher alheia.” Provérbios 7.4.5  A mulher é a metade mais bonita da humanidade. O homem, mais frágil, por ela se encanta e não sabe pôr limites no seu querer. […]