CAUSOS MÉDICOS –

O ladrão é seu!

Velho INPS

​O colega Martinho, de João Pessoa, que segundo os amigos não tem juízo sequer para temperar um cuscuz, estava atendendo num posto de urgência do antigo INPS, quando chega um hipocondríaco, com as queixas mais variadas e desconexas:

​- Doutor dói aqui na cabeça, que responde no braço direito e aí vem e reflete no calcanhar, passando aqui pela espinhela caída, aí me dá aquela falta de ar na boca do estômago, é nessa hora que eu fico com uma coceira no sangue que não aguento…

Martinho, impaciente, arremata:

– O senhor tem INPS?

– Tenho não, senhor.

– Então só tem direito a ter uma dor. Escolha logo qual é a dor para eu passar o remédio!

Nos tempos do rádio.

​A propaganda era feita pelo próprio locutor:

​- Para os problemas do fígado, do estômago, má digestão, azia, varizes e rins tome HEPATINA NOSSA SENHORA DA PENHA. E enfatizava: EU DISSE: HEPATINA NOSSA SENHORA DA PENHA!

O locutor, que era quem fechava o contrato com o patrocinador, pediu um aumento que lhe foi negado. Ameaçou um boicote, mas o produtor da hepatina exigiu que ele cumprisse o contrato até o último dia.

– Mas, eu vou sacaneá-lo, ameaçou o locutor.

– Mas, se você mudar o texto eu lhe processo, pois temos um contrato assinado e você tem que cumpri-lo até o fim.

No dia seguinte saiu a propaganda exatamente com o mesmo texto, mas vejam a entonação do insatisfeito apresentador:

– Para os problemas do fígado, do estômago, má digestão, azia, varizes e rins tome HEPATINA NOSSA SENHORA DA PENHA. Eu disse HEPATINA? Nossa Senhora da Penha!

Dando uma coisa

​Dona Orlandina, casada com Dr. Chimbimba há mais de meio século, nunca se acostumou com as tiradas do marido. Certo dia, sentindo uma indisposição, pede socorro:

– Está me dando uma coisa!

​Dr. Chimbimba, impassível:

​- Então receba!

​- Mas é uma coisa ruim!

​- Então devolva!

O ladrão é seu!
​Um colega médico, que não se caracteriza por excesso de valentia, acordou alta madrugada com um ladrão dentro do seu quarto. Quis falar alguma coisa, mas a língua embolou e não saiu nada. Pasmo, ficou observando o gatuno sair do seu quarto para o de seus filhos.

​- Agora a conversa é diferente! Pensou com seus botões e conseguiu ficar de pé. Antes de tomar alguma atitude resolveu ser prudente e preferiu observar o homem em silêncio. E eis que a inoportuna visita sai do quarto das crianças e entra na sala. Rápido, o nosso colega fechou a porta dos aposentos dos meninos e o ladrão ficou sem ter por onde sair. A muito custo ligou para um vizinho, militar destemido e este o tranquilizou dizendo que chegaria logo. Em pouco tempo, revólver calibre 45 em punho, o militar entrou na sala e encontrou um homem acovardado, de braços para cima, pedindo por tudo para que a sua vida fosse poupada.

​- Tudo bem, falou o militar, mas teremos de levá-lo até à delegacia de polícia mais próxima.

​E apontando para o volante do carro, disse para o nosso sobressaltado colega, olhos quase saltando das órbitas:

​- Você vai dirigindo e eu vou atrás com o marginal.

​O nosso herói recusou a proposta com a frase lapidar:

​- Nada disso, o ladrão é seu! Você que o prendeu, que tome conta e dê fim a ele.

 

 

 

Armando Negreiros – Médico e Escritor
As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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