As buscas pelos foragidos da Penitenciária Federal de Mossoró na zona rural de Mossoró e de Baraúna, último município do Rio Grande do Norte a Oeste, antes da divisa com o Ceará, enfrentam dificuldades naturais da Caatinga, o bioma da região.
Mata fechada, grutas, animais peçonhentos como cobras, aranhas e escorpiões, forte insolação, calor e a época de chuva na região são alguns dos empecilhos enfrentados pelos mais de 500 agentes envolvidos na ação de recaptura.
“Embora a gente possa ter árvores com 18 ou 20 metros, o normal são árvores com média de três a cinco metros de altura, e uma área embaixo muito emaranhada, muito fechada, com espinhos, com plantas que se enrolam uma nas outras e formam verdadeiras camas de gato. E como estamos no período de chuva, a mata fica bem densa, fechada”, afirma Leonardo Brasil, gestor do Parque Nacional Furna Feia, localizado a 6,5 km ao Norte do presídio.
“A região com mata não é uma área de fácil deslocamento. Para ser rápido, tem que ser por trilhas de caçador, de gado, de ciclistas”, complementa.
Em visita a Mossoró no domingo (18), o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, alegou que a complexidade do terreno é um ponto de dificuldade para os trabalhos. Também afirmou que não há prazo para a captura dos presos.
O parque preserva uma área com mais de 8,5 mil hectares do bioma da Caatinga e ainda conta com uma zona de amortecimento que começa a 2 km do presídio, próximo à RN-015. Somada à unidade, a zona compreende 25 mil hectares, o equivalente a aproximadamente 25 mil campos de futebol. Segundo Leonardo, embora as grutas não sejam comuns em todas as áreas de caatinga do Nordeste, são uma característica da região Oeste potiguar.
Criada em 2012 e gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a unidade de conservação é a que contabiliza o maior número de cavernas por hectare, no país, segundo o gestor. São 207 grutas dentro da área de preservação, além de outras 44 no entorno, na chamada zona de amortização.
O parque possui 56% de sua área no município de Baraúna e os 44% restantes em Mossoró. Segundo o gestor, juntos, os dois municípios possuem mais de 300 grutas.
O parque e a área no entorno também contam com animais peçonhentos e felinos como a Jaguatirica. Nos lajedos de rocha calcária, é possível encontrar serpentes perigosas, como a jararaca e cascavel, que vão a esses locais em busca de presas, tais como ratos e mocós. Também há aranhas e escorpiões na área.
Segundo o Leonardo, que é biólogo, além da mata nativa, a região ainda possui fazendas de fruticultura irrigada, com plantações de mamão e banana, por exemplo, que podem ser usadas como esconderijo pelos foragidos.
O gestor declarou que as forças de segurança realizaram buscas pelos foragidos dentro da unidade de conservação, mas não confirmou se agentes continuam na área. Desde a fuga dos presos, as equipes que trabalham dentro da unidade também passaram por mudanças na rotina. As atividades de pesquisa, monitoramento e educação ambiental foram interrompidas. Os fiscais ambientais andam armados.
“No caso das atividades de manutenção e prevenção e combate a incêndio, eu pegava uma equipe de brigadistas e botava dois lá na frente, 500 metros na frente outros dois, para eles irem fazendo a manutenção da cerca. Agora a equipe está andando em grupos maiores, para evitar alguém ficar exposto. Estamos tomando cuidado maior para não deixar equipamentos em cima dos carros, trancando os carros e levando a chave junto, aumentando a atenção”, afirmou.
As buscas pelos fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) entraram, nesta terça-feira (20), no sétimo dia. Rogério Mendonça e Deibson Nascimento escaparam da unidade na madrugada do dia 14 de fevereiro. Foi a primeira fuga de um presídio de segurança máxima no Brasil desde a criação do sistema, em 2006.
Nesta segunda-feira (19), o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, autorizou o uso da Força Nacional para ajudar nas buscas. Segundo o Ministério da Justiça, serão enviados 100 homens e 20 viaturas para a região.
As equipes vão se juntar aos mais de 500 agentes, entre policiais federais, rodoviários federais – incluindo equipes de elite – e policiais locais (militares e civis) que trabalham para recapturar a dupla.
O reforço nas buscas foi pedido pelo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Passos, e acordado com a governadora do Rio Grande da Norte, Fátima Bezerra.
Entre as últimas informações sobre o possível paradeiro dos fugitivos, estão as investigações que apontaram que o último sinal obtido dos celulares que estavam sendo usados por eles foi no sábado (17), em uma área rural, perto da divisa do Rio Grande do Norte com o Ceará.
Os celulares foram roubados dos moradores de uma casa que foi invadida pelos detentos na sexta-feira (16), última vez em que eles foram vistos, na comunidade de Riacho Grande, a 3 quilômetros de distância da penitenciária. Os aparelhos celulares silenciaram desde sábado e a suspeita é de que as baterias tenham acabado.
Fonte: G1RN
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