A escola é exclusiva para o povo Jenipapo-Kanindé, destinada a pessoas a partir dos 12 anos de idade, e as inscrições estão abertas. A formação será por módulos e terá duração de três anos, com aulas gratuitas e quinzenais, aos fins de semana. O projeto tem apoio da Secretaria da Cultura do Ceará.
Para ela, a introdução da tecnologia na cultura indígena é uma possibilidade de preservar a memória para além da tradição oral, e também um instrumento de luta.
“A gente foi buscar esse conhecimento também por causa da dificuldade de contato com a mídia. É como se nossa população fosse invisível. Vimos que seria importante nós mesmos fazermos nossos vídeos e fazer divulgação nas redes sociais. Bastava que a gente começasse a estudar e aprender”, comenta.
Coordenador pedagógico da escola, Henrique Dídimo explica que a metodologia das aulas vai misturar conhecimentos técnicos de cinema e audiovisual aos conhecimentos tradicionais indígenas.
Dídimo lembra que a história do índio é quase sempre contada pelo olhar do homem branco, e a escola vem para dar protagonismo ao povo indígena a partir do seu próprio ponto de vista.
“É o olhar deles sendo colocado agora. A Cacique Pequena quer registrar as tradições e a trajetória do povo dela. E, em um nível mais poético, ela tem momentos de transe na mata, mas depois esquece, então eles [o povo jenipapo-kanindé] gravam pra depois ver. O audiovisual é bom pra captar esse tipo de coisas”, comenta o coordenador do projeto.
Cacique Pequena é a líder dos índios jenipapo-kanindé, e a primeira mulher representante de uma tribo indígena no Ceará.
Ao longo do curso, os alunos vão produzir curta-metragens, vídeo-cartas e outros materiais em audiovisual, conforme o nível dos módulos de estudo. Ao final, será realizado um documentário sobre o povo jenipapo-kanindé.
Fonte: G1