Jansen Leiros*
A madrugada parecia ter-se acomodado e adormecido a sono solto! Os que dormiam, projetavam-se nas regiões oníricas e caminhavam pelas veredas dos sonhos, sonhando que sonhavam.
Essa era a suposição dos que assim observavam as cenas, surgidas e mergulhadas em seus cenários, acomodados às projeções do passado, como se simplesmente prosseguissem aleatoriamente pelos caminhos do ontem, vivenciando as sensações do reconforto que consegue abrigar desejos e os sonhos projetados nas telas do amanhecer.
Essas são imagens que veem lá do mais profundo das almas sonhadoras, mas que dificilmente chegam à tona, como se frustradas as alegrias sonhadas.
Certa vez, despertei de um desses sonhos e, para ter certeza de que estava acordado, apalpei-me para ter essa convicção. Mas, para minha tristeza, eu ainda sonhava pelos caminhos de uma noite infindável, onde as imagens eram elaboradas a partir de desejos que não se concretizavam nunca.
Esse era um despertar que trazia frustrações! Sim! Muitas tristezas; Inaceitáveis! Inconcebíveis; quaisquer que fossem as dimensões em que se apresentassem;
Essas,são cenas de um mundo de sonhos! Um mundo que não parecia estar desperto!
Mas, o dia começara a dar o ar de sua graça! As barras do horizonte se iam chegando para clarear as nuvens, como o canto de um amanhecer que se sonorizava ou de um dia que amanhecesse projetando luz!
Certa madrugada, as barras da manhã começaram a despertar gaivotas, cujos agudos projetavam os raios de um sol nascente e, com ele, o caminhar dolente das mucamas despertas para o amor, plangente, brindando o sol, o dia e o tilintar das taças, envolventes e envolvidas, beijos ardentes, docemente, sonhando um penetrar profundo, de orgasmos.
E um gingar, em ritmo de ejaculações, se projetava num quase alucinar, no contorcer de corpos agitados, sonhando sonhos de eterno gozar, quase alucinatório.
E foi assim que o mundo de meus sonhos me acudiu para o despertar, abrindo os olhos já tão bem distantes, me conduzindo para o acordar silente, mas prazeroso…envolvente…
E, antes que despertasse, ouvi a voz interior que me dizia assim:
Sonhos, após sonhos, só me rodeavam
E me envolviam p’ra não acordar
Me remetendo para o mundo onírico,
Aquele mundo do não despertar.
Mas o meu Sol, que me vitaliza,
Que me energiza, para o levantar
É o mesmo Sol que me revigora
Que me abre os olhos
E me faz andar.
E já desperto para o novo dia
Verticalizo o corpo! Vou caminhar!
Saudando o Sol,
Saudando o novo dia,
Saudando a VIDA
E o verbo A M A R.
Jansen Leiros, Escritor, membro do Instituto Histórico e Geográfico do RN.