O Rio Grande do Norte celebra nesta quarta-feira (19) o centenário de Dona Militana, que foi considerada a maior romanceira do país.
Militana Salustino do Nascimento, nasceu no sítio Oiteiros, na comunidade de Santo Antônio dos Barreiros, em São Gonçalo do Amarante, em 19 de março de 1925. O município fica na região metropolitana de Natal.
A romanceira era filha do Mestre do Fandango, Sr. Atanásio Salustino do Nascimento e de Maria Militana do Nascimento. Durante sua vida, cantou versos e histórias, inclusive da cultura medieval.
Apesar de analfabeta e de ser proibida de cantar pelo pai, durante o trabalho na roça, ela memorizou um considerável acervo de romances que fez dela uma enciclopédia viva da cultura popular. As histórias eram originárias de uma cultura medieval e ibérica, que narravam os feitos de bravos guerreiros e contam histórias de reis, princesas, duques e duquesas.
Em setembro de 2005, em Brasília, ela recebeu das mãos do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Comenda Máxima da Cultura Popular, sendo considerada a principal e última guardiã do romanceiro medieval nordestino.
Dona Militana morreu em 2010 e suas memórias estão expostas no Museu Municipal de São Gonçalo do Amarante.
Além de romances, Militana cantava modinhas, coco, xácaras, moirão, toadas de boi, aboios e fandangos, numa cadência que lembrava o cantochão, com ritmo baseado na acentuação e nas divisões do fraseado.
Na maioria das vezes, as narrativas cantadas eram histórias trágicas, como a do “Conde de Amarante”, em que a esposa chora a ausência do marido, enquanto dá ao filho “o leite da amargura” e se despede da vida. Outros romances, como “Nau Catarineta”, traziam poesias de terras distantes, desconhecidas, lugares por onde Militana navegava com a memória e a imaginação.
Na década de 1990, o folclorista Deífilo Gurgel conheceu os cantos de Dona Militana e permitiu que o país inteiro conhecesse o talento dela. A romanceira chegou a gravar um CD triplo intitulado “Cantares”, lançado em São Paulo e Rio de Janeiro.
Na época, críticos e jornalistas de grandes jornais brasileiros se renderam aos encantos e a peculiaridade da voz de Dona Militana.
Segundo a artesã Benedita Nascimento, Dona Militana quase se chamou Maria José. Isso porque ela nasceu no dia de São José e o pai dela queria nomeá-la em homenagem ao santo.
“A irmã dele, que era madrinha de mamãe, botou o nome de Militana. Meu avô disse: ‘botou esse nome, mas eu só chamo de Maria José’. E todo mundo chamava ela de Maria José. Só foi descoberto depois que levaram ela para Natal, que o nome dela era mesmo Militana”, conta a filha.
“Mamãe cantava muito pra gente quando a gente estava trabalhando, fazendo cesta e a gente tudo ali ajudando ela, trabalhando com ela. Apesar dela não não ter estudo, mamãe sempre dizia que o caderno dela era terra, o lápis era enxada, mas ela aprendeu tudo ali, trabalhando com meu avô na roça, na mata, cortando várias estacas, plantando roçado, fazendo cesta”, afirmou.
Em comemoração ao centenário de Militana, a exposição “Dona Militana: tradução estética de narrativas da romanceira potiguar” está aberta ao público até o dia 28 de março na Pinacoteca do Estado, em Natal. A entrada é gratuita.
A realização da exposição é da Editora da UFRN (EDUFRN), e tem curadoria de Angela Almeida, Rafael Sordi Campos e Marcos Paulo Pereira. As fotografias de Dona Militana são de autoria de Wagner Varela e os desenhos de grupo folclórico de São Gonçalo são de autoria de Carlos Sérgio Borges.
O evento conta ainda com a participação de Zé Santana, Zé da Palha e Dona Benedita (filha de Dona Militana), artesãos de São Gonçalo do Amarante.
A exposição se inspira no livro “Dona Militana: tradução estética de narrativas da romanceira potiguar”, de Angela Almeida, publicado pela Editora da UFRN em 2024. O livro está disponível gratuitamente neste link.
Fonte: G1RN
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