CHEGA DE TURISTAS, PROIBIÇÕES E MULTAS –
Parece estranho, mas atualmente verifica-se em alguns países rejeição ao turismo.
Alega-se que a chamada “turismofobia” (excesso de turistas) causa prejuízo ao meio ambiente.
A outrora desejada presença dos visitantes, começa a transformar-se em aversão.
Em Barcelona, moradores já realizaram vários protestos contra o turismo de massa.
Habitantes levavam placas, com inscrições como: “Turista sua viagem de luxo; minha miséria diária”.
Alguns restaurantes da cidade não atendem clientes sozinhos, pois as mesas só estão liberadas para almoços e jantares dos turistas.
Parte da população nativa começa a comparar a atividade turística com as espécies invasoras, predadoras, perigosas para a conservação do habitat.
As ilhas Baleares (Centro-Oeste do Mediterrâneo Ocidental) compreendem três ilhas maiores (Maiorca, Minorca e Ibiza).
A orientação é conter o turismo pelos danos causados aos serviços públicos.
Cada turista consome 278 litros de água por dia, diante 105 litros dos habitantes locais.
Cerca de 14 milhões de turistas passam pelas Baleares, a cada ano.
Na França, a lei estabelece limite de ganhos com o turismo ecológico.
Para usufruir dos benefícios fiscais da política agrícola, os ganhos com o agro turismo não podem ultrapassar a cifra de 10 % do total das receitas.
Agro turismo envolve qualquer operação ou atividade agrícola, que conduza visitantes a uma fazenda.
A França é o maior mercado turístico do mundo, com 67 milhões de visitantes.
A presença massificante de turistas não é uma questão ideológica de esquerda ou direita, mas matéria de princípios.
A estimativa para 2030 é de 1,8 bilhão de turistas no mundo.
Amsterdam, Polinésia Francesa, Galápagos, Dubrovnik, Butão e tantos outros lugares impõem limites ao número de turistas.
Veneza cobrará, a partir de 2024, uma taxa de 5 euros aos visitantes que permanecerem apenas um dia na cidade.
A ilha grega de Santorini, na Grécia, não cabe nem mais cruzeiro, nem um turista.
No último verão, chegaram 15.000 cruzeiristas por dia.
Mesmo diante desses fatos, a tendência é o aumento do turismo.
Por exemplo, o número de passageiros das companhias aéreas vai mais que dobrar em dez anos, passando para 8,2 bilhões em 2028.
A participação do turismo no PIB mundial passará dos atuais 10,4% para 11,7%, em 2028.
O turismo tem seus prós e contras.
Do negócio turístico vive mais de 11% da humanidade e em algumas regiões representa até 50% do PIB.
Tradicionalmente, as políticas públicas de turismo são apenas de atração de massas e aumento de mercados.
Entretanto, a tendência será colocar como prioridade a valorização dos costumes locais, promovendo o respeito mútuo e a compreensão entre diferentes povos.
O turismo permite o conhecimento de novos espaços e vivências, proporcionando maior contato com outras culturas e o desenvolvimento de novas relações sociais.
Para alcançar tais objetivos, a tendência será colocar como prioridade a valorização dos costumes locais, melhoria da qualidade de vida da população autóctone, especialmente na geração de emprego e renda.
Diante dessa nova realidade, fica o “recado” para o governo brasileiro, na hora em que o turismo terá um novo ministro.
No planeamento futuro será fundamental o investimento em ações, que garantam segurança, saúde e boas condições sanitárias à população; preservação do meio ambiente e do patrimônio histórico e cultural; investimentos em áreas de convivência e lazer, e oportunidades de aperfeiçoamento das profissões.
Tais metas, tornarão o nosso turismo instrumento de efetivo de desenvolvimento econômico e também social.
Ney Lopes – jornalista, advogado, ex-deputado federal; ex-presidente do Parlamento Latino-Americano, procurador federal – [email protected]