Os chilenos vão às urnas nesse domingo (21) para escolher um novo presidente, senadores, deputados e conselheiros regionais. São mais de 4.400 candidatos para 485 cargos eletivos.
A votação começou às 7h30 e está prevista para acabar às 17h30.
A eleição presidencial deve ir para o segundo turno, entre o candidato da extrema direita José Antonio Kast e o da esqueda Gabriel Boric.
Será a primeira vez em 16 anos que nem Sebastián Piñera nem Michelle Bachelet são candidatos a presidente do Chile.
Piñera é o atual presidente, mas enfrenta forte rejeição popular e acabou de escapar de um processo de impeachment. Bachelet é hoje alta comissária da ONU para os Direitos Humanos.
Veja abaixo uma lista dos candidatos à Presidência do Chile e qual é a intenção de votos de cada um na pesquisa Plaza Pública feita no dia 5:
O voto é facultativo no país, e nas últimas duas grandes eleições a participação não passou de 50% do total de eleitores.
Em 2017, quando Sebastián Piñera foi eleito, a participação eleitoral foi de 46% no primeiro turno e 48% no segundo.
Para o Senado, onde o mandato é de oito anos, a eleição deste domingo só acontecerá em nove das dezesseis regiões do país.
José Antonio Kast é um advogado conservador e representa a extrema direita. Em seu programa presidencial, ele propõe diminuir a presença do Estado nas instituições, reduzir impostos, privatizar empresas estatais e eliminar o Ministério da Mulher e da Equidade de Gênero.
Contrário ao aborto, Kast já divulgou fake news sobre o tema.
Ele é filho de imigrantes alemães que chegaram ao Chile em 1951 e sua família tinha uma fábrica de linguiças e uma rede de restaurantes.
Kast concorreu na eleição de 2017 e ficou na quarta colocação, com 7,93% dos votos. Ele foi do partido ultraconservador União Democrática Independente durante 20 anos e, em 2019, criou o Partido Republicano.
Gabriel Boric tem 35 anos e é o candidato da aliança de esquerda, que reúne o Partido Comunista e a Frente Ampla.
Em sua campanha, ele tem defendido um modelo de Estado semelhante ao de bem-estar social de alguns países europeus. Ele também propõe a criação de uma aposentadoria mínima de 250 mil pesos (cerca de R$ 1,7 mil).
O sistema seria financiado pela contribuição dos trabalhadores em atividade. Os trabalhadores da ativa pagam 10% atualmente, e Boric diz que a ideia seria aumentar gradativamente essa contribuição até 18% (e que uma parte do encargo seria pago pelo empregador).
Sebastián Sichel tem 44 anos e é o candidato do governo Piñera. Na economia, defende o mercado livre aliado a um Estado forte.
Para ele, o modelo de Previdência seria parecido com o atual, mas iria quebrar o oligopólio dos atuais administradores de fundos de pensão para aumentar a competição. Ele diz que o modelo que ele prefere é algo parecido com o que existe na Austrália.
Yasna Provoste tem 51 anos e é a candidata dos democratas-cristãos. Ela é senadora atualmente e já foi ministra do ex-presidente Ricardo Lagos e de Michelle Bachelet. Uma das suas mais populares promessas de campanha é o reajuste do salário base dos professores.
Em seu programa eleitoral, ela prevê a criação de mais empresas públicas. Ela também acha que é necessário ter um plano de transição para o país pós-crise da Covid-19 e que visa neutralizar parte do impacto causado na economia pelos protestos sociais que eclodiram no país desde outubro de 2019.
Franco Parisi, candidato de direita, mora nos Estados Unidos e não pisou no Chile durante a campanha presidencial. Ele tem uma dívida de pensão alimentícia que já ultrapassa os 207 milhões de pesos chilenos (cerca de R$ 1,3 milhão).
Kast e Boric devem ir para o segundo turno e o vencedor será quem tiver a menor rejeição, segundo o cientista político Javier Sajuria.
“O voto contra o Kast é possível, mas Boric e o Partido Comunista [que o apoia] também têm que enfrentar uma rejeição – não será imprevisível se, no segundo turno, a direita usar o apoio que o Partido Comunista dá a Boric”, afirma Sajuria.
Após a ditadura de Augusto Pinochet, a democracia chilena teve anos de governos moderados que eram apoiados por uma coalizão ampla. Mas isso se enfraqueceu, diz o cientista político.
“Por um lado, houve um desgaste de uma coalizão que ficou 20 anos no poder, pois é difícil evitar más pratica políticas durante tanto tempo”, afirma Sajuria.
“Além disso, há uma noção, de que nos anos da Concertación [nome da coalizão] havia uma política mais moderada que era considerada capitalista ou liberal e que havia pouco questionamento a esse modelo.”
Apesar de o próximo presidente não estar envolvido diretamente na elaboração da nova Constituição, o plebiscito para aprová-la vai ocorrer no mandato de quem for eleito neste ano – e o próximo presidente pode influenciar na votação, diz Sajuria.
Kast já disse que, se houver algo que o desagrade, fará isso.
“Uma vez aprovada a Constituição, há uma série de reformas que precisam ser feitas para que o texto funcione de fato. Isso poderá levar anos ou ser mais rápido e vai requerer muita agilidade e habilidade do Executivo”, afirma o cientista político.
Fonte: G1
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