Dalton Mello de Andrade
Não quis acreditar. Sinceramente, fiquei chocado com a notícia. O Rio Grande do Sul, um estado rico, industrializado, agropecuária efervescente, população educada e trabalhadora, se vê na contingência de ter o salário de seus servidores pagos à prestação. Segundo a TV e os jornais, o governo vai pagar integralmente quem ganha até R$2.150; os demais, terão seus salários divididos em três parcelas.
O RS tem sido governado pelo PT quase ininterruptamente, nos últimos vinte, vinte cinco anos. Dois dos seus dirigentes petistas ficaram notórios. Um bigodudo que lembra mexicano de filmes de faroeste, Olívio Dutra, conseguiu impedir a Ford de instalar uma fábrica em seu Estado. Por ideologia e razões políticas, enquanto todos os demais Estados tentavam atraí-la. A Ford foi para a Bahia e criou um sem número de empregos. Modelo de administração, sem dúvida. O outro, que foi um desastroso ministro da Justiça de Lula, com decisões controversas, Tarso Genro, foi tão ruim como governador que não conseguiu a reeleição. Dois péssimos governos, que primaram pelo desmantelo da economia. Isso sim é herança maldita. Onde o PT é gestão, não sobra um tostão. Há exceções, claro, poucas, mas há. O RS paga hoje o preço de ter sido governado por petistas durante tanto tempo. Sempre colocam sua ideologia à frente dos interesses do povo.
Quanto ao país, por sua vez, com uma economia em declínio constante, perspectivas de melhoria distantes, um governo perdido e um Congresso sem visão de Nação, fico pensando – onde vamos parar? O que mais me preocupa, e acho que a todos com um mínimo de bom senso, é a indiferença na busca de soluções concretas. É a ignorância e falta de compreensão sobre a real situação do país. É assistir diariamente esses movimentos, oriundos de todos os lados, por aumento de despesas de todos os tipos, salários (em alguns casos até justos), emendas parlamentares, investimentos não urgentes, tudo sem indicar fontes de receita. Ao mesmo tempo, desestimulam investimentos, com medidas prejudiciais à iniciativa privada, com dificuldades burocráticas crescentes, aumento de impostos e de juros, levando obstáculos quase intransponíveis a quem ainda pensa em investir por aqui. O desastre está logo ali, na primeira curva. Está logo ali não, já está.
E todo dia inventam novidades. Inventaram agora uma nova legislação, tentando atrair brasileiros que têm dinheiro no exterior para que o tragam de volta. É bem possível que uma boa parcela desse dinheiro tenha tido origem duvidosa. Seria uma oportunidade de legalizá-lo. Os demais recursos estariam legalmente lá fora. É o caso de perguntar, se você fosse o dono desse dinheiro, mesmo o ilegal, o traria de volta para o Brasil de hoje? Confiaria nesse governo que está de plantão? Antigamente, se costumava dizer que o Brasil crescia à noite, enquanto o governo dormia. Hoje, o governo não dorme mais. O plantão é permanente. E que plantão!
A única coisa certa por aqui é a incerteza.
Dalton Mello de Andrade, Ex-secretário da Educação do RN