CINEMA – 

Período de férias e todos pensando em como preencher os dias com uma nova rotina sem rotina. Chegamos aos shoppings da cidade e vemos uma multidão de pequeninas pessoas falando alto e puxando pessoas maiores pelos braços. Relações de pais e filhos. Algumas crianças parecem nunca ter ouvido um “Não” e gritam a plenos pulmões suas vontades, até, enfim!, serem realizadas. Outras sentam nos colos de seus cuidadores e beijam suas bochechas enquanto aguardam passivamente os lanches saírem. São uns fofos!

Vemos bolas de sorvetes no chão, papéis de lojas de brinquedos em quantidades absurdas (assim como seus preços!), embalagens de chocolates jogadas em qualquer lugar e me pergunto se as famílias devem educar ou se elas aguardam que isso seja responsabilidade das escolas. Ainda acredito que seja nossa…

Digo e repito que nossa geração (40+) apresenta grande dificuldade em educar a geração de nossos filhos. Somos a última geração que não cresceu se expondo nas redes sociais (e aprendemos rapidamente a fazer isso), que brincava nas ruas dos bairros (proibimos nossos filhos de fazer isso por causa da violência, substituindo os amigos reais pelos virtuais da internet, como se isso fosse mais seguro…), que não tinha shoppings na cidade (passeávamos pelas ruas do centro da cidade, entre as Americanas e loja Chung), não tínhamos celulares (tínhamos hora marcada para chegar e usávamos os orelhões para comunicar algum imprevisto) e pegávamos ônibus para ir e vir da escola (Uber? Não é do nosso tempo!).

Nós sabíamos o que era McDonald’s pela TV, assim como caramelos Dadinho (no programa do Bozo – SBT) e nossos cadernos tinham capas de motoqueiros ou surfistas, geralmente com modelos que não sabíamos os nomes. Víamos novelas da Globo e da Manchete (mesmo nas férias) e aguardávamos ANSIOSAMENTE os próximos filmes dos Trapalhões e da Xuxa, que marcavam nossas férias (geralmente era o auge da programação de julho ou janeiro), enquanto pedíamos “Bença, pai! Bença, mãe!” Ao acordar e ao dormir.

O que estamos fazendo com nossas crianças?

 

 

Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista, autora de O diário de uma gordinha, Escritora

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