Adauto José de Carvalho Filho
Uma nação que perdeu a honra. Um Estado que perdeu a moral. Uma sociedade que se vê desmoralizada pela pesada estrutura dos poderes da República e suas autoridades sem estatura e brios e que ainda se buscam em demagogias desprezíveis visando, a todo custo, manter o “status quo” que ainda se acham detentores e se negam a enfrentar a sociedade e a fornecer as explicações que a gravidade dos fatos exigem. E nessa desfarçatez não se isenta poder ou poderoso, com todos os riscos que uma generalização pode cometer, mas que, lentamente, começa a se definir os poucos bons. O Juiz Moro e sua força tarefa, mesmo conscientes dos entraves que enfrentam, estão mudando a face da impunidade que reinava absoluto e em estreito sigilo da compadria entre os poderes. A Ministra do Superior Tribunal Federal Carmem Lúcia, em seu voto em um dos muitos processos envolvendo altas autoridades deu um banho de brasilidade e cidadania e um alento à sociedade: “O crime não superará a justiça”.
Uma frase simples mostra o tamanho do imbróglio que tomou de assalto o poder estabelecido brasileiro e o silêncio covarde de nossas autoridades e, pior, as tentativas constantes de enganações, falsidades e falsos gritos de guerra. O país vive um momento onde o mal parece vencer o bem, mas, o erro de todo poder é se achar poder demais, e os Sérgios e as Carmens vão surgindo e se multiplicando e os criminosos começam a se desesperar. Esse pequeno artigo pode parecer exagerado e tendencioso, mas, na verdade, apenas reflete as verdades que todos sabem ou deveriam saber se as nossas autoridades tivessem o mínimo de decoro e brasilidade e consciência de que compete ao Estado e seus mandatários a promoção do bem estar social e, em nenhum momento, permite a confusão entre o público e o privado, embora o que se ouve ou se toma conhecimento, de forma certa ou errada, o a mais perversa inversão dos pressupostos constitucionais e o mais espetacular saque ao erário público desavergonhadamente. As nossas autoridades não se candidataram para o exercício das competências dos cargos que disputaram, mas para a mais inescrupulosa mercancia da rês pública. São autoridades e saqueadores.
Os últimos dias mostram o tamanho da “furada” em que estamos. Uma presidente nula e sem liderança; um ex-presidente que continua influente e fica fazendo discursos raivosos para meia dúzia de petistas por temer uma aparição pública; todas as autoridades na linha de sucessão estão sob a mira de investigação ou tem menos liderança do que a presidente; Na Comissão de Ética do Senado o maior índice de componentes é de denunciados; o país segue para o estado falimentar por falta de atitudes governamentais; os desmandos substituíram os comandos e a desfaçatez, a atitude cabível; idiotas assumem o papel de profetas ou de justiceiros e a hipocrisia fecha o cerco sem a menor possibilidade de mudança; a operação lava a jato estão tão rápida que em breve vai faltar parlamentar para ser denunciado, o governo não delibera, libera; o parlamento não legisla, destila medo, o judiciário não sentencia, fica na dúvida a quem o crime premia; um Senador derrapou na sola dos próprios sapatos e entrou em desespero quando se sentiu abandonado; a mulher, mais macho do que ele, mandou que abrisse a boca e denunciasse a corja; todo mundo é cúmplice, inclusive o cidadão por ter votado em figuras tão depravadas; policial federal brasileiro é japonês e já foi preso pela própria PF e o Deputado Jean Wyllys quer ser o protagonista do próximo beijo de Gagliasso e por aí vai.
Uma pergunta é inevitável: o que falta para virar zona? O que? Luzes vermelhas? O famoso prédio do legislativo, com dois cuscuz, por acaso ou não, fez a decoração natalina na cor vermelha, na tonalidade da túnica de Papai Noel. Só não entendi a tonalidade. Papai Noel se veste com aquela tonalidade e sai distribuindo presentes com crianças pobres e o parlamento faz das crianças pobres uma forma de receber mais poder e merecer a tonalidade que algum iluminado escolheu para o prédio do Congresso Nacional: o palácio das luzes vermelhas… Sim uma alusão em homenagem às meninas, que como eles, são públicas e dão o que lhe pertence e eles tiram das meninas o que não lhes pertence, a profissão e o colorido do point de encontros. E tudo está só no começo. Vem um caminhão carregado de abacaxi por aí. Em nome de quem está o destinatário. Advinha, você, eu e os milhões de cidadãos brasileiros.
Adauto José de Carvalho Filho – AFRFB aposentado, pedagogo, Contador, Bacharel em Direito, Consultor de Empresas, Escritor e poeta.