CIÚME E VINGANÇA –
Mesmo cansado de pecar com outras mulheres Jesualdo frequentemente reclama das crises de ciúmes de Generosa. Falou que outro dia, ela o abordou questionando para onde estava indo? Escovar os dentes respondeu. Então perguntou novamente: por que? Porque acabei de comer, foi quando sua esposa emendou: quem? Ele simplesmente calou.
Às vezes fico sem jeito, falou ele, é desconfiança todos os momentos, chego até a acreditar que na vingança e no amor a mulher é mais bárbara que o homem.
Mas fatos me mostram, ser Germínia sua sobrinha, a perigosa da família, pois várias foram as oportunidades em que aprontou com seus parceiros do momento.
Foi assim, de caso pensado, que Germínia foi a revanche com o namorado e uma velha amiga, ao mesmo tempo. Ela já se relacionava com o garoto há quase dois anos e estavam praticamente morando juntos, pois tinham alugado um apartamento para os finais de semana, e sentia que ele e a sua colega de infância não se davam bem. Pareciam somente se tolerar, poucas vezes conversando.
Certo dia Germínia viajou a trabalho até a cidade de Santana do Ipanema, devendo retornar somente no dia seguinte. Ao passar em Arapiraca verificou haver esquecido em Maceió, a pasta com todo o material do cliente. Retornou quase duzentos quilômetros para buscá-la.
Ao abrir a porta do apartamento ouviu a risada familiar da melhor amiga. Sem fazer barulho, aproximou-se do quarto e enxergou os dois sem roupas se divertindo, e aberto ao lado, o manual erótico de Kama Sutra que ela o havia presenteado dias antes.
Gritar, espernear, matar, foi o pensamento que veio à cabeça de Germínia. Mas começou a armar a vingança. Usando o celular fez fotos dos dois nas mais variadas posições. Depois, retirou-se do local sem ser notada e viajou, trabalhou e voltou. Sempre maquinando em como dar o troco.
Decidiu pelo mais simples: colocou na internet, as fotos dos dois amantes na cama, em posições extravagantes, com a frase: “Cuidado, o próximo a ser traído poderá ser você. Mantenha distância deles”. Foi uma loucura.
Em outra oportunidade Germínia começou a notar o namorado da hora, meio distante, então começou a seguir o futuro marido, descobrindo que ele andava frequentando um endereço desconhecido, foi quando o viu sair do local abraçadinho com uma loira. O flagrante poderia ter sido o ponto final do relacionamento, mas ela achou que o moço não poderia sair ileso da relação, depois de tê-la magoado tanto.
Germínia acompanhou a rotina do novo casal, municiou-se de um prego e, quando o carro do ex – uma Land Rover que ele adorava – estava estacionado na frente do prédio da outra, ela calmamente foi até o veículo e riscou-o o quanto pode, com toda a força que dispunha.
Foi quando Jesualdo a perguntou o motivo de tanta brabeza. Ela simplesmente respondeu: -tio, homem não gosta de mulher “eira”: trabalhadeira, cozinheira, costureira, lavadeira, arrumadeira. Eles só apreciam periguetes “osa”: preguiçosa, dengosa, gostosa, gastosa (que gasta muito).
Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras