O cloreto de sódio lidera o ranking dos 15 princípios ativos mais presente nos produtos comercializadas em 2023 no mercado farmacêutico brasileiro, de acordo com o Anuário Estatístico do Mercado Farmacêutico 2023, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
O princípio ativo é nada menos do que o popular sal, o sal de cozinha: um composto químico formado por 60% de cloreto e 40% de sódio. Ele é normalmente encontrado em medicamentos sob a forma de soluções – como o soro fisiológico (NaCl 0,9%), com concentração de 0,9% junto a água estéril, e também em descongestionantes nasais.
Na saúde, o cloreto de sódio é muito usado em casos de desidratação, distúrbios metabólicos e carência de sódio – quando há necessidade de reposição de líquidos e eletrólitos no organismo. As soluções fisiológicas que costumam “imitar” os fluidos corporais apresentam concentração 0,9% de cloreto de sódio. Nessa proporção, a substância está presente nos frascos de soros e como diluentes de medicamentos injetáveis.
As diversas concentrações apresentam indicações diferentes – desde um soro para lavagem de uma ferida a um repositor eletrolítico em casos de diarreia. Fora do ambiente hospitalar, há um grande consumo de cloreto de sódio como descongestionante nasal ou lavagem nasal.
Essa ampla forma de utilização, com diversas indicações, contribui para que este princípio ativo alcance o primeiro lugar no ranking das substâncias presentes nas embalagens mais comercializadas no mercado farmacêutico, segunda a professora de farmácia das Faculdades Metropolitanas Unidas Maria Fernanda Salomão.
“O cloreto de sódio em concentração de 0,9% pode ser administrado em grande volume em pacientes que precisam de hidratação de imediato. Uma diarreia ou um acidente com perda muito grande de sangue”, acrescenta o professor de química farmacêutica Jairo Sotero.
O cloreto de sódio é formado na proporção de um átomo de cloro para cada átomo de sódio e é considerado um medicamento essencial. Ele está, inclusive, presente na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), segundo a Médica Nefrologista e Pesquisadora da Unidades de Hipertensão Arterial da Nefrologia do InCor e Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP Andrea Pio de Abreu.
O soro fisiológico, especificamente, pode ser usado para:
⚠️ Os DESCONGESTIONANTES NASAIS pediátricos utilizados são exclusivamente compostos de cloreto de sódio. Porém, nos medicamentos para adultos, eles são adicionados a outras substâncias que visam potencializar sua ação. Por isso, a população em geral que utiliza os descongestionantes nasais pensando estar utilizando o soro fisiológico precisa prestar atenção aos componentes.
⚠️ Os descongestionantes nasais devem ser evitados por pacientes hipertensos, com doença renal crônica ou não, e precisam ser usados apenas sob prescrição médica, pois possuem vasoconstritores locais diluídos no soro fisiológico.
Esse tipo de medicamento pode gerar efeitos colaterais graves em bebês, como: bradicardia, sonolência excessiva, palidez e sudorese. Em adultos, podem gerar uma sensação de descongestão imediata, mas o uso incorreto ou prolongado destes medicamentos gera uma obstrução nasal rebote, conhecida como rinite medicamentosa, alerta Fausto Yoshio Matsumoto, membro do Departamento Científico de Rinite da ASBAI – Associação Brasileira de Alergia e Imunologia.
O uso do descongestionante nasal não é considerado um tratamento para pacientes com rinite, pois existem outros medicamentos mais eficientes para o controle de sintomas. Seu uso excessivo pode dificultar o diagnóstico de casos específicos de câncer de cavidade nasal e seios paranasais.
O uso do soro fisiológico puro não causa danos, mas se a lavagem nasal for feita da maneira errada, pode gerar complicações graves, principalmente em crianças. A principal é a otite média aguda, decorrente do acúmulo de secreção no ouvido médio.
Confira dicas para fazer a lavagem nasal corretamente:
Entenda observações importantes sobre a lavagem nasal com soro fisiológico:
“Apesar da lavagem nasal ser, em geral, um tratamento de baixo risco e poucos efeitos colaterais, o paciente deve ter a anatomia nasal avaliada antes da indicação da lavagem, uma vez que alterações anatômicas (como um desvio acentuado do septo nasal, hipertrofia adenoideana acentuada e presença de lesões) podem dificultar a realização do procedimento e aumentar a chance de complicações”, alerta Matsumoto.
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