CODID-19 O PRESENTE E O FUTURO –
Fazendo a releitura de um artigo meu publicado neste espaço em 21 de fevereiro sobre o quadro pandêmico, sua evolução e perspectivas, novamente algumas preocupações me fazem voltar ao tema.
O panorama atual, apesar do lento avanço da vacinação, é completamente diferente da situação crítica em que estavamos.
Temos hoje uma queda considerável da ocupação de leitos críticos, uma curva descendente da média móvel, ainda em patamar elevado, e as atividades voltando ao seu novo normal com liberação mais acentuada das restrições impostas.
É certo que a economia não suportaria por mais tempo restrições severas muito embora, alguns protocolos de segurança sanitária devem permanecer por conta do baixo índice de vacinação.
Temos visto ao redor do mundo nova elevação de casos e internações por conta da nova cepa Delta e providências mais severas sendo tomadas quanto o distanciamento social.
Já temos estudo, publicado pelo New England Journal of Medicine, sobre as vacinas frente a essa nova ameaça em que os resultados demonstram queda na eficácia em certa proporção.
Os estudos envolvem as vacinas Oxford e Pfizer que reafirmam proteção contra a cepa Delta com eficácia de 67% e 88% respectivamente.
Quanto a Coronavac ainda não temos nenhum estudo que possa nos mostrar sua eficácia frente a essa variante muito embora, conforme anúncio do Instituto Butatã, já está sendo iniciado.
Algumas medidas que haviam extendido o prazo da segunda dose da vacina já são abandonadas e se retoma o intervalo recomendado pelos fabricantes.
Estudo recente divulgado pelo governo chileno indica perda de eficácia das vacinas Pfizer e Coronavac porém, a proteção para desenvolvimento de casos mais graves e mortes é mantida.
Outro fato relevante, observado no Chile, é o anuncio do início da aplicação da terceira dose da Coronavac como reforço por conta da perda mais acentuada da efetividade com o passar do tempo.
Uma recente notícia veio corroborar com o que argumentei em meu artigo anterior sobre o assunto, a comunidade científica já se movimenta para readequação das vacinas com o foco principal na variação Delta.
Com todo esse preâmbulo sobre o assunto vou colocar as questões que ainda me preocupam e, acredito eu, sejam as mesmas da grande maioria das pessoas comuns.
A primeira questão que coloco é quanto a durabilidade, ainda não bem definida, da eficácia das vacinas, para mim uma questão relevante face ao baixo índice de vacinação da população brasileira. Tomando-se por base os acontecimentos e decisão tomada em país vizinho, de reforçar a dose da Coronavac, já estaríamos na mesma situação para os que primeiro foram vacinados. Sem contar que a Pfizer já desenvolve estudo para aplicação de dose de reforço mesmo sendo a vacina que possui alta eficácia.
A segunda questão é quanto aos protocolos sanitários que, em função da liberação das atividades, deverão ser seguidos e monitorados com mais rigor. Não percebo ações efetivas para informar sobre a manutenção e fiscalização dos protocolos já definidos, bem como outros que possam ser implementados como por exemplo, teste em massa da população, que deveria estar sendo feito, para confinamento dos eventuais casos positivos, sintomáticos ou não.
A terceira questão é quanto à lentidão da vacinação e a criação de tantos outros grupos de risco devido a pressões de classes trabalhistas, isto vem a tumultuar o plano de vacinação inicialmente estabelecido.
É imperativo aumentar a quantidade de vacinas disponíveis no menor tempo possível uma vez que, ainda estamos com pouco mais de quarto da população com duas doses aplicadas (28,7%), isso é propício à propagação da nova variante que é extremamente mais contagiosa e, segundo notícias já publicadas, já está presente e tendendo a ser dominante.
A quarta questão é a percepção que tenho, devido as notificações de queda acentuada nas internações e na média móvel, de relaxamento da população em geral quanto aos protocolos de segurança tais como: uso de máscaras, alcool gel, evitar aglomerações, que estão sendo abandonados.
Não podemos entender a retomada das atividades como se já estivessemos com a panedemia controlada. Temos exemplos de países com alta taxa de vacinação que, por conta da nova variante, já sofrem consequências de aumento de casos tais como: Reino Unido, Israel e o próprio Estados Unidos.
Em alguns casos medidas mais restritivas já estão sendo tomadas.
Enfim o que coloquei em fevereiro permanece atual, exceto pela situação de ocupação de leitos críticos.
Necessitamos urgentemente de aumentar a velocidade da vacinação, não chegamos ainda a sequer a um terço da população totalmente vacinada.
Locais mais perféricos e mais populosos deveriam ter um tratamento diferenciado para aumentar o numeros de pessoas atendidas pela vacinação.
É preciso entender também que a primeira dose da vacina não promove proteção eficaz contra as cepas antigas e menos ainda contra a nova variante, mesmo os já vacinados devem respeitar os mesmos protocolos de segurança já estabelecidos, especialmente quando em público.
Ainda convivemos com algumas incógnitas sobre as vacinas e sua durabilidade, serão necessárias doses de reforço?
Haverá nova vacina baseada na variante Delta?
A eficácia e efetividade das vacinas atualmente em uso já estão sendo monitoradas face à nova variante?
Como preocupação adicional, não menos importante, como ficará o próximo ano?
Minha percepção, de leigo no assunto, é que para as vacinas de eficácia mais baixa teremos que ter uma dose de reforço muito embora, ainda não há consenso da comunidade científica e também não é ainda recomendado pela OMS.
Já existe estudo recente feito pela Sinovac, fabricante da Coronavac, sobre dose de reforço que, aplicada após a segunda dose, com intervalo entre seis a oito meses aumenta significativamente o nível de anticorpos neutralizantes.
Insisto na necessidade de teste em massa para identificar os infectados e promover seu isolamento, compulsório ou não.
Para o próximo ano, que já está logo aí, providências quanto à um novo ciclo de vacinação deverão ser tomadas imediatamente, não podemos esperar uma fatura tão alta quanto a que já pagamos e que ainda temos um saldo a pagar.
Não há ainda movimentação sobre esse assunto e não vejo sequer comentário sobre os recursos que serão necessários.
Enfim, fica minha preocupação e um alerta para que tenhamos responsabilidade nesse novo normal de convívio, continuamos inseguros.
Que apesar da necessidade de liberar a economia isto seja feito com critério e que se tomem medidas efetivas quanto a protocolos específicos.
Não podemos criar um clima de ¨liberou geral¨ isso trará sérias consequências.
Ainda estamos sob ameaça de novas ondas, ainda permanecemos em uma situação pandemica.
Estaremos mais seguros quando atingirmos a tal imunidade de rebanho que significa pelo menos 70% da população totalmente vacinada.
Responsabilidade é a palavra chave na atual situação.
Roberto Goyano – Engenheiro