COISA QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS E FIGURAS DE NATAL – Antônio José Ferreira de Melo

COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS E FIGURAS DE NATAL –

 

EVANDRO BESSA E OS GATOS DA VIZINHA

Evandro sempre foi fanático por criar animais, em especial, passarinhos.

Indo morar no Rio de Janeiro, comprou um sítio e como na época não haviam os controles do IBAMA, me lembro que meu irmão, João Ferreira, chegou a levar para ele um casal de tatu-peba.

Um causo hilário ocorreu quando ele foi morar no bairro de Santa Tereza.

Era uma área residencial antiga, cujas moradias possuíam quintais, onde os habitantes podiam criar animais.

Ao chegar com a mudança e um grande número de gaiolas, sua nova vizinha se apresentou e disse que era criadora de gatos e não se responsabilizaria se ocorresse algum ataque aos passarinhos dele.

Evandro, com a sua verve natural, gargalhando, respondeu: não se preocupe com isso. Tenho um canário que, onde eu morava, matou mais de 20 gatos.

Sugiro que a senhora tenha cuidado com as suas criações.

Conviveram “numa boa”.

LAÉRCIO BEZERRA

O sociólogo e meu amigo Laércio Bezerra é uma grande figura humana sobre o qual nunca vi e nem ouvi qualquer crítica quanto a qualquer gesto seu, de deslealdade ou descortesia, com qualquer pessoa.

Se pudesse lhe apontar um defeito, seria com relação a ser “desligado” ou “esquecido”, o que não ofende a ninguém.

A VISITA QUE LHE FIZ EM PARIS

Eu estava na Espanha, fazendo um curso, e ao final resolvi ir até Paris, onde Laércio estava morando com a família.

Liguei para ele e combinei passar uma semana por lá.

Chegando no prédio, por sorte, encontrei o vizinho com quem ele deixava a chave do apartamento, e que, diferentemente dele, se lembrava que eu estaria chegando, pois tinha escutado, “en passant”, o comentário sobre a minha vinda para Paris.

Laércio tinha esquecido o combinado e foi passar o feriado de 6 de junho na Normandia.

O feriado é comemorativo da “Operação Overlord”, cujo desembarque das forças aliadas nas praias da Normandia ficou conhecido como o “DIA D”.

O IRMÃO

Luciano Bezerra, irmão de Laércio, era diretor da TELERN.

Acertou para se encontrarem na casa dele a fim de discutir um assunto qualquer, porém, se esqueceu, e quando Laércio chegou, ele já tinha saído para o trabalho.

Recebendo a informação da Funcionária, Laércio, simplesmente, se senta numa cadeira na área da casa.

Passado algum tempo a funcionária vai até onde ele está, e diz: o senhor não entendeu que o Dr. Luciano já saiu para o trabalho?

E ele responde. Entendi. Porém é possível que ele tenha esquecido alguma coisa e volte para pegar.

Minutos depois Luciano chega para buscar um documento que tinha esquecido.

O esquecimento faz parte do DNA da família.

A VIDA DE CASADO

Laércio, quando solteiro, morava na casa dos pais, no Rio de Janeiro.

Tendo casado, aluga um apartamento para a vida à dois.

Ao encerrar o expediente do dia, se dirige à casa dos pais, tira a camisa e os sapatos e vai conversar na sala.

Sua mãe, estranhando o comportamento, resolve perguntar pela mulher dele.

Então ele bate com a palma da mão na testa e fala: pqp, me esqueci…

Se esqueceu que tinha casado.

O CIGARRO

Convidado para uma festinha na casa de uns amigos, Laércio começa a beber e conversar.

Lá pras tantas, um cigarro de maconha vem passando de mão em mão. Chegando nele, ele não dá apenas um ou dois tragos. Se apropria da “bagana” e toca a fumar, mesmo contrariando os demais consumidores.

Resultado: começa a passar mal, sentindo que a música se materializa, entra pelos ouvidos e ele vai inchando como se fosse uma bola de borracha.

Corre para o banheiro, na tentativa de colocar a música pra fora, onde foi encontrado dormindo no dia seguinte.

PERRÉ

PERRÉ era o apelido dele, que tinha um romance com a esposa de um oficial de uma das forças armadas e cujos encontros aconteciam na casa dela, quando o marido traído estava viajando.

Certa noite o corno retorna sem avisar e PERRÉ teve que se esconder debaixo da cama.

Imagine a situação: passar a noite, “pelado” no chão frio e sem poder fazer barulho.

No outro dia, quando a amante foi lhe “soltar”, ele estava com o corpo enrijecido, sendo necessária a aplicação de massagens e a utilização de cobertores, para esquentar o corpo que escapou de virar “presunto”.

Sentindo-se bafejado pela sorte, daí pra frente foi conseguir coisa menos perigosa.

RESPEITE A PULIÇA

Nos meados do século passado, quando ainda não contávamos com o sinal de TV, as notícias boas ou más, se difundiam pelas ondas de rádio ou, principalmente, pelo boca a boca, ou conversas ao pé do ouvido, na pequena Cidade do Natal.

Uma das histórias difamava as senhoras que moravam na Vila Naval, pois dizia que elas costumavam trair os maridos em suas ausências marítimas ou de serviço.

Sem ter procuração para defendê-las é necessário dizer que esse comportamento é tão antigo quanto a vida animal, e alguns humanos, fazem da traição um hábito, costume ou vicio. No caso da Vila Naval, é possível, como em qualquer ajuntamento habitacional, que existissem aquelas que “mijavam fora do caco”, ou seja, que “não andavam na linha”.

Deixando as considerações filosóficas, vamos as coisas desse artigo.

Vivíamos os anos do movimento militar, e, nessa época, os militares, de qualquer arma, tinham autoridade muito acima do que era previsto, independente da patente.

Na época, a sífilis era um perigo à saúde e existia a propaganda de um remédio contra o mal.

No comercial do remédio, que também se chamava de “reclame”, uma criança pergunta: papai, quem tem sífilis vai pro inferno? E o pai respondia: não meu filho. Quem tem sífilis toma… (dizia o nome do remédio, que não me lembro mais qual era).

Era o tempo do Governo Aluízio Alves, quando foi construída a Cidade da Criança, onde tinha miniaturas de prédios públicos e, inclusive, uma praça com uma concha acústica, onde eram realizados shows de diversas ordens.

Num certo domingo acontecia a apresentação de um humorista, que põe em andamento uma “piada”, usando conjuntamente o boato da Vila Naval e o “reclame” do remédio contra a sífilis.

No show o menino pergunta: papai, quem tem chifre vai pro inferno? E o pai responde: não meu filho. Quem tem chifre vai morar na Vila Naval.

Não demorou 10 minutos e chegou a patrulha da marinha e levou preso o gaiato, que deve ter levado umas “bolachadas” para “aprender a respeitar os milicos”.

Antônio José Ferreira de MeloEconomista – antoniojfm@gmail.com

 

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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