COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI – COISAS DA RELATIVIDADE – 

TUDO É RELATIVO?

Durante toda a minha vida, convivi com os mais diversos tipos de pessoas, sem distinção de raça ou de cor, e, muito menos, de condição financeira ou social.

As férias na fazenda e até o mundo familiar, povoado de humildes empregados, me faziam conhecer, estórias e costumes diversos, inclusive, saborosas e simples iguarias, na maioria, de origem indígena ou dos escravos africanos.

Meus colegas, na juventude, diferenciavam-se pela natural necessidade, de alguns, para mostrar “grandezas”, e, de outros, para se reservar, na humildade.

Fazendo parte da “classe média”, navegava entre eles, muitas vezes, rindo das “pabulagens”, das bobagens e das reservas, uma vez que cada um, tinha lá os seus motivos para querer se engrandecer ou se reservar.

Afinal, tudo não é relativo?

Por falar nisso, me lembrei de José Bezerra Marinho, que, com a sua erudição, para a idade, e até com os seus gestos teatrais, se tornava centro das atenções, na discussão dos mais diversos assuntos.

Quando se esgotavam os seus argumentos, ou, simplesmente, queria “encerrar o papo”, tinha como uma das suas particularidades, concluir as discussões, com a expressão: “tudo é relativo”.

Afinal. É, ou, não é?

RELATIVIDADE

Conceitualmente, a relatividade é caracterizada pela ausência de parâmetros universais, ou da aplicação absoluta, do conhecimento.

Pode-se dizer, que é condição daquilo, cujos valores, ou importância, devem ser avaliados em contexto, levando-se em consideração, inclusive, as características e particularidades dos elementos envolvidos, e até, do ambiente em que é vivido.

Pela complexidade do assunto e pela minha ignorância – como diria Expedito – “num vô mim astrevêr” a falar sobre os conceitos da teoria da relatividade de Einstein, quando ele definiu o comportamento dos objetos no espaço e no tempo, afirmando que o espaço e o tempo deixam de ser absolutos e passam a ser relativos, dependendo da posição dos observadores.

RELATIVIDADE – CONCEITOS DIVERSOS

A  filosofia, que se preocupou com o tema há séculos, possui diversas correntes que também possuem diferentes conceitos.

Mais recentemente, pouco antes do século passado, o relativismo passou a afirmar que a verdade é mutável e depende do momento histórico em que ela está sendo analisada.

Simplificando: não existe uma verdade ou valor moral absoluto e universal. Eles, são relativos aos contextos históricos, culturais e sociais em que são produzidos.

Quanto a democracia, não deixa dúvidas daquilo que lhe constitui, pois, ela não existe, sem um processo deliberativo, conduzido pelos representantes eleitos pelo povo.

Além do mais, a democracia, tem como pressuposto, a existência da proteção dos direitos humanos fundamentais, a liberdade de expressão, de religião, a proteção legal, e as oportunidades de participação na vida política, econômica, e cultural da sociedade.

Segundo consta, foi de Péricles, ainda no século V ac, a definição de que, democracia é o governo “do povo, pelo povo e para o povo”.

Regidos por normas, consolidadas em constituições políticas, a democracia é um sistema de governança no qual, os governantes devem explicações de seus atos, aos que os elegeram, envolvendo participação e contestação, se necessário, dentro de um conceito universal.

Como a fundamentação de democracia é coletiva, baseada em posicionamentos livres, para a sua definição, não é possível, dizer que ela é relativa.

RELATIVIDADE DEMOCRÁTICA – A RELATIVIDADE DO NOVE DEDOS

Contrariando tudo isso, o Nove Dedos, atual presidente do Brasil, sendo entrevistado, disse que o conceito de democracia é “relativo”.

Na ocasião, ele queria se defender, por defender Nicolás Maduro, reconhecidamente, um ditador, e nunca um democrata, e, ainda afirmou, que foi a democracia que lhe fez presidente do Brasil, pela terceira vez, e que não se ofende, por ser chamado comunista.

Durma-se com um barulho desse!

No Brasil, da “DEMOCRACIA RELATIVA”, do “Nove Dedos”, o judiciário usa medidas inconstitucionais, que transforma, em diferentes, os que deveriam ser iguais, perante a Lei.

O executivo, leva o estandarte do bloco da incompetência, sem planos e nem projetos de desenvolvimento, promovendo a gastança desenfreada, através do agigantamento da máquina pública e da sua avidez de gastos.

Não sem razão, vê-se minguar, os setores que promovem o desenvolvimento econômico, devido a insegurança jurídica, o ativismo judicial e o abuso de arbítrio, levados a efeito, em conluio com o poder executivo e até do legislativo.

Li hoje, que o sinistro Gilmar Mendes teria declarado em entrevista – pois no Brasil, os ministros antecipam os seus votos para a imprensa – que o STF, derrubaria os votos do congresso que alterassem os poderes do judiciário.

Nada mais relativo.

 

EXPEDITO E A RELATIVIDADE

Já abusado com o tema, que coloca no mesmo saco o legislativo, o executivo e o judiciário brasileiro, contrariando a natural independência dos poderes, resolvo “fechar” o computador, e “sair prá fora”, como diria Expedito, para contemplar a paz dessa noite, de poucos ventos, aqui no Chalé Alto do Cruzeiro.

Nisso, escuto chamar, o celular, que deixei carregando na sala, e, ao chegar lá, identifico Expedito, como o autor da chamada.

Atendo, dizendo: fala Expedito, foi bom você ligar.

Estou escrevendo sobre coisas que são relativas, e outras que não são, mas já ia parando, porque o assunto estava ficando abusado.

Me diga, como vai o seu veraneio aí pela Barra do Cunhaú, e, também, quais são as notícias lá do Seridó, nesses tempos de “estio”, mas que, vez por outra, ocorrem chuvas pesadas?

Ele vai logo dizendo: Dôtô, aqui pela Barra, é só aligria. Sabia qui aqui, tumbém, as veis o vento sopra pôco?

Vô dizê: as coisa tá tudo mudada.

Sabia que chuveu gêlo pur lá pêlo Siridó?

Ói, parece coisa do “satanáis”, ou da “besta fera”.

Já pensou, neças época de calô, chuvê gêlo, pelos sertão?

Expedito, não é para se assustar. Isso são coisas das nuvens cumulonimbus.

A Cuma é Dôtô? Qui danado é isso?

Expedito, isso é um fenômeno, que acontece, quando há evaporação da agua, pelo calor, e, quando chega nas nuvens que tem esse nome esquisito, ela se resfria, congela, e cai em forma de gelo.

Dôtô, as minina da facurdade já tinha faladu nisso, só num dizéro o nome isquisito, dessa nuve.

Ói! Tá tudo mudado mermo.

Dotô. Quando eu veijo inocente indo passá 17 anus na cadeia, e os marginal, sê solto e recebê as cocaína de vorta, e agora, inté um general sê preso, fico mim preguntando: meu Deus, ondi nois vai pará?

O sinhô, num axa isquisito eça injustiça brasilêra?

Inquanto uns coitado, sumente purquê fôro lá pros palácio, no dia 8 de janêro, cum bibria imbaxo do suvaco e num quebraro nada, tão preso, ôtros, qui dize qui fôro mandado, e qui inté foro firmado, quebrando um relójo das antiga, tão por aí, franando.

Dôtô. Isso é a relatividade da desmocracia brasilêra, qui a isqêrda qué?

Ói. Isso, num é desmocracia coisa ninhuma. Nóis, já tá é nu cumunismo!

É Expedito. Você, arranjou uma boa pergunta, para questionar coisas.

Dotô, já qui as coisa são avaliada di acôrdo cum os tempo, num será isso uma manêra atuá di vê as coisa, ou é mermo a ditadura da toga?

Ói, Dotô, cunversano cum as minina da facurdade, elas dixero qui isso já é uma tirania, e qui só cabe nas mente pisicopata dessi Alexandre Imorais.

Expedito, o momento é de muito pensar, uma vez que a insegurança jurídica, o ativismo judicial e o abuso, pelo arbítrio, são moedas da nossa “justiça”.

Daí o nosso “douto” presidente, dizer que a democracia, é relativa.

Porém, como nessa teoria, o tempo também é relativo, imagino que, do meu ponto de vista, teremos mudanças, pois o tempo não passa do mesmo modo para todo mundo.

A conversa já estava se encaminhando de volta, para o que eu queria fugir, quando escuto a voz de Cristina: Amor, tá lembrado que amanhã vamos até a cidade de Vila Flor? Estou ansiosa para ver a “Casa de Câmara e Cadeia”!

Expedito diz que tinham combinado de ir ver essa construção do Brasil colonial, uma vez que, sua existência, se constituía num privilegio da época.

Então, diz que vai encerrar o papo, pois já está sentindo o cheiro de peixe frito, que Cristina mandou Ceiça providenciar, que o abacaxi lá de Itapororoca já está na mesa, e a cachaça Extrema já saiu do congelador.

Como não desliga o celular, ainda escuto ele falar: môzinho, inda bem qui você mim tirou deça cunvelça cum Dôtô Antonio.

Senti, qui ele tava muito puto da vida.

Eita, pexinho e abacaxi bom!!!

E a cachaça Extrema, nem si fala!!!!

 

 

Antonio José Ferreira de Melo – economista, [email protected]

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