COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DA XANANA OU DA CHANANA – Antonio José Ferreira de Melo

COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DA XANANA OU DA CHANANA –

 

AS CHANANAS DA BARRA DO CUNHAÚ

Tem coisas boas que acompanham a gente.

A chanana, é uma delas.

De todas as fazendas que possui, nenhuma delas deixou de me oferecer a ocorrência da chanana e me mostrar a sua alegria, ao florescer, no início dos dias.

Pela primeira vez, estou passando esse período de verão, na Praia da Barra do Cunhaú, que muitos chamam de Barra de Cunhaú, pois não associam a denominação “barra”, ao fenômeno que ocorre nas desembocaduras de rios, quando surgem formações geológicas, constituídas de bancos de areia, como que querendo “barrar” o rio, no caso, o Rio Cunhaú.

Pois é. Do terraço, ao amanhecer, para aumentar a minha felicidade, posso ver o tapete branco, formado pelas flores das chananas, que nasceram nas areias que separam o casario, das aguas do Rio/Mar, da Barra do Cunhaú.

A XANANA OU CHANANA

Nativa do Brasil a chanana possui flores de cor branca com amarelo, e cuja floração ocorre durante todo o ano, não dependendo de chuva, por ser uma planta sem grandes exigências quanto a necessidade de irrigação.

Portanto, nasce nos locais menos prováveis ou favoráveis, mesmo sem ser cultivada.

Pela facilidade de propagação, pode ser encontrada nos mais diversos ambientes, trazendo a beleza para as praças, ruas e até terrenos baldios, estes, sem que se saiba como chegaram lá.

Além de sua lindeza, a chanana, para completar, é comestível e de qualidades farmacêuticas, podendo ser utilizada no preparo de chás, sendo considerada medicinal, tendo propriedades anti-inflamatórias, antidepressivas e servindo também como calmante, entre outros.

Alguns agricultores, cultivam a chanana, pela sua utilização na biomedicina, sendo, inclusive, utilizada no tratamento de ácido úrico.

A chanana ou xanana, como também é chamada, pode ser encontrada em todas as regiões do país, e é também conhecida como “Damiana, Turnera, Organillo, Albina, Boa-noite, Bom-dia e Flor-do-Guarujá”.

É uma planta perene, considerada, mesmo, como uma planta rústica, resistente aos períodos mais secos.

Suas flores desabrocham ao nascer do sol, e se fecham após o meio dia, sendo também chamada de “boa noite”, dando a ideia que se recolhem ao final do dia.

A CHANANA NA MEDICINA

Turnera ulmifolia L., é o nome científico da chanana, e pode ser comprada em farmácias de manipulação ou em lojas de produtos naturais.

Popularmente, várias são as suas aplicações, como, por exemplo:

– No tratamento da bronquite, pois possui ação expectorante, sendo usada no tratamento de problemas respiratórios;

– No combate a ansiedade e a depressão, pelas suas propriedades antidepressivas;

– Para resolver problemas da prisão de ventre, melhorar a função digestiva, e, como tem ação antibacteriana e anti-inflamatória auxilia no tratamento de infecções urinárias e até de reumatismo;

– Como solução para as cólicas menstruais e outras alterações ligadas ao sistema reprodutor da mulher, pois, possui efeitos semelhantes aos dos hormônios femininos.

E, agora, para muitos, chegou à cereja do bolo. A chanana possui propriedades afrodisíacas, por conter elementos capazes de aumentar a libido sexual, ajudando no tratamento da impotência masculina.

Diante disso, os canteiros correm o risco de ficar “pelados”.

Enfim: a chanana oferece muitos benefícios para a saúde, pois possui propriedades antibacterianas, adstringentes, emolientes, expectorantes, anti-inflamatórias, antioxidantes, tônicas, purgativas, antidepressivas, estimulantes, e até afrodisíacas, porém, é necessário que os estudos científicos determinem a dosagem e os seus possíveis efeitos colaterais.

Com referência aos efeitos da beleza e da felicidade, para mim, não precisa de mais estudos.

AS CHANANAS DE NATAL

Como não poderia ser diferente, na capital do Rio Grande do Norte, a chanana tem uma característica ornamental, podendo ser vista em todos os locais da cidade.

Como, em Natal, o sol nasce muito cedo, a floração é vista, sempre, desde o raiar do dia.

Portanto, não sem motivo, a chanana, desde 2002, tornou-se, oficialmente, o símbolo da Cidade do Natal, por conta de uma Lei municipal, e, na voz do músico e poeta potiguar Carlos Zens, é motivo de uma linda canção: “Flor Xanana”.

O PRECURSOR DA CHANANA PARA O EMBELEZAMENTO DA CIDADE DO NATAL

Mesmo reconhecendo o trabalho político do Vereador Franklin Capistrano, que, no ano 2002, foi o propositor do título de “símbolo da cidade”, para a chanana, e do poeta Diógenes da Cunha Lima, como seu idealizador, não posso deixar de tributar ao Engenheiro e Prefeito de Natal, Vauban Bezerra de Faria, o mérito de ter adotado esse exemplar botânico, ainda em 1976, para o embelezamento dos canteiros de Natal.

Para colorir a cidade com a sua alegria, iniciando pelos canteiros das Avenidas Salgado Filho e Prudente de Morais, reformados na sua administração, Vauban determinou que ao invés de exemplares exóticos, importados de outras regiões do Brasil e até do exterior, fosse adotada a chanana, lembranças de sua origem seridoense.

PARA CONCLUIR, UMA COISA QUE EU VIVI

Na verdade, essa não é a primeira vez que eu conto esse fato, e vou repeti-lo.

O Prefeito Vauban Bezerra de Faria, gostava de soluções simples.

Tendo reformado a Av. Hermes da Fonseca resolveu plantar chananas no canteiro central.

Sendo uma planta nativa, além de simples, é resistente, e a sua floração traz alegria ao amanhecer.

Embora com esses predicados, as chananas não eram agradáveis aos jardineiros da Prefeitura, que preferiam plantas exóticas, como se, só elas, fossem sinônimo de beleza.

Dr. Vauban tinha por hábito, sair muito cedo dirigindo o seu próprio carro, para verificar providências determinadas, fiscalizar obras em andamento ou mesmo identificar problemas a serem resolvidos.

Durante um desses périplos, estacionando o carro na Av. Hermes da Fonseca, dirigiu-se aos jardineiros e perguntou, como se não soubesse, o que eles estavam plantando.

Sem reconhecê-lo, um operário respondeu: “esse FDP do Prefeito não tem o que inventar, e mandou plantar a merda dessa chanana”.

Ele, realmente, ficou p. da vida, e relatando o fato logo em seguida, me fez rir à vontade, dentro dos limites que a nossa amizade e o respeito me permitiam.

Era Dr. Vauban, o homem simples.

A fúria dos jardineiros contra as chananas permanece até hoje, embora eles não possam conter a sua teimosia de rebrotar.

Quando passo pelos canteiros e vejo as chananas sendo arrancadas, me lembro do Dr. Vauban.

Talvez, porque as chananas representem a sua simplicidade e a sua teimosia.

EXPEDITO NA ÁREA

Estava pensando que ia encerrar o artigo, quando o celular toca.

Adivinha quem é?

Expedito, diretamente do seu sítio lá do Seridó, local de muita chanana.

Ele já vai reclamando, da falta de notícias e eu tenho que justificar que tive problemas com o sinal de internet, durante o carnaval, e assim, fiquei em débito de contato com muitos amigos.

Ele aceitou, dizendo que em muitos lugares do estado, até energia faltou, achando que foi culpa de Fatão, que provocou, inclusive, um grande problema lá em Caicó, pois a vaia, que deram nela, foi escutada até lá no sítio.

Dotô, cuma é qui tem gente qui si inlege, si o pôvo num aceita?

Não sei Expedito. Acho que é um fenômeno das urnas eletrônicas brasileiras, as mais honestas do mundo.

Dotô, o sinhô tá bem, ô tá cum febri?

Não, Expedito. Estou ótimo.

Mudando de assunto, me dê notícias de Cristina. Ela está bem? Como foi a volta aí para Caicó?

Dotô, ela só fala, qui a vida nessi veranêio, foi só di alegria.

Dêxando, as brincadeira di lado quero lhi dizê qui Cristina foi o meu maió axado.

Tá certo. Então, de amores, você anda bem?

Dotô, nem vô dizê acuma istô agora.

Faz um silêncio, como se de emoção, e depois escuto ele gritando: “mozinho”, tô chegando!

Aí fala. Vamo disligá, qui vou tumá providênça.

Inté mais vê Dôtô.

Como não desliga o telefone, ainda escuto ele gritar: ói, amô, peguei uma infiêra di peixe, no assude, prá nóis fazê uma fritada e bêbê uma caxacinha Extrema, qui o Dôtô Antonio, mandô.

 

 

 

 

Antonio José Ferreira de Melo – Economista, antoniojfm@gmail.com

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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