COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DE SONHOS – Antonio José Ferreira de Melo

COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DE SONHOS –

A PESCARIA NO PANTANAL

A PRIMEIRA OPORTUNIDADE
Sempre tive vontade de conhecer o Pantanal.

Posso dizer que, com exceção do Acre, Rondônia, Roraima e Tocantins, já coloquei os pés em todos os estados brasileiros, embora conhecendo apenas os detalhes mais significativos, de cada um deles.

Porém, especificamente, o Pantanal, que é um significativo detalhe, dos Estados, do Mato Grosso, e do Mato Grosso do Sul, ainda não conheci.

Numa das vezes que estive perto de ir até lá, foi numa reunião de Secretários Municipais de Planejamento, num Seminário de Orçamento Público, em Campo Grande.

Recebemos um convite de Sebastião Camargo, dono da Camargo Correia, para que, finalizado o evento, quem se interessasse, poderia se hospedar e conhecer uma de suas fazendas, localizada no Pantanal.

Como demorei a me candidatar, perdi a oportunidade de fazer parte da primeira “lotação” de um bimotor, destinado ao transporte dos convidados.

Assim sendo, desisti de ir.

Como já vinha de outros compromissos, e estava ausente do Estado, por quase duas semanas, resolvi encerrar minha viagem e voltar para Natal, para colocar “minhas coisas”, em dia.

Um detalhe, que me deixou aliviado, por não ter ido, foi o fato de que o bimotor teve uma pane mecânica e um dos motores parou, obrigando abortar o voo, e voltar para Campo Grande.

Apesar de ter muitas horas de voo, como sempre tive medo de “andar de avião”, suspirei, ao saber da notícia e disse para mim mesmo. Tá vendo? Não era mesmo para você ter ido.

A SEGUNDA OPORTUNIDADE

Outra vez, sendo contratado para fazer um trabalho em Lucas do Rio Verde, um promissor município Mato-grossense, poderia ter ido ao Pantanal, mas resolvi ir para Gramado, no Rio Grande do Sul.

Portanto, veja bem, já estive, outra vez, bem próximo, e não fui lá.

Parece até, que é por desígnio do destino.

O SONHADA PESCARIA NO ARAGUAIA

Porém, na vida, nada tem nunca.

Nesse ano de 2020, recebo um telefonema do meu amigo Érbio Silva Ferreira, me perguntando se eu tinha interesse de ir à uma pescaria no Pantanal.

Ora meu Deus do Céu.

Sem nem saber como seria, aceitei, na hora.

Érbio me repassou os detalhes da programação de voos, hospedagem, eventos, aluguel de barcos, etc.

Liguei pra Tania, lá da Agência Coral Turismo, que, com a sua eficiência, providenciou a “arrumação” toda.

Por coincidência, enquanto estou tratando dessas providências, recebo uma ligação de Expedito e peço para que ele retorne mais tarde.

Fui obrigado a lhe dizer o motivo e ele logo se interessou em fazer parte da viagem.

Liguei para Érbio e perguntei se poderia convidar uma pessoa, falei que era um amigo, um bom companheiro, “topa tudo”, etc., embora, de pescaria ele só entenda de pescar traíra nos açudes do Seridó.

Érbio, com a sua educação e maneira de tratar as pessoas, me falou que tínhamos o número máximo de componentes, já atingido, e que não daria para agregar mais ninguém.

Explicou-me, inclusive, que o convite que me foi feito, decorreu do fato de que, Gonzaga, meu velho companheiro de trilhas 4×4, não poderia ir.

Difícil foi convencer expedito, mas ele entendeu e disse, que da próxima, ele “tá dentro”.

A PREPARAÇÃO DA VIAGEM

Para a preparação, fui conhecer os companheiros fanáticos por pescaria.
Uma observação. Como diz o meu amigo, o advogado Roberto Furtado, pescar é bom demais, pegar peixe, já é um exagero.

Dentro dessa ótica, eu não poderia me comparar com o grupo, na condição de pescador, na acepção da palavra, mas queria fazer parte da turma.

Na verdade, para mim, é como aquela história: “que pescaria, que nada”, o que eu quero mesmo, é conhecer o Pantanal, que é o meu sonho.

Muito bem.

Érbio me apresenta a Gerson Fernandes, Makoto, e Paulo Han, um pessoal que dorme, acorda e vive, pensando em pescar.

E eu, sonhando com o Pantanal, já me imaginava, pescando um dourado, que apresentava as suas bonitas evoluções, filmadas, no entardecer pantaneiro.

A VIAGEM

Embarcamos no voo previsto, fazendo escala em São Paulo, com destino a Cuiabá.

Em lá chegando, embarcamos em lanchas com destino ao Hotel Recanto do Dourado, em Cáceres, às margens do Rio Paraguai.

A inquietude do pessoal é difícil de explicar.

Chegando no hotel, quase não dá tempo de levar as bagagens até os apartamentos, e os fanáticos já estão montando as varas para uma rápida pescaria, no sistema “Pesque e Solte”, ali mesmo, na área do hotel.

Não precisa dizer, que o jantar, de excelente qualidade, foi acompanhado por um vinho escolhido dentre os oferecidos pelo “Maitre”, sem exagerar na dose, uma vez que sairíamos cedo do dia seguinte, nas “lanchas voadeiras”, para a pescaria “de verdade”.

Aí meu amigo, só vendo.

O pantanal é um espetáculo da natureza, com os seus animais e aves em abundância, compondo um rico cenário, que estamos acostumados a ver em filmes, porém, em nada, se compara com a realidade.

A pescaria se processou, conforme o esperado, trazendo a satisfação para todos os participantes, indistintamente.

De minha parte, ganhei mais do que tinha direito.

Pesquei o tal do dourado que tinha sonhado, e cujo feito foi registrado, em fotos e vídeo, para mostrar no retorno à

Natal, ou quem sabe, até fazendo uma antecipação, pela imensa vontade de compartilhar tão importante façanha.

Voltando para a pousada, fomos jantar, beber vinho e contar as proezas do dia, cada um mais feliz que o outro.

Gerson se vangloriava por ter pescado o maior dourado, Makoto contestava, uma vez que não tinham sido pesados, e

Paulo Han, mostrava que só a foto do que ele pescou pesava mais que a soma dos dois.

Érbio, fazia uma “zoadeira” danada, prometendo ganhar a disputa com a pescaria do dia seguinte.

Eu, já tava mais que satisfeito, somente por me sentir dentro do Pantanal, motivo dos meus sonhos.

Depois de tudo isso, fomos dormir, para mais um dia de aventuras, amanhã.

A REALIDADE

Acordo logo cedo do dia, escutando o canto do bem-te-vi, das lavadeiras, dos golinhas e sanhaços, e acho estranho não escutar o barulho das araras e tuiuiús, tucanos, papagaios e outros menos votados.

É quando escuto Niel, o meu caseiro aqui de Gameleiras, gritar: “oi o leite”!!!

Era a hora de ir para o curral tomar leite cru, com conhaque.

Caí na realidade, e me lembrei, que o filho da puta do vírus chinês, obrigou o cancelamento da nossa viagem, e o

Pantanal, para mim, continua sendo um sonho.

 

 

 

Antônio José Ferreira de Melo – Economista, antoniojfm@gmail.com

 

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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