COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DO INTERIOR –

 

DE ONTEM E DE HOJE

 

De tanto gostar do interior, lamento ter nascido na Capital.

Na Capital, somos apenas “mais um”.

É como se não tivéssemos identidade.

No interior de ontem, quando se falava numa pessoa, para melhor lhe identificar, se dizia: menino, o Geraldo que eu “tô” falando, é Geraldo de Zefinha de Otácio, neto de Gloria de Corrinho.

Pronto. Estava montada a cadeia genealógica.

Impossível haver erro de identificação.

Quem, na Capital, mesmo nos velhos tempos, tinha condições de fazer uma ligação familiar semelhante a essa?

Pois é,

Isso, é só pra começar a dizer, que, no interior, a coisa de ontem, é diferente de hoje.

CARACTERÍSTICAS DO POVO NORDESTINO

O sentido do baião “Paraíba”, criado por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, tem muitas versões.

Uma delas é que tinha razões políticas, uma vez que o pequeno estado da Paraíba, juntamente com dois grandes, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, foram os três estados que fizeram oposição ao Presidente Washington Luiz, e não apoiaram a candidatura de Júlio Prestes.

João Pessoa, que, localmente, combatia o Coronel José Pereira, foi convidado para ser vice na chapa de Getúlio Vargas, e, com o seu assassinato, foi iniciado o movimento, que resultou na revolução de 30.

Portanto, o pequeno Estado da Paraíba, figura feminina, no nome, e corajosa, associando-se aos critérios da brabeza masculina, conceito predominante na época, desencadeando o processo, ficou caracterizada como “mulher macho, sim senhor”, como disse a música.

Porém, não tinha essa história de sapatão não, embora, hoje, esteja exportando figuras com esse comportamento.

Querendo se referir às coisas que aconteciam no sul, diferentemente do nordeste, dizia outra música de Luiz Gonzaga: “No Ceará Não Tem Disso Não, tem disso não, tem disso não”.

Eram assim caracterizadas, as coisas do Nordeste, de antigamente.

UM EXEMPLO LOCAL

VIVI com o povo de Capim, Sitio, Coqueiros e Aningas, descendentes dos escravos da região de Ceará Mirim.

Lembro de um caso que se tornou engraçado, e era contado por todos, sem que tivesse qualquer outra conotação, que não fosse relatar um fato, ou seja, contar uma história da realidade local.

Um garoto da comunidade, foi para o sul, e, ao voltar, chegou “diferente”.

Falava “chiando” e com um “jeitinho amulherado”, o que destoava do que era comum.

Levou uma grande surra, do pai, e deixou a pretensão, contrariando a máxima de hoje, que afirma: quem é, não deixa de ser.

No interior de antigamente, era assim. Hoje, se perde a conta.

A situação, tá quase se invertendo.

O ATENDIMENTO À SAÚDE

Tive a minha vida de criança ligada aos costumes da fazenda, e lembro dos filhos dos “moradores”, nus e buchudos, atacados pela verminose, sujos e se arrastando pelo chão.

Hoje, é mais comum, ver as crianças vestidas e demonstrando saúde, como consequência de melhores condições econômicas e sanitárias, proporcionadas pelos programas assistenciais dos governos, pelas ações na área da saúde, e pelo acesso à informação.

A SABEDORIA DOS JOVENS

Por falar em informação, merece lembrar que o “matuto”, era sinônimo de ignorante, quanto às novidades, cujo acesso era somente possível, para os habitantes da cidade grande, ou seja, da Capital.

Hoje, me espanta – de forma positiva – o acumulo de conhecimento dos jovens do interior.

Pode-se até dizer, que é pela disponibilidade maior de tempo, mas é, principalmente, pelo franco acesso à informação, possibilitando que eles ampliem conhecimentos e desenvolvam atividades, condições não imaginadas, tempos atrás.

Infelizmente, o ensino no interior, como em todo o país, vai mal. Caso contrário, o crescimento intelectual no interior, seria muito superior ao crescimento na capital.

A MÃO DE OBRA

Como proprietário rural, adotei, como até hoje adoto, um sistema, onde dou liberdade de opinião aos meus funcionários, de forma a escutar deles, quais seriam as suas propostas, para a execução de determinado serviço.

Noto, que nesses 45 anos de experiência, muita coisa mudou. Há muitas diferenças, das coisas de ontem, para as coisas de hoje.

Quando do início – tirando alguma opinião segura, baseada na vivência local – havia um certo medo, deles, em opinar, muitas vezes, com o temor de errar ou mesmo com vergonha ou até por achar que seria atrevimento “se meter” em assuntos, fora da sua condição de empregado.

Hoje, mantendo a mesma estratégia, sou surpreendido com opiniões, que estavam longe da minha imaginação, apesar dos meus conhecimentos acumulados.

Nota-se, portanto, que houve um crescimento, tanto no que diz respeito ao comportamento mais “atrevido”, mas, especialmente, pelos conhecimentos adquiridos pelo homem do interior, muitas vezes, justificados por temas vistos nos órgãos de informação.

É quando vale a informação da TV.

O COMÉRCIO

Antigamente, tínhamos que fazer uma “feira” para ir passar uns dias na fazenda, pois eram precárias as condições de oferta de mercadorias.

Hoje, estou em Monte das Gameleiras, e não me faltam artigos para a minha alimentação, lavagem de roupas, banho, ou o que mais precisar.

Obviamente, algumas marcas, mais sofisticadas, nem sempre, são encontradas, porém, as vezes, sou surpreendido.

Essa semana, fui preparar uma carne moída, e pedi para Ana – a mulher de Niel – me trazer, do mercadinho, alguns condimentos.

Além de todos os que encomendei, ela me trouxe, também, açafrão e páprica picante, que, segundo ela, gostava de usar.

Eu, nem imaginava pedir.

Essa, é minha forma de ver as coisas do interior, de ontem e de hoje.

O GRANDE EXPEDITO ENTRA EM CENA

Estou, quase concluindo, minhas observações sobre as coisas do interior de ontem e de hoje, quando toca o celular.

Vi que era Expedito, e, imaginei logo, deixar minhas conclusões para depois.

Ao atender, Expedito já fala rindo, e eu senti, pelo seu estado de espírito, que ele estava “numa boa”.

Eu digo: fala Expedito, já sei que ainda está chovendo por aí.

Ele responde: que nada “Dotô”, o tempo da chuva já passou, mas, esse ano, não tem do que reclamar.

Os barreiros estão cheios, os pastos cresceram que é uma beleza, e o animais não vão ter problemas, para passar esse tempo de verão.

Tá certo. Digo eu. E, tais rindo de que?

Sim, responde Expedito. Já tava até me esquecendo.

Matuto é assim. Fala em chuva, e ele já se esquece, até das outras coisas que tava falando.

Olhe “Dotô”, eu tô rindo, porque não paro de achar graça, com esse Deputado “Roberto Geson”.

Me diga uma coisa. Esse tal de STF, não devia resolver fechar as portas, por eles mesmo?

Nem precisava do “exeucito” ir lá fechar, com um cabo e um soldado, como disse o filho do Presidente Bolsonaro.

“Dotô”, esse “Roberto Geson”, só pode saber de muitos “podres” desse povo.

Veja bem. Ele fala as coisas, como se fala com um cachorro manso, desdentado e capado.

“Num tem medo de nada”.

E tem mais, esses cachorros, quer dizer, esses “sinistros do STF”, sabem que ele sabe das coisas deles.

Até me lembrei de um político aqui do Rio Grande do Norte, que falou uma coisa assim: “eu sei que ele sabe que eu sei”, para falar que sabia dos “podres” do outro político, que era contra ele.

Sim, eu recebi pelo zap, uma lista dos “apelidios” dos Sinistros do STF, e achei muito boa.

Sabe quem é Carmem Miranda? Num é o “Faquim”?

E o “Boca de Veludo”? Num é o Barroso?

O que me “deixa de boca aberta”, é que o deputado diz as coisa, “por extensio”.

Mas esse tal de “Carmem Miranda” e o “Boca de Veludo”, nunca me enganaram.

Pra bicha, “eles, só falta as penas”.

É quando o cara pergunta: e essa bicha tem pena? O sujeito responde: então, não falta nada.

“Dotô, é tanta coisa, que tá acontecendo, que se eu fosse conversar com “Helmi”, do SEBRAE, só ia parar amanhã.

Cabra do converseiro bom.

Olha Expedito, eu estou escutando tudo, e o que você está dizendo, eu assisti todas as entrevistas do Roberto Jefferson, e é isso mesmo, e muito mais.

“E apois Dotô? Homi que fala assim como o Roberto Geson, num gagueja”.

Meu amigo. Já pensou, a cena? O tal do Fux, numa festa, beijando os pés da mulher do Governador, “purque” ela foi quem arranjou o emprego pra ele?

Meu Deus do Céu, é muita falta de vergonha.

Sim. O Sinhô já viu o filme do Presidente do STF, bêbado, dizendo que participou do roubo de um processo?

Já. Já VI, sim, Expedito. Daí, você pergunta, como pode um homem desse, ser Ministro do Supremo, e, mais ainda, o Presidente? Sem falar de que, nem para Juiz, ele foi aprovado no concurso.

Expedito volta à carga.

E o outro, esse cabeça de “P”, que era o advogado dos bandidos do PCC?

O “Sinhô” sabe até onde vai a “brabeza desse Alexandre Imorais”?

Eu pergunto e eu respondo: vai até o dia que alguém tenha a coragem de cortar as asas dele.

Ele manda prender, manda vasculhar a casa, manda parar a internet, e a coisa não é assim não.

Como dizem os universitários: isso é coisa de comunismo. Isso é coisa de ditadura. Cadê a liberdade?

Olhe Expedito, você tem razão, em falar nos excessos do Ministro Alexandre de Moraes. O que ele está fazendo, é um abuso de autoridade, e entre outras coisas está aplicando uma censura prévia.

“Dotô”, quer saber de uma coisa? Nós estamos no começo do fim. O “Imorais” está desesperado, vendo a hora dele chegar, pra perder o poder e, até ser preso.

E tem mais. Veja o que eu escutei ontem: “Além dele estar cavando a própria cova, ele está ajudando a enterrar, de vez, o que resta da reputação do STF”.

Já viu que as decisões dele já não merecem respeito?

Viu o que o “Face” disse sobre a proibição dele? “Não, nanim, não, não”. Você não manda no mundo não. Veja lá onde termina o seu “mundinho”. Vamos recorrer da sua bravata.

E agora? O que o STF vai fazer?

Se correr o bicho pega. Se ficar, o bicho come.

“Dotô” o que ele tá fazendo, é querer ganhar o jogo no grito. Tá “brefando” como no jogo de baralho.

Se aparece alguém com jogo maior, ele “afina”.

Essa é a opinião de todos aqui do Sítio.

AS PREVISÕES DE EXPEDITO E DOS UNIVERSITÁRIOS

Ontem, diz Expedito. Nós ficamos na praça, até tarde, só conversando.

Nós, os “matuto”, e os jovens que vem da faculdade.

Sabe qual é a opinião dos universitários?

Vou “lê”, o que eles escreveram.

Os Ministros do STF, “estão mais perdidos do que cego em tiroteio”.

Como eles vem mandando nesse país há muito tempo, fazendo e acontecendo, sem que ninguém dê um basta, e, como eles fazem parte de uma panelinha, aliás panelinha não, panelona, participando, inclusive, da divisão do dinheiro das empreiteiras, estavam achando que poderiam ser os ditadores do Brasil.

Sabe porquê?  Porque os políticos, de “rabo preso”, não tem coragem de denunciar o esquema.

É o que todo mundo fala, mas a imprensa se cala, porque também é corrupta e fazia parte da “rachuncha”.

É, por isso, que estávamos vivendo a ditadura do judiciário.

Tá vendo? É ou não é?

Sabe porque os “mininos” falam: “estávamos” vivendo a ditadura do Judiciário”?

Porque eles dizem que os “sinistros” estão num beco sem saída.

Segundo os universitários, eles não imaginavam que o reinado deles estava perto do fim, e esticaram a corda até chegar onde está chegando.

A última esperança deles´, é que “Carmem Miranda, Boca de Veludo e Cabeça de P”, arranjem provas pra cassar a chapa de Bolsonaro e Mourão.

Só se for mesmo! Cada dia o Presidente Bolsonaro cresce na aprovação do povo.

Eu concordo e pergunto. Sim, tá certo, e aí?

E aí? Ora, ora, esses sinistros não podem mais nem andar na rua. “Pra viver, só eles se escondendo num buraco, feito peba e andando por baixo da terra, feito minhoca”.

Dizem os universitários: o Presidente Bolsonaro deu uma rasteira nessa cambada, inclusive “dando corda” pros Governadores transformarem em ação política, a morte do povo, pelo vírus chinês.

Com a nova postura dele, o povo viu as besteiras que os “sinistros” e os Governadores, insistem em fazer, perdendo o pouco que restava de moral, pela sua falta de “compustura”.

“Dotô, vamo botá as mão pro céu”.

A ditadura do judiciário tá chegando ao fim. “Dum jeito, ou de outro”.

A REALIDADE DO INTERIOR DE HOJE

Expedito continua com a palavra.

Veja bem. Antigamente a gente só ouvia a radio, e como a gente não tinha tempo, pois passava o dia no “cabo da enxada”, só sabia das novidades da “hora do Brasil”.

Agora não. A gente leva um “raidinho” com um “pen draive”, pra ouvir música, e na hora das notícias, nós coloca na rádio e fica sabendo de tudo.

Pra completar, vê os “filme” dos assuntos na televisão, e fica sabendo até da roupa que o povo veste.

Agora é assim.

“Num tem mais o matuto besta de ontem, que os políticos vinham pedir voto nas eleição, e trocava por um par de chinelo”.

Matuto besta, já era.

Dotô. Esse é o interior de hoje.

MUDANDO DE ASSUNTO

Tá certo, Expedito. Estamos totalmente de acordo com relação ao fim da ditadura do STF, e eu também concordo com a sua opinião sobre as coisas do matuto de ontem e de hoje.

Agora, vamos mudar de assunto, antes que eu me esqueça.

Quem mandou um abraço pra você, foi João Dantas.

É Joãozinho de Benedito, neto de Justino Dantas e de Fausta Medeiros?

Gente boa. O que ele anda fazendo?

Expedito. Você não vai acreditar. Joãozinho Gago, agora tá vendendo sol.

Como é Dotô? PuramordeDeus. O sol é coisa Divina. Como é que ele pode tá fazendo isso? Tá igual a pastor? Vendendo loteamento no Céu?

Sabe como é, Expedito? Ele agora tá vendendo energia solar.

Assim tá certo. Eu já tava com medo dele tá aprontando alguma coisa. Mas essa história de energia solar foi uma grande invenção. Tem à vontade, e não faz poluição, como antigamente se fazia, com aquele motor de óleo diesel.

Quando vi ele, diga que venha, pra nós prosear um pouco, e ver como “disminuir a conta da luz”, aqui do sítio.

A DESPEDIDA

Olhe, “Dotô Antonio”, vou terminar, pois uma amiga minha, que tá aqui em casa, “prá nós assuntá”, tá me chamando, e, pelo barulho, se não for uma cobra, lá na sala, é coisa importante.

Escuto o grito antes do telefone ser desligado: Dotô, é coisa importante mesmo. Vá ver a televisão, que Roberto Geson vai dar mais uma entrevistaaaa!!!

Valha-me Deus, o que esse “homi” vai contar hoje?

Será que ele vai dizer o nome do Sinistro que é “pedofilio”, que gosta dos “filios piquinininho dos otros”?

CONCLUSÃO

Desligando o telefone, fiquei pensando.

Quer saber de uma coisa?

Esse papo, vai ser o fim do artigo, e eu vou ver Roberto Jefferson, na televisão.

 

 

Antônio José Ferreira de Melo – Economista

 

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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