COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DO MUNICÍPIO DE MARTINS –
MARTINS – HISTÓRIA
Quem visita o Município de Martins, fica encantado com as coisas da sua cidade sede, com o seu casario antigo, com o seu clima e com os bonitos visuais da região serrana, que podem ser admirados a partir das áreas dos chamados “mirantes”.
Porém, os que ficam apaixonados com as suas belezas, precisam conhecer informações da sua história, em especial, sobre a sua educação e a sua cultura.
Segundo me informaram, no último senso, Martins teve, na educação, o maior IDH do Estado, e com uma alta taxa de alfabetização.
Em se tratando de cultura e educação, a cidade tem três museus, e uma das suas escolas é a mais antiga do RN.
Para que se tenha uma ideia do nível da educação, e desde quando ele remonta, no período imperial, Martins já possuía cinco escolas públicas, sendo três para o sexo masculino e duas para o sexo feminino.
Visitei uma dessas escolas, salvo engano a Almino Afonso, que ainda possuía algumas estátuas antigas, no estilo “art nouveau”, que alguém, há muito, presenteou, e serviam como ornamentos ou “peso”, para que os papeis não voassem.
Nessa visita, isso eu VI. Entre obras antigas, guardadas numa estante, sem chaves, os exemplares, em edição antiquíssima, dos livros: O INFERNO e também A DIVINA COMÉDIA, escritos por Dante Alighieri, que foram ofertados pelo Imperador D. Pedro II, conforme se atesta, pelo oferecimento, de próprio punho.
Quem nos levou para fazer a visita, foi uma pessoa da comunidade, que guardava uma boa relação com os dirigentes da escola.
Como era um dia de domingo, e, obviamente, a escola não funcionava, ela mesma abriu os ferrolhos e assim pudemos entrar, sem problemas, pois o “vigia”, não se encontrava no “trabalho”.
Diante de tal vulnerabilidade, chegamos a pensar em mandar fazer uma urna transparente, tipo essas de museu, para doação, mas o assunto não despertou interesse, e morreu.
Depois desse registro, para não deixar de relatar uma passagem engraçada, vou contar este causo: alguém fez ver à Diretora do Colégio, a importância de tais obras e o perigo que corriam de serem furtadas.
A Diretora tomou uma medida que achou ser a solução: CARIMBOU TODAS AS PÁGINAS, COM O CARIMBO DA ESCOLA.
NOS TEMPOS DOS FESTIVAIS GASTRONÔMICOS
Minha ida à Martins, sem ser a trabalho dos tempos do Planejamento Estadual, foi por conta dos festivais gastronômicos.
Foi, realmente, uma experiência interessante, que eu, apenas, acompanhei.
A cidade não tinha rede hoteleira ou mesmo disponibilidade de leitos para hospedagem, e os moradores alugavam suas casas, muitas vezes, deixando na geladeira e despensa, seus mantimentos, cientes de que os “inquilinos”, neles, não mexeriam.
Coisas da cultura adquirida.
Para que se tenha uma ideia das dificuldades de fazer um evento, nas proporções do FESTIVAL GASTRONÔMICO DE MARTINS, o comercio local ainda não tinha condições de suprir as necessidades dos restaurantes, que para lá eram transportados, e, portanto, as mercadorias a serem usadas, eram levadas num grande caminhão frigorífico, que ficava estacionado nas imediações da praça.
Um supermercado móvel.
Vários restaurantes convidados, com indiscutível capacidade de servir iguarias não disponíveis na região, se deslocavam para lá, e ocupavam boxes, que eram montados na praça, e funcionavam, praticamente por apenas três dias, melhor dizendo, durante apenas três tardes/noites.
Era muito esforço, por pouca coisa, mas valia a pena. A cidade de Martins se transformava numa festa.
Minha amiga Adalva, da sua Paçoca do Pilão, era a porta estandarte dessa comitiva, sempre disposta a enfrentar todos os maus-tratos, que o evento exigia.
Alugava uma casa onde se hospedava e os seus funcionários, e, logo cedo do dia, estava visitando os arredores em busca de temperos, legumes diferentes e tudo o mais que pudesse beneficiar o seu cardápio.
Uma empresária à frente do seu tempo.
À noite, fazia gosto encontrar com pessoas da sociedade Natalense, que se deslocavam por mais de 400Km, para gozar do frio serrano.
Muitos casacos, usados nos passeios da Europa, eram tirados do “bau”.
Enfim, como diriam os cronistas, eram noites de glamour.
AS ESTÓRIAS – LAMPIÃO O REI DO CANGAÇO
Luizinho é um irmão de Mazé, que, mais uma vez, foi eleita Prefeita lá de Martins.
Quando da primeira vitória dela, Luizinho tomou um grande porre, e, totalmente embriagado, “no meio da rua”, em frente da sua casa, passava a peixeira no calçamento, como se diz: “tirando fogo”, para afrontar os seus vizinhos, que foram contra à candidatura da sua irmã.
E tem mais, para tornar a cena mais horripilante, gritava: AQUI É LAMPIÃO, O REI DO CANGAÇO.
Porém tal demonstração não demorou muito, pois alguém foi chamar a polícia.
Luizinho, ao ver a viatura com os policiais, fez carreira, passando por dentro do terraço da sua casa, descendo a aba da serra, em toda a velocidade, que as pernas, e a cachaça, permitiam.
Na passagem, sua mulher, que há tempos lhe pedia para “parar com isso”, gritou: VOCÊ NÃO É O LAMPIÃO, REI DO CANGAÇO?
E ele, na carreira, respondeu: EU AGORA, SOU É MARIA BONITA.
E desceu em desembalada carreira, que nem os policiais viram pra onde ele foi.
A CACHAÇA DE MUITOS ANOS
Quando estive por lá, da última vez, Luizinho ainda possuía um restaurante, com excelentes comidas típicas, e uma mercearia, integrada.
Por curiosidade fomos olhar as antigas prateleiras e descobrimos algo como 30 garrafas de cachaça, cuja idade, nem ele sabia precisar. Algumas, não tinham mais rótulo. As traças tinham roído.
Como ocorria muito, no interior, novas aquisições, ao chegar, eram colocadas nas prateleiras, ficando as remanescentes, escondidas pelas novatas e assim, as coisas iam se sucedendo.
Como, normalmente, não há o costume de “limpar”, pelo menos passar um pano úmido a cada seis meses, o estoque vai ficando escondido, e, somente por acaso, descobrem-se as mais antigas.
O fato é que compramos o velho estoque.
Como pretendia voltar breve, deixei ainda algumas garrafas por lá, que, com certeza, já encontraram novo dono, pois isso, faz muito tempo.
GRANDIOSO EMPREENDIMENTO
Nesses dias de agora, recebi pelo zap, o material de divulgação de um empreendimento, em construção em Martins, indiscutivelmente grandioso: “o maior parque aquático do Rio Grande do Norte”, assim diz a propaganda.
Apenas para dar uma ideia: toboágua com 110m de extensão, 11 piscinas, tirolesa e casa de show.
Enfim, fazendo jus ao desenvolvimento alardeado pelo meu amigo Tertuliano Pinheiro, um entusiasta atual pela cidade de Martins.
Mandei para ele ver o progresso chegando, e se lembrar de me convidar, quando for para as bandas de lá, que já deve estar bem diferente dos tempos que por lá andei.
O TERRENO EM SOCIEDADE
Esse empreendimento, me fez lembrar uma possibilidade que VIVI, de fazer um bom negócio na cidade de Martins.
Não sei como a área se encontra hoje, porém, na época, era um grande sítio, que se iniciava próximo ao Mirante da Carranca e terminava naquela pedra, que, da estrada, com boa vontade, vemos a imagem do Cristo.
Descobri esse bonito terreno, e entrei em negociação com o proprietário.
De uma pedida no valor de R$60.000,00, conseguiria “fechar” por R$45.000,00.
Contando a história ao pessoal com quem eu ia para o festival gastronômico, eles me pediram para abrir à possibilidade de uma sociedade.
Deveria, apenas, aguardar que recebessem um determinado dinheiro, e compraríamos, juntos.
Mesmo não precisando de sócios, aceitei a proposta, pois a ganância, não faz parte dos meus costumes ou comportamento.
Na verdade, poderia até ter pago, e depois, resolveríamos a sociedade, mas fui convencido a não fazer isso, pois o dinheiro “eram favas contadas”, o tempo de recebimento era “pra já”, enfim, não traria nenhum problema, se aguardasse.
Ocorreu, que eles não receberam o tal dinheiro, no prazo previsto e acordado. Como cavalo selado não passa duas vezes, quando procurei o proprietário, ele tinha vendido a outro.
No ano seguinte, conversando com o novo proprietário e empresário do condomínio que se instalava no local, ele me falou que tinha tido um lucro líquido de 10.000%.
Lamentar, o que?
Nunca me dei bem mesmo, com negócios em sociedade!
O único negócio em sociedade, que não tive prejuízo, foi na Boate A Vela, no Iate Clube de Natal.
Eu e Cláudio Burrão, éramos os sócios. Bebíamos o lucro diário, e, ao final, dividimos o patrimônio: fiquei com o amplificador e Burrão com a discoteca.
Antônio José Ferreira de Melo – Economista, antoniojfm@gmail.com
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