COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DO OLHAR –

O OTIMISMO E O PESSIMISMO

Salvo engano, foi num dos escritos de Armando Negreiros, que li a história dos dois irmãos que tinham características opostas, sendo um pessimista e outro otimista.

Conta que, no natal, na noite de Papai Noel, o pessimista, quando acordou, viu junto da sua rede, uma bicicleta trazida pelo “bom velhinho”.

Sua reação foi de reclamação, pois, já imaginava as quedas, que levaria, e os ferimentos que sofreria, inclusive com a possibilidade de quebrar um braço ou uma perna.

Junto à rede do otimista, seus irmãos mais velhos, por brincadeira, tiraram o presente que ele tinha pedido, e colocaram uma “vasilha” com cocô de cavalo, para ver a sua reação.

Acordando, com o barulho das lamentações do irmão pessimista, ele olha para baixo rede, e, ao ver a bosta de cavalo, se levanta e sai aos gritos: cadê meu cavalinho, cadê meu cavalinho?

Pois é. São olhares diferentes.

O amanhecer não é sempre igual, bem como o anoitecer, e, muito menos, o transcurso de cada dia.

Porém, cabe a cada um de nós, receber e enfrentar cada situação, com o olhar que melhor se nos apresente, de forma a encarar a realidade, com serenidade, procurando viver a vida, da melhor forma.

Para isso, o mundo não pode ser visto com pessimismo, porem com um realismo mais próximo do otimismo, pois isso nos ajuda a viver melhor.

Temos visto, nos tempos recentes, muitas ameaças ao que sempre estivemos acostumados, sendo bombardeados pela imprensa com notícias alarmantes e negativas, muitas vezes, mentirosas.

A televisão não é mais um veículo de informação. É um instrumento para causar pavor.

O OLHAR NA ANTIGA INFÂNCIA

Sou do tempo que os pais preparavam os enxovais para o filho, cujo nascimento se aproximava, conforme a previsão do seu sexo.

Azuis para os machos e cor-de-rosa, para as fêmeas. Apenas um problema: não se contava com as tecnologias para uma identificação segura e a coisa funcionava mais na base nas “experiências” ou “achismos”, baseados na forma da barriga da mãe, ou até levando em consideração as condições lunares.

O fato é que, desde o nascimento, os ditames da natureza eram respeitados, e os humanos, como quaisquer outros do reino animal, eram previsíveis à procriação.

Obviamente; existiam aqueles que costumávamos chamar de “mal criados”, ou criados pela avó ou pelas titias, que, via de regra, se desviavam dessa função.

Fomos acostumados numa época de liberdades, quando o mundo parecia ser todo nosso.

Corríamos pelas ruas, que eram verdadeiros campos, na cidade.

Íamos para a fazenda, durante as férias do meio do ano, e era quase que uma extensão da nossa vida diária, nos nossos campos citadinos.

No final do ano, nosso destino era a praia, onde continuávamos nossa vidinha livre e de traquinagens.

No colégio, tínhamos, apenas para nos conter, o rigor da disciplina, porém, nós, os meninos, desfrutávamos de muitos momentos de brincadeiras, jogando bola e praticando outras atividades masculinas, e até brigando de murros, sob os incentivos e as vaias, da “torcida”.

As meninas, estudando nos colégios para o sexo feminino, tinham lá as suas brincadeiras, normais ás coisas de meninas.

Enfim, não tinha essa história de decidir se era menino ou menina.

Era cada um com seu cada qual.

O OLHAR NA JUVENTUDE

A nossa juventude, não conheceu grande cerceamento da liberdade.

Às vezes, eram criados “receios”, quando aparecia alguma coisa estranha, que a imprensa “criava”, ou os adultos inventavam.

Lembro muito bem, que na passagem de 1959 para 1960, íamos pela rua Açu, em direção à Catedral Velha, para à Missa de “Ano Novo”, na expectativa de que a meia noite, “nego ia virar macaco”.

Foi uma das tais invenções, e, como na época não existia essa história de preconceito, nem o perigo de ser processado por racismo, até música foi feita, falando nessa metamorfose.

Muitos de nós começaram a fumar muito cedo, pois isso nos fazia se sentir adultos.

Era no tempo que os caubóis americanos representavam a intrepidez e a coragem, e eram a própria figura do “macho”.

Namoramos muito, apesar dos controles maternos e paternos das meninas, e conquistávamos as preferidas com serenatas, e também galanteios, durante os momentos de paqueras, quando íamos “ver” a saída dos colégios femininos.

O assédio, certamente atrevido, porém respeitoso, fazia parte do processo.

As garotas, aos quinze anos, já possuíam os pretendentes, e os pretendentes já, aos dezessete anos ofereciam, compradas com o dinheiro dos pais, uma “aliança de compromisso”.

Às vezes, já nos sentíamos da família das namoradas, pois, quase sempre, íamos junto com os irmãos delas, para os “assustados”, aniversários e até para as matinês dos clubes sociais.

Formávamos uma família de adolescentes e nos confundíamos.

Era assim o olhar na juventude.

O OLHAR NA IDADE ADULTA

Ficamos adultos, mais cedo do que devia.

Sem dúvida a precocidade dos relacionamentos e a rápida aproximação da “idade de casar”, contribuiu para isso.

Com o avançar da idade, as liberdades iam sendo conquistadas, proporcionando, aqui e acolá, um avanço mais atrevido.

Por conta disso, alguns engravidamentos ocorriam, e também, os apressados nos acasalamentos “fugiam”, para antecipar ou tornar irreversível a união.

Com relação às responsabilidades financeiras, tínhamos um mercado de trabalho pouco competitivo, e era normal, estar empregado, as vezes, antes de concluir o curso superior e até, ainda no “curso ginasial”, se, no durante, completássemos os dezoito anos.

O Estado, assim compreendidas as administrações Federal, Estadual e a Municipal, era o grande empregador.

Não foi sem sentido, que se formaram, como grandes técnicos, jovens que “entraram” para administração pública, ainda imberbes, antes ou durante a sua formação universitária.

O OLHAR PARA O FUTURO

Hoje, com felicidade, recordo o que se passou, e penso: como as coisas mudaram…

Não tenho saudades, pois saudade é coisa de poeta, que vê a realidade como sonho, enquanto a vida, é feita de coisas concretas.

O que passou, não volta mais, e não adianta querer trazer o passado para o presente.

O bom, é ter boas lembranças.

Digo para mim: Tota, Expedito tem razão: A VIDA É COMO ELA É.

Nada é definitivo, a não ser a expectativa do final, e, não adianta querer alterar, mesmo sem saber como vai ser.

Quando me veio a lembrança de Expedito, eis que toca o celular.

Diga quem era? Ora, ora. O próprio.

E eu falo. Expedito estava agora mesmo me lembrando da sua filosofia, quando diz que a vida não muda e não adianta espernear.

E apóis, Dotô? E num é mermo?

Por falá nessa história de novo olhá, onti eu tava lá na praça, cunversano cum as minina lá da facurdade, e falava qui num sei mais como imaginar o qui vai acontecer cum meus neto.

Num sei comu vô olhá o futuro.

Eu digo, cum meus neto, purquê inda acho, qui daqui prá eu partí, essa tal de NOM, num vai vingá.

Porêm, o cumunismo já insiste no Brasil.

Me fazendo de doido, eu pergunto: como assim, Expedito? E, por acaso, Bolsonaro é comunista?

Dotô, puramô de Deus. O sinhô sabe inté dimais.

Quem tá mandano no Brasil, são os sinistro do STF, tudo, cumunista, qui fais lei, sem sê deputado e nem senadô, dicide si uma obra vais sê feita ou não, sem sê du isecutivo, comu o Prisidente da República, e inté sorta bandido comu o Lula e manda prendê, quem qué, sem sê puliça.

O tal do Alexandre Imorais, advogado do PCC, é a vedeta, qui vê e manda hoje no Brasil, comu si olhace e mandasse nas piniquera da casa dele.

O tá de Boca di Viludo, qui é bicho corajoso, pois fais o qui eu num tenho corage di fazê, é outro bandido, qui qué intregá o Brasil prá China cumunista.

Mais sabi o qui eu achu?

Esse povo do stf tá berflando, e num tem ficha prá sustentá a aposta.

Ói Dotô, hogi, adespois dos grande movimento do dia 7 de setembro pelo Brasil afora, mermo cum o isperniá do tal de Fux, aquele qui Zé Dirceu fez um bando di denunça, acho qui as coisa vão mudá.

Si o stf, num intregá a cabeça di Alexandre Imorais, fica inté difirci de imaginá como vai sê, mais eu acho qui os sinistro, vai afroxá.

Mermo qui os militá diga qui num vão dá um gope, nunca si sabe qui arma eles vai usá.

O Presidente Bolsonaro é bocão, mais, até certu ponto, ele tá cum as costa larga, e pricisava dizê o qui ele disse.

Olhi, Bolsonaro já apanhou dimais, e, afinal, o povo tá cum ele, e quem dá podê a ele, é o povo.

Dotô. Os militá tombém sabi disso.

Ói Dotô, pur otro lado, essa raça de cabra rim, lá do Lesgislativo, tombem, tá tudo cum o K na mão.

Comu si diz, qui quem tem, tem medo, esse ajuntamento di gente, qui acontecêu, vai dá certo.

Si os sinistro num tava creditando qui Zé trovão ia fazê o qui prometeu, si inganaro.

Tá bem, Expedito. Eu concordo com você. Vamos torcer para sair dessa com o mínimo de arranhões.

Rezo para que meus netos possam viver num regime de liberdade, que é o bem mais precioso que nós temos.

O olhar para o futuro, está precisando de óculos, para aqueles que não conseguem ver a realidade.

É verdade Dotô. Já sastifiz com o papo, e agora, vô trocá umas ideia cum uma amiga qui chegou puraqui, atrás de jogá cunversa fora, e vô aproveitá esse frio da noite do Seridó, prá beber umas dose de cachaça Extrema, daquela qui o sinhô me mandô.

Inté mais vê.

Você é que tá certo Expedito.

Aproveitando a sua ideia, vou chamar um UBER, para ir ao Clube dos Radioamadores, beber uma cervejinha gelada e comer uma ova de curimatã. Quem sabe, também um goiamum cevado, que Edgar sabe fazer muito bem.

Ainda escutei Expedito dizer: “é, não intendi muito o Dotô. Nun sei si ele tava sastifeito ou preocupado”.

Mais, dexa prá lá. A vida é como ela é. Num adianta olhá cum cara feia.

Eu num quero tê razão. Eu quero é sê filiz.

Vamo lá minha fia, qui o tempo é curto.

 

 

 

Antônio José Ferreira de Melo – Economista – [email protected]

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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