COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DO REFÚGIO NA PANDEMIA –
O REFÚGIO NO SÍTIO LAGOA VELHA
Durante os primeiros meses da pandemia, no ano passado, quando me escondi em Gameleiras, passaram-se esses fatos, que eu anotei, mas não dei forma, para publicação.
Foi nesse tempo, quando qualquer espirro assustava, e viver recluso no Sítio Lagoa Velha, em Monte das Gameleiras, era se achar protegido de tudo.
Na verdade, estou pensando em fazer isso de novo, pois a situação não está para brincadeira.
O Sítio Lagoa Velha é uma coisa diferente.
Lá só vai quem a gente quer, e é proibido falar mal dos nossos amigos.
Lá reina a paz, e o seu silêncio é de doer nos ouvidos.
Ouve-se até, o barulho das asas dos beija flor, quando o canto dos galos de campina, dos senhaçus e das pegas, permitem também escutar o grito ou o pio dos mocós.
O nascer do sol e da lua, na serra, são apenas comparáveis com o nascer no mar, cada um com as suas distintas belezas.
Do clima, não se fala.
A partir das 14horas, começa a “soprar” os ventos que vem da região de Tibau do Sul, e ao subirem a serra, vão esfriando.
Então, dificilmente, temos uma noite de pouco vento, ou de calor, a não ser quando “se prepara” para chover, que é quando o tempo “fica parado”.
Chegando a chuva, aí, é frio mesmo.
O CHURRASCO NA PANDEMIA
Num sábado desses, como faço com a frequência semanal, no Sítio Lagoa Velha, estava eu, tranquilo, sem nenhuma motivação excepcional, aguardando que o carvão virasse brasa, para assar o colchão de uma porca de seis meses, morta naquele dia, além de outros itens, quais sejam, costelas da porca, carne de sol de uma chã de fora gorda, e linguiças diversas.
Niel, meu funcionário, sua mulher Ana, e seus filhos Raniel, Miguel e Emanoel, que, por sinal, todos se chamam João, constituíam o meu grupo companheiro, nesses tempos de isolamento.
Foi quando recebi a prometida visita de Bento, o dono do supermercado, acompanhado do seu capanga de cachaça, “Tirrino”, que veio me trazer, de presente, um filhote da raça miniatura pinscher, e me acompanhar numas doses de Cachaça Extrema, com limão comum, para espantar o vírus chinês.
Esse era o cenário.
Toca o telefone.
Diga quem é?
Expedito.
Atendi a ligação, mas tratei logo de justificar a impossibilidade do papo, em função de estar, recebendo “visitas”, e que seria descortês, não lhes dar atenção.
Ele entendeu, de imediato, e ficou de me ligar no dia seguinte, pela manhã.
IMAGINANDO A LIGAÇÃO
Pensei comigo mesmo. O que será que Expedito trará de novidades ou de questionamentos?
A semana não tinha maiores ocorrências.
Bolsonaro seguia, tranquilo nas suas negociações políticas, a sanha maléfica de “Alexandre de Imorais”, como diz Expedito, não era mais novidade, apenas a mais gritante, da época, foi a prisão do jornalista Osvaldo Eustáquio, que denunciou as falcatruas de “Vivi”, a mulher dele, que é sócia de Medina, o homem da merenda escolar, de São Paulo.
O blogueiro preso, tinha apenas revelado que a mulher dele, tem um escritório em sociedade com Medina, e vendem proteção nos Tribunais Superiores, obviamente, também no STF, o que, também, é o caso da mulher de Toffoli e da mulher de Gilmar Mendes.
Queiroz, tinha sido preso, na casa do advogado de Flávio Bolsonaro, lá em Atibaia, no paraíso de Lula, que não é dele, é de um amigo dele, onde apenas guardava seus objetos pessoais e os pedalinhos dos netos.
Enfim, nada de novo, ou importante existia.
O que danado seria o assunto de Expedito?
A LIGAÇÃO DO DIA SEGUINTE
Conforme o combinado, Expedito me liga no domingo, porém, exatamente na hora em que começaria o programa de Nelson Freire, entrevistando o meu colega de colégio, e meu amigo, o Dr. Ney Fonseca.
O jeito, era deixar para ver o programa através dos recursos da Internet.
Diga, amigo, o que é que manda?
Falei.
Expedito, como se estivesse lendo meus pensamentos, diz: Nada dimáis “Dotô”, apenas vontade de cunvesá.
Apesar de não poder ver programa “Ponto de Vista”, falei: ótimo que você tenha ligado, para botarmos os assuntos em dia.
Aqui tá tudo parado.
Os meninos não vieram pra Gameleiras neste fim de semana, Niel foi visitar uns amigos dele, lá no Magalhães, e eu estou por aqui, pensando o que fazer.
Dotô Antonio. O sinhô tem visto o caso desse nego qui tá passando na televisão? O sinhô chegou a ver a “folha currida” dele?
Dele quem Expedito?
Do nego que a pulíça matou, homi.
Qual deles Expedito? Lá no morro do Rio de Janeiro?
Não homi, la dos Istados Unido, qui morreu sem forgo, cum o puliça apertando as guéla dele cum o juelho.
Sim. Tá certo, agora entendi. Tenho visto sim.
Aqui prá nois. Eu acho qui foi bem empregado. Diz ele.
Dotô Antonio, vi uma jornalista lá dos “estrangeiro”, dizer, qui ele tinha uma ficha de crime, grande e pirigosa. Ele era um criminoso violento, durante a vida inteira.
Disse que ele foi preso 9 vez, por droga e rôbo.
Agora, me diga uma coisa. Esse povo, que só tem de querê, um mutivo, prá fazer movimento na rua, num trabaia não?
Passaram bem uns quinze dia, pra lá e pra cá, era uma “caninga” danada, só fazendo “zuada”, derrubando “istátua” e jogando dentro d’água.
Aqui no Brasil, esse povo da isquerda ainda se “penerô”, mas agora, sem o nosso dinheiro, que o PT sustentava esse bando de vagabundo, a coisa tá diferente.
Paráro logo.
ANTONIO FERREIRA E OS PRETOS
Expedito, realmente, esse povo parece ser desocupado, ou pago por alguma organização, pra fazer movimento.
Diga mesmo, se eu ia prestar para me envolver em qualquer movimento desse, defendendo ou acusando preto ou branco.
O único movimento que eu topo participar, é para defender Bolsonaro, pois é por conta dele que o Brasil, apesar dos pesares, ainda está numa situação razoável.
Dotô, pur Bolsonaro, eu vô até de apéis, rezá prá Santa Rita de Cácia, do Deputado Tomba, lá im Santa Cruz.
Expedito, você sabe que eu não tenho nada contra quem tenha a pele seja lá de qual cor, for.
Eu sei “Dotô”, ora si sei. Si alguém me perguntasse si o sinhô tem alguma coisa contra preto, eu ia mandar para a PQP.
Convivi cum Antonio Ferreira, da Fazenda Alvorada, e sei di sua amizade cum o povo da região, na maioria, preto.
Verdade Expedito. Nunca tive problemas com a cor da pele de ninguém. O povo daquela região, é descendente dos quilombos, que formaram as atuais comunidades de Sítio, Coqueiros, Aningas, e também do Capim de Luiz Bucha.
Povo bom, trabalhador, e amigo.
Pois é. Diz ele. Vi muita brincadeira, na fazenda ou nas comunidade, di dia ou di noite, com a presença dus seus amigos, cantando emboladas ou ouvindo as músicas do “Regional do Capim”, com Cioba no cavaquinho e Nazareno no trombone.
Ou coisa boa, “Dotô”. Bons tempos aqueles, “Dotô”.
FIM DE PAPO
Quer saber de uma coisa? Diz Expedito.
Eu ia falá sobre pulítica, mas os “minino e as minina” aqui do sítio, iscutando as cunversa, estão me pidindo pra contar as coisas do passado, e eu vou dexá os assuntos desses “troços” de Botafogo, de Alexandre Imorais e dus sinistro do STF e dus outro ladrão, pra depois, e falá das coisa boa da Fazenda Alvorada.
Dotô, posso contá daquelas minina qui vinha di noite, lá de Istremois, tumá banho na picina, e parece qui isquicia os maiô?
KKKKK. Já sei a resposta. Vou falá não. Aí é dimais!
Sim, Dotô, tenho novidades pra contá, mais só de outra veis.
É sobre Nana, minha acumpanhêra do momento.
Então, escuto o grito.
Nanaaaa ou Nanaaaaa, traga aquele garrafão de Cachaça Extrema que o “Dotô” Antonio mandou, e bote essa carne seca prá assá.
Até a próxima “Dotô”.
Foi a despedida.
Antônio José Ferreira de Melo – Economista – antoniojfm@gmail.com
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