COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DO VERANEIO DE PIRANGI, DADÁ E ZÉ MARIA-
A FEIJOADA DE DADÁ
Em Pirangi, a casa de José Maria Figueiredo era vizinha à casa de Salvador Lamas e o muro de separação não tinha muita altura.
Dadá, mulher de Zé Maria, sempre aos domingos, reunia irmãos, tios, sobrinhos e amigos, preparava um farto almoço, do qual não faltava uma grande feijoada.
Certa vez, contando com a ajuda de Amadorzinho Lamas, irmão de Salvador, pulamos o muro, entramos na cozinha e furtamos a feijoada.
Enchemos a panela com água e colocamos uma pedra de paralelepípedo para fazer peso.
Enquanto esperávamos as acontecências ficamos no terraço da casa de Salvador, bebendo e usando o caldo do feijão como “tira gosto”.
Na hora de servir o almoço escutamos o grito de Dadá: acuda Zé Maria que roubaram a feijoada. Só pode ser coisa de Toinho e Salvador.
A brincadeira tinha atingido o objetivo e entregamos a feijoada por cima do muro.
A CUECA DE ZÉ
Dadá era o que podemos chamar de uma “alma boa”. Nunca perdia o bom humor.
Inventamos uma história na qual Zé Maria chegava em casa e quando foi tirando a roupa, Dadá perguntou: Zé Maria, cadê a cueca? E Zé, tomado de surpresa e, sem saída, disse: roubaram.
Ela ria com a brincadeira.
Aqui pra nós. De tanto repetir a história terminamos achando que foi verdade mesmo.
O BUGRE DE DADÁ
Certa vez, durante um dos veraneios, Zé Maria comprou um bugre novo para Dadá, e, logo na primeira noite, surrupiamos o presente.
Empurrando, escondemos na casa de Ribamar de Aguiar, que estava desocupada, e o rastro, apagamos com umas palhas de coqueiro, contando ainda com a contribuição dos céus, que mandou uma neblina na madrugada.
No dia seguinte, acordamos com o alvoroço.
Dadá gritava: não é possível, roubaram meu presente que José me deu com tanto carinho. E agora, meu Deus?
Dadá era muito religiosa. Acreditava, até, nas coisas de Zé Maria.
Zé dizia: puta que pariu, só acontece isso comigo. Tanto carro pra esses FDP roubar e vem escolher logo o meu!!!
Eliane, mulher de Salvador Lamas, com as suas origens de Ceará Mirim, mandou que as mucambas fizessem um café, para acalmar Zé e Dadá.
Eu, chegando, disse: bem empregado. Ao invés de pagar as contas vai comprar carro financiado.
Quase que Zé bate em mim.
Na época Zé Maria era pobre e fez um grande sacrifício para comprar o Selvagem, provavelmente querendo se redimir de alguma presepada.
Desconfiávamos disso.
Como não dava para comprar outro e Dadá não ia ficar satisfeita, ele não sabia o que fazer diante da situação.
Essa era a sua grande preocupação.
O bugre estava bem “guardado” e como não era possível ver o local do esconderijo, ninguém conseguia encontra-lo.
Carlos Fernandes de Araújo Lima, o meu amigo irmão, Limarujo, que estava passando o final de semana na minha casa, com a sua “criatividade”, até agua benta inventou para rezar pela volta do bugre, o que contribuiu para a solução.
Montamos o GTPRBDD – Gabinete de Trabalho Para Resgate do Bugre De Dadá, no terraço de Zé Maria e, bebendo as cervejas dele, depois das rezas, promessas e muitas hipóteses levantadas para o desaparecimento, conseguimos “encontrar” o bugre de Dadá.
Aí, foi partir para o abraço, e tome cerveja e tome festa, na casa de Zé Maria, que depois do “alívio”, não fazia conta das despesas.
Antônio José Ferreira de Melo – Economista – antoniojfm@gmail.com
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