COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DO VERANEIO DE PIRANGI, DIVERSOS – Antônio José Ferreira de Melo

COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DO VERANEIO DE PIRANGI, DIVERSOS –

No veraneio de Pirangi, muitas vezes, inventávamos programas diferentes para não ter que ficar somente bebericando nos alpendres das nossas casas, e saíamos em busca de alternativas, para passar o tempo.
A alegria era o centro de tudo e o divertimento era a meta.

Certa vez, saímos, eu, José Rocha, nessa época Presidente do Tribunal Regional do Trabalho e José Maria Figueiredo, da FACEX, sendo eu o motorista do bugre Selvagem, construído por Marcos Neves.
Passamos primeiro na casa de Geovane para comer uma paçoca feita por Adalva, que veio a abrir o Restaurante Paçoca do Pilão.

Depois de umas cervejas fomos arranjar o que fazer na Praia de Cotovelo e, sem querer, encontramos Guga, o meu amigo Augusto Coelho Leal, que, na sua casa recém-construída, lutava, há dias, para equilibrar o PH da piscina.

Para que nos servisse bebida ameaçamos pular na água – o que colocaria a perder todo o trabalho que vinha desenvolvendo. Não pularíamos na piscina, mas valeu a ameaça. Ele muito “solicitamente”, nos ofereceu o que beber.

Saindo da casa de Mestre Guga e voltando para Pirangi, paramos na casa de Kleber Bezerra e concluímos, de imediato, que ele não se encontrava, pois chamamos muito, e somente com bastante tempo uma funcionária apareceu.

Zé Rocha dirigindo-se à empregada disse que tínhamos sido encarregados pelo Major Theodorico para vir buscar um vinho.
A empregada acreditou na conversa de Zé, mas afirmou que não sabia qual era a bebida.
Então, Zé Rocha virando-se para mim, disse: motorista vá ajudar a trazer as garrafas. Eu desci e fui executar as ordens recebidas.
Tinha um vinho do Porto, uma garrafa de um vinho importado que eu não lembro mais qual era e uma garrafinha de Château Duvalier.

Entregando a Zé Rocha as duas primeiras eu disse: essa aqui, a garrafinha, podemos deixar.

Nesse momento, Zé, com bastante autoridade, diz: o que motorista? Você não sabe que esse é o vinho que o Major Theodorico mais gosta?

Sem me aguentar subi no Selvagem e tive que parar mais adiante, longe da vista da empregada, para rir até passar a dor.

JOÃOZINHO GAGO E A GINCANA

Joãozinho Gago é o meu amigo João Dantas, que foi meu sócio numa criação de coelhos. Ele não tem somente o apelido, pois gagueja mesmo!!! No nosso tempo de juventude, lá pelos anos 60, tínhamos como brincadeira pedir que ele dissesse o nome do cronista social J. Epifânio. Ele dizia: Xoxota Eeepifânio.

Além da gaguice, diga aí um homem presepeiro! Ocorria uma gincana durante o veraneio de Pirangi e uma das tarefas era trazer um gago para fazer um discurso de cinco minutos.

Joãozinho estava em casa, deitado numa rede, e ouviu o desafio, pois o som dos alto falantes era bastante alto.
Imaginou logo que ia sobrar para ele, e não deu outra, pois não demorou muito e chegaram os meninos da vizinhança para “sequestra-lo”.

Joãozinho foi com toda a boa vontade, dar a sua contribuição à turma, e como o desafio era trazer um gago para fazer um discurso de 5 minutos, João recebeu o “mote” e iniciou a sua falação.

O fato é que, para surpresa de todos, ele falou durante os cinco minutos sem gaguejar e a equipe foi desclassificada.
O Dr. Ney Fonseca, veranista da vizinhança, que também escutava o desenrolar da gincana, acompanhando o desfecho do caso, viu que isso era um verdadeiro absurdo.

Saindo do seu terraço, foi até a comissão da gincana e deu o seu depoimento: A GAGUIÇE DE JOÃOZINHO GAGO,

NÃO SE DISCUTE.
Diante dessa afirmação categórica, feita pelo conceituado médico Ney Fonseca, os juízes concederam os pontos à equipe.

A VIAGEM DE ZÉ GARCIA NO FUNCHAL

É natural que ao fazermos uma viagem, passamos um tempo querendo compartilhar os acontecidos. São os fatos engraçados, comidas gostosas ou exóticas, paisagens ou lugares inimagináveis e por aí vai.

Num desses veraneios, Zé Garcia, que veio a instalar o Recanto do Garcia, no Pium, fez uma viagem internacional – salvo engano, no FUNCHAL – e não parava de contar suas experiências, algumas delas repetidas várias vezes.

Alguns não aguentavam mais escutar, de novo, e conseguiam uma maneira de se afastar. Como eu lhe dedicava toda a atenção, ouvia seus relatos repetidos, sem demonstrar insatisfação. Inclusive, sugeria que falasse sobre outro, que eu já conhecia, mas que não tinha sido “contado” naquela ocasião. Era uma gozação respeitosa.

José Maria Figueiredo, submetido a uma situação semelhante, resolve usar a minha estratégia.

Porém, Zé Garcia, desconfiando da cena, lhe dá um bruto esporro, dizendo que ele estava querendo lhe fazer gozação.

Foi no terraço da minha casa e eu precisei acudir para evitar um aborrecimento de verdade.

O BOLO DO ANIVERSÁRIO DE GERALDO

Num início tarde de veraneio, saí, juntamente com Ivinho, o meu amigo Ivens Trindade, para fazer algumas compras.

Como ninguém é de ferro resolvemos beber uma cervejinha, e só voltamos para casa no final da tarde, que, na verdade, já era noite.

Passando na frente da casa de Geraldo Batista, o homem da COMPERV, vimos um grande bolo de aniversário na mesa da sala e logo veio a ideia de fazer uma brincadeira, que não era nada menos que furtar o bolo.
Nas décadas de 60 e 70, vivíamos de portas abertas, dormíamos nos terraços e, portanto, a despreocupação era uma forma de viver.

Concluímos que o pessoal estava jantando na cozinha e sorrateiramente entramos e surrupiamos o bolo, que, obviamente, seria devolvido depois do susto.
Ivinho, para melhor transportar o grande bolo sentou-se na parte traseira do Bugre, colocando bolo nas pernas e os pés em cima do banco.

Sabe-se que essa não é uma posição segura e, infelizmente, ficou comprovado.

Sentindo certa movimentação na casa, arranquei um pouco mais forte do que devia e Ivinho para não cair do carro jogou o bolo por cima da cabeça, que veio a se espatifar no chão.

O aniversário de Geraldo foi comemorado sem bolo.

Hoje, as coisas estão muito diferentes. Mas, era assim o veraneio de Pirangi.

 

Antônio José Ferreira de Melo – Economista antoniojfm@gmail.com

 

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