COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS QUE AS PESSOAS ACHAM QUE É CERTO –
COISAS CERTAS NO LUGAR ERRADO
É muito comum, que pessoas, até de bom nível de escolaridade, querendo mostrar sapiência, usem palavras ou termos corretos no lugar errado.
Ocorre também, o uso de termos, digamos assim, “deformados”, o que também, fica esquisito, escutar ou ler.
Tive colegas de trabalho, ou mesmo amizades, que sempre traziam novidades linguísticas, inventando termos, e assim, fugindo das regras do palavreado normal.
Na antiga Assessoria de Planejamento Coordenação e Controle, do Governo do Estado, nós dizíamos que íamos elaborar um dicionário com os termos de um dos nossos colegas.
Seria o dicionário de “Manoel Cachorrão”, apelido, que, obviamente, não tem nada a ver com o nome do nosso colega.
Como, na época, a existência do computador ainda era para poucos, e, para não confiar somente na memória, usávamos uma “caderneta”, onde, quando tinha alguma programação ou surgia “uma novidade”, anotávamos.
LEMBRANDO AS AGENDAS DE ANTIGAMENTE
Falando em anotar, com a finalidade de recordar, me lembrei agora, das agendas para anotação de compromissos.
Era comum que as empresas ao final/início, de cada ano, presenteassem seus clientes, com as celebres agendas.
Algumas, eram disputadíssimas, pois além de sua boa apresentação, ainda traziam informações diversas para atender às várias categorias profissionais.
Hoje, os smartphones e o Google, tornaram tudo isso desnecessário, uma vez que, até o mais simples celular, serve para essa finalidade.
QUEIMA DE ARQUIVO
Voltando a tratar do “arquivo de “Manoel” Cachorrão”, cumpre-me comunicar que o mesmo foi destruído, e, portanto, depois de decorrido, tanto tempo, obviamente, não vou mais me lembrar de muita coisa.
Manoel percebeu que eu fazia anotações de sua forma de falar, e constatou a existência do “arquivo”.
Encontrando o meu “bureau” aberto, surrupiou a folha de anotações e rasgou, me participando, depois, o seu ato, o que, obviamente, levei na brincadeira, e que passou a fazer parte do nosso “folclore”.
Porém, não posso me esquecer algumas passagens.
CABO CONTRA INTERFERÊNCIA
Na época das “fitas cassete”, para ter os lançamentos musicais, ainda não disponíveis nas lojas de discos, nós gravávamos, direto das rádios.
Evidentemente, existia a possibilidade de captar algum som indesejado, produzido no ambiente da gravação.
As interferências locais, poderiam ser, por exemplo, um galo cantando, a mãe gritando para que fosse atendida alguma necessidade, pisadas ou qualquer outro som, fora da programação.
Da parte da emissora, quando, no meio da transmissão, divulgava o seu prefixo, ou fazia qualquer outra observação, obrigava aguardar, uma outra oportunidade, para que fosse feita a gravação desejada, desgravando o que tinha sido registrado “com defeito”.
Tentando evitar as tais interferências locais, do ambiente de gravação, mandei fazer um cabo, que transferia o som diretamente para o gravador.
Chegando para o trabalho, com aquela “invenção”, Manoel Cachorrão, me perguntou para que servia aquele cabo.
Depois que eu expliquei, ele falou: “ah! Assim vai ficar melhor, porque não tem “interceptação”, querendo dizer “interferência”.
AS AMAZONAS
Tive um outro colega de trabalho, com o qual viajava muito.
Certa vez, na estrada, nos deparamos com três bonitas garotas, montadas em cavalos.
Ele falou: Olha Toinho, veja aí, três “amazônias”.
O meu colega queria dizer “amazonas”, as mulheres guerreiras da mitologia grega, que, montadas em cavalos, manipulavam arco e flechas, com indiscutível habilidade.
O BAR SEM BANHEIRO
Em outra oportunidade, de noite, estávamos com uma turma, bebendo numa barraca na beira da praia, mas não tínhamos onde fazer xixi.
Depois das muitas cervejas, eu, reclamando da necessidade, e, como era noite, com pouca iluminação na área, ele disse: homem, vai aí de lado e faz.
Para complementar, disse: saia “clandestino”.
O que queria dizer: “disfarçando”, “sem chamar a atenção”.
PERFUME ALEATÓRIO
Na juventude, tive uma amiga que costumava mandar buscar perfume da AVON.
Certa vez, uma sua colega sentindo uma fragrância diferente das que ela costumava usar, mostrou-se admirada com o novo perfume.
Então ela falou: olha eu nem gostei muito dele. Na verdade, eu nem pedi. Ele veio “aleatório”.
Que seria o fato, de não ter programado a sua aquisição.
A CÓPULA DAS CRAIBEIRAS
Nos idos dos anos 70, do século passado, fazendo parte da Diretoria da ANORC, resolvi arborizar o Parque de Exposições Aristófanes Fernandes, e escolhi a craibeira, como a árvore a ser plantada.
Sendo uma espécie da nossa caatinga, tem uma bonita floração amarelo-ouro, que complementarmente, coincide com o período em que, costumeiramente, ocorre a “Festa do Boi”.
Um peão que me ajudava na tarefa, para emitir sua opinião elogiosa, diz: o Senhor escolheu bem. A “cópula” dessas arvores, vai dar um sombreado muito bom.
OUTRAS
Não querendo alongar o “escrito”, vou apenas relacionar alguns exemplos, sem que seja necessária, “a historinha”:
APOCALIPSO = APOCALIPSE
BETONEIRA DO SINAL DE PEDESTRE = BOTOEIRA DO SINAL DE PEDESTRE
PADRINHADO = APADRINHADO
NO FIRO DA NAVALHA = NO FIO DA NAVALHA
A LAINE = ON LINE
ORFATO = OLFATO
VIDE GEIME = VIDEO GAME
FILME REPETITIVO = FILME REPETIDO
TIRO NA QUEDA = TIRO E QUEDA
ALZAINE = ALZHEIMER
DANDOCA = DONDOCA
JANETE NO PÉ = JOANETE NO PÉ
AUTONOMIA = ANATOMIA
Aposto, que muitos, estão acostumados a conviver com ocorrências desse tipo, e possuem muitos termos a acrescentar.
Finalizando, falar “môlha do churrasco”, ao invés de “molho de churrasco”, daqui há pouco, se incorpora no nosso vocabulário, mas, é assim que segue a vida, lembrando do velho bordão: “ENTENDEU? ENTÃO, NÃO AMOLA”.
Antonio José Ferreira de Melo – Economista, [email protected]