COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI : MAIS COISAS DO VERANEIO DE PIRANGI – Antonio José Ferreira de Melo

COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI : MAIS COISAS DO VERANEIO DE PIRANGI –

 

ASSIM ERAM AS COISAS DO VERANEIO DE PIRANGI

Tenho me encontrado, pessoalmente ou pela internet, com pessoas que leem essas coisas que escrevo, sobre o veraneio de Pirangi.

Muitas, mesmo achando factíveis e engraçadas, duvidam de sua veracidade.

Porém, não existem dúvidas. São verdadeiras.

O fato é que, pelo nível de amizade que nos unia, as brincadeiras eram permitidas e, consequentemente, aceitas.

A TROCA DOS MÓVEIS

Inventávamos mil e uma formas de tornar alegre e feliz a nossa convivência durante o período de veraneio.

A nossa resistência física e ao álcool, ainda era grande, e nos permitia prolongar as brincadeiras até tarde da noite, quando muitos já tinham se recolhido e se encontravam “nos braços de Morfeu”.

Eu e Salvador Lamas éramos os mais resistentes e ficávamos maquinando o que fazer e qual “novidade” inventar.

Então, uma vez, no silêncio da noite, inventamos de trocar os moveis dos terraços e daí fizemos “changer” os conjuntos ou como diria no matutês, fizemos um “sangê” dos conjuntos de umas casas para outras.

Depois de todo o trabalho, não teria graça, se não víssemos o resultado. Ficamos acordado até o amanhecer, para observar, do alto do morro onde ficava a minha casa, as funcionárias se deparando com a inusitada situação decorativa.

Ríamos muito, vendo ser feito o “destroque”.

Imagine a cena. As funcionárias de uma casa indo buscar os móveis nos terraços das outras.

O SONO DE ZÉ MARIA

No quesito resistência à bebida, Zé Maria Figueiredo, não era aprovado “com louvor”.

Numa das noites de sexta feira que programei uma brincadeira na minha casa, ameaçamos Zé Maria de alguma represália, caso abandonasse a “festa” antes que terminasse.

Não íamos deixa-lo dormir.

Mas, não deu outra.

Quando procuramos Zé, ele tinha desaparecido.

Conforme a ameaça, fomos atrás dele, que não concordou em se levantar da cama e voltar.

Como seu filho Osvaldinho tinha destruído uma almofada e o material estava na lateral da casa, colocamos alguns pedaços de espuma nas venezianas da janela e tocamos fogo.

Com a fumaça preta, dentro do quarto, Zé teve que sair.

Mesmo reclamando e dizendo as pornografias que costumava usar, voltou para a brincadeira, por mais um tempo.

O SONO DE MARCONE FURTADO

Em outra oportunidade nos deparamos com igual comportamento de Marcone Furtado.

Na verdade, Marcone gostava das presepadas e das bebedeiras, fazia parte, mas adormecia cedo, as vezes, sentado na cadeira onde estivesse bebendo.

Era outro de pequena resistência.

Marcamos uma brincadeira para uma noite de sábado, e, como gostávamos que toda a turma estivesse junta nas nossas reuniões, fizemos um acordo com Marcone, para que ele desse um cochilo durante a tarde, e assim, pudesse “aguentar” mais tempo na farra noturna.

Tudo funcionando à contento, mas, durante a brincadeira e não muito distante do seu início, ao procurar Marcone, ele tinha desaparecido.

Fomos busca-lo, mas, a exemplo de Zé Maria, ele já estava deitado e não concordou em voltar.

Nessa noite estava “dando” aquelas chuvas de verão.

O pintor tinha deixado uma escada escorada na parede lateral da casa, bem juntinho da janela do quarto de Marcone e Celina.

Não deu nem trabalho. Subi e retirei umas telhas.

Marcone teve que voltar para as “atividades”, sob pena de ter que dormir no colchão molhado.

O danado foi a perda de tempo e ainda ter que recompor a área destelhada, sem contar o risco de despencar lá de cima.

O ANIVERSÁRIO DE TRAÍRA

O Engenheiro Antônio Ferreira de Melo, meu quase homônimo, o famoso Antônio Traíra, era nosso companheiro de cachaça na praia de Pirangi, mas sua esposa, muito sisuda, não gostava nada das nossas brincadeiras.

Como ele aniversariava na época do veraneio, ela resolveu fazer uma comemoração, convidando várias pessoas “importantes” de Natal, e nos avisou que a festa seria um tanto quanto formal, diferente das festas que organizávamos.

Passamos o dia bebendo na casa de um e de outro, e, próximo ao horário de início da festa fomos nos “arrumar”.

Passando pela casa de Marcone, vi um patinho que o filho dele tinha ganhado de presente, e, daí, tive a brilhante ideia de fazer uma graça.

Peguei o pato, coloquei numa caixa de sapatos e fiz um embrulho, o mais parecido possível com um pacote de presente.

Minha mulher disse logo que não concordava com a “arrumação”, mas, como eu estava irredutível, ela foi para a festa antes de mim, para não participar do que ela, injustificadamente, chamou de palhaçada.

Para completar o quadro, coloquei uma gravata e pus um paletó, porém vesti apenas um calção.

Ao chegar na festa, estando todo mundo na maior formalidade, já foi motivo de muita risada e Traíra quando desembrulhou o “presente” e o pato saiu da caixa, caiu na gargalhada.

Porém, quem não gostou foi sua esposa, que, dirigindo-se à minha mulher disse: “eu não sei como você, uma mulher tão fina, casa com um cafajeste desse”.

Levávamos tudo na brincadeira.

Fui em casa, troquei de roupa e bebemos até de madrugada.

Era assim, o veraneio de Pirangi daquela época.

 

 

Antônio José Ferreira de MeloEconomista, antoniojfm@gmail.com

 

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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