COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI – OS FUSÍVEIS DE PIRANGI –
Nos idos dos anos 60 um grupo de bons amigos tinha casa de veraneio em Pirangi, onde cachaças e brincadeiras rolavam soltas, como numa grande e unida família.
Não havia malquerença, mesmo quando as brincadeiras eram mais “pesadas”.
Eu, Salvador Lamas e Leonardo Sodré, bebíamos até mais tarde e quando todo mundo estava dormindo, saíamos roubando os fusíveis das caixas de energia, deixando tudo às escuras.
Pelo estado etílico, vez por outra, tomávamos alguns choques, mas não desistíamos, e, ao final, cavávamos um buraco e “guardávamos” os fusíveis para entregar quando as atividades fossem começar, no amanhecer do dia.
Ocorre que, normalmente, nos esquecíamos do local onde eles tinham sido enterrados e ficava todo mundo sem energia nas casas.
Para evitar o comprometimento da “cachaça do dia seguinte” compramos um estoque de fusíveis, para repor quando houvesse esquecimento.
Geraldo Batista de Araújo, grande figura humana, o homem que marcou época como coordenador do vestibular da UFRN, foi o primeiro, em Pirangi, a possuir uma caixa de energia moderna.
Ela tinha DISJUNTOR ao invés de FUSÍVEL.
Ao chegarmos à sua casa, nos deparamos com a novidade, e, para não perder a viagem, desligamos o “quick lag”, que era assim chamado à época.
No outro dia, após devolver todos os fusíveis, nos esquecemos de religar a energia da casa de Geraldo.
Estávamos já com os “trabalhos” em andamento, quando Geraldo surge na calçada com um pequeno depósito de “isopor”.
Lamentando estar com alguns convidados em casa e sem energia, pedia umas pedras de gelo aos afortunados iluminados.
Fornecemos o gelo, e eu, dizendo que tinha trabalhado na COSERN e que entendia um pouco do assunto fui até a casa de Geraldo.
Pedindo a ele uma chave de fenda e fazendo de conta que estava mexendo em alguma coisa, para consertar o problema, liguei o disjuntor.
FEZ-SE A LUZ!!!
A alegria dele foi enorme, traduzida pela seguinte expressão: TOINHO, VOCÊ É FODA!!!
Antônio José Ferreira de Melo – Economista