O Acre enfrenta uma cheia histórica em 2024. Em todo o estado, mais de 11,5 mil pessoas estão fora de casa, dentre desabrigados e desalojados, segundo a última atualização nesta terça (27). Além disto, 17 das 22 cidades acreanas estão em situação de emergência por conta do transbordo de rios e igarapés. Ao menos 23 comunidades indígenas no interior do Acre também sofrem com os efeitos das enchentes.
Os pacientes vivem nas cidades de Epitaciolândia (distante 4,5 km de Brasiléia) e Xapuri (mais de 70km de distância da cidade fronteiriça) e fazem tratamento em Brasiléia (mais de 230 km da capital acreana). Com a interdição do principal acesso à cidade, foi necessário utilizar canoas no transporte para garantir que as pessoas pudessem voltar para suas casas.
A situação é mais um reflexo da enchente do Rio Acre na região. Na noite de domingo (25), a Ponte Metálica José Augusto que liga Brasiléia e Assis Brasil ao restante do Acre, pela BR-317, foi interditada por causa do alto nível do rio, isolando as cidades.
Na tarde de segunda, o nível do rio atingiu a marca de 14,28 metros, ficando próximo a marca histórica de 2012, quando chegou a 14,55 metros e bem acima da cota de transbordo de 11,40 metros.
A Clínica do Rim de Brasiléia é a unidade de referência para os quatro municípios da região do Alto Acre, Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia e Xapuri.
Segundo o coordenador da Regional de Saúde do Alto Acre, Pablo Araújo, não seria viável encaminhar os pacientes para a capital. “Não dava para transferir para Rio Branco porque poderia causar uma superlotação lá, porque a hemodiálise é uma coisa programada. Por isso, mesmo com a cheia, a gente conseguiu transportar os pacientes”, explicou.
O aposentado Milton da Silva Machado foi um dos pacientes transferidos e lamentou a situação. “É um momento difícil porque têm pessoas até com mais complicação, até para se locomover, agora tá todo mundo nessa situação”, disse.