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Com venda do Polo Potiguar, Petrobras deve deixar produção no Rio Grande do Norte no primeiro trimestre de 2023

Após assinar a venda do Polo Potiguar para a 3R Petroleum por US$ 1,38 bilhão em janeiro, a Petrobras deve encerrar suas operações de produção de petróleo e gás no Rio Grande do Norte até o primeiro trimestre de 2023, quando pretende encerrar a transição dos campos maduros em terra e em águas rasas na costa potiguar para a nova concessionária.

O polo envolve 22 concessões de campos de produção, junto com a infraestrutura de processamento, refino, logística, armazenamento, transporte e escoamento de petróleo e gás natural, localizadas na Bacia Potiguar.

Após a compra, a 3R ficará com cerca de 80% da estrutura montada pela Petrobras no estado ao longo de mais de 40 anos. Outros polos foram adquiridos também por outros produtores independentes. O início da transição ainda depende do resultado da análise da venda pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Em 2020, ao anunciar a saída do estado, a Petrobras afirmou que o plano da companhia era focar sua produção águas profundas, como no pré-sal, deixando os campos maduros, com produção menor, para operadoras de menor porte. De acordo com Paulo Marinho, esse processo seria “o melhor para a Petrobras, para essas empresas, e para a sociedade”.

Desde 2016, quando a estatal decidiu pelo processo de desinvestimento, a produção caiu de aproximadamente 37 mil barris por dia para atuais 21 mil barris diários. Embora a estatal tenha continuado a manutenção da estrutura, deixou de fazer investimentos no estado.

Nova empresa pretende dobrar produção

A 3R, que já conta com operações em campos de Macau e Areia Branca, anunciou que vai investir aproximadamente R$ 7,3 bilhões no Rio Grande do Norte até 2032, em reativação de poços, novas perfurações e infraestrutura, e garantiu que vai manter o funcionamento da refinaria Clara Camarão – um dos ativos vendidos pela Petrobras.

De acordo com o presidente da 3R, Ricardo Savini, a empresa já ampliou a produção em cerca de 60% no campo de Macau, que começou a operar em 2020. A expectativa é ampliar ainda mais a produção a partir da perfuração de novos poços, o que só deve começar a acontecer no segundo semestre.

Com a aquisição do novo polo, ele disse que pretende dobrar a produção atual e estimou criação de cerca de 5 mil vagas de trabalho.

Uma audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira (17) na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte discutiu a transição do setor de petróleo no estado. Representantes do poder público comemoraram a mudança como um renascimento da cadeia produtiva do petróleo.

“É um momento novo da economia do Rio Grande do Norte, depois da desistência, por opção, da Petrobras, de continuar investindo depois de 40 anos de presença em nosso estado, onde contribuiu também para o nosso desenvolvimento. Mas chega uma empresa nova, com bons projetos, uma empresa que já estava instalada há dois anos operando na região de Macau e Areia Branca com sucesso. Nossa expectativa é realmente que esses investimentos voltem a acontecer, que a gente possa recuperar os empregos perdidos e gerar outros mais, atraindo também outros investimentos em torno da indústria”, afirmou o deputado Hermano Morais.

Setor representa 50% da indústria potiguar

Representando o governo do estado, o secretário de Planejamento, Aldemir Freire, deu boas-vindas à nova empresa e apresentou três demandas do estado em relação à produção de petróleo.

“Nós esperamos da indústria de petróleo e gás uma maior oferta tanto de petróleo como de gás aqui no Rio Grande do Norte. Queremos também uma maior participação, um maior nível de processamento, refino do petróleo e do gás produzido aqui no estado – queremos agregar valor a esse petróleo. E, por fim, que a maior produção e a maior agregação de valor impactem também num maior nível de aquisições de bens e serviços de empresas e contratação de trabalhadores aqui do Rio Grande do Norte”, declarou.

De acordo com ele, cerca de 20% da arrecadação de ICMS do estado vem de combustíveis e o setor petrolífero representa quase 50% do PIB industrial potiguar.

Petroleiros discordam de saída

Por outro lado, a saída da Petrobras e a chegada de novos operadores ainda deixa em alerta entidades como o Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (Sindipetro). De acordo com o presidente do sindicato, Ivis Corsino, cerca de 12 a 13 mil empregos diretos foram perdidos entre 2015 e 2022, no estado.

“Hoje a gente observa e faz uma avaliação desse histórico recente e como se comportou a atividade de petróleo. A redução de postos de trabalho, a redução da produção. Os impactos da política hoje existente não só para o Rio Grande do Norte, mas para o preço dos seus derivados. Todos nós experimentamos isso do gás de cozinha ao óleo diesel, do transporte de cargas ao combustível que consumimos no nosso carro. Então são impactos que a gente já observa, né? A gente faz avaliação de que vem da retirada, do desinvestimento da Petrobras. A gente acredita que isso vá se agravar”, pontuou.

Fonte: G1RN

Ponto de Vista

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