Julgamento de Daniel Alves — Foto: Jordi BORRAS / POOL / AFP

Começou na manhã desta segunda-feira (5) o julgamento do ex-jogador brasileiro Daniel Alves, acusado de ter estuprado uma mulher em uma boate em Barcelona.

Alves, que está preso há 381 dias em prisão preventiva, foi à Audiência de Barcelona, a instância mais alta da Justiça local, para prestar depoimento no julgamento, que durará três dias e ouvirá outras 28 testemunhas e a jovem espanhola que acusa o brasileiro, além do prórpio Alves.

A Promotoria de Barcelona pede nove anos de prisão para o brasileiro. Ainda não há previsão para a sentença sobre o caso.

A jovem que acusou Alves prestou depoimento na sessão desta segunda — não havia confirmação de que ela participaria do julgamento até o início da sessão. Acompanhada de psicólogos, ela falou aos juízes na mesma sala em que o brasileiro estava, mas os dois não tiveram contato visual.

Sua voz foi destorcida para proteção, e a imprensa foi proibida de acompanhar o depoimento — desde o início do caso, a juíza responsável pelo julgamento proibiu a divulgação da identidade e de imagens da jovem. O Tribunal não havia divulgado detalhes do teor até a última atualização desta reportagem.

Já Alves, que pelo cronograma inicial do julgamento falaria já nesta segunda-feira, pediu para que seu depoimento fosse adiado para quarta-feira, após todas as testemunhas fossem ouvidas. O pedido foi acatado.

 

Esta foi a primeira vez que ele apareceu publicamente desde que foi preso, em 20 de janeiro de 2023.

No início da sessão, a advogada de Daniel Alves, Inés Guardiola, afirmou que o jogador se diz vítima de um “tribunal paralelo”, feito pela opinião pública. A defesa pediu ainda a anulação do julgamento, alegando que a juíza responsável pelo caso não aceitou que um segundo perito examinasse a vítima.

Guardiola solicitou também que novos testes fossem realizados e, só depois disso, o julgamento fosse retomado. A juíza ainda não havia contestado o pedido até a última atualização desta reportagem, mas a Promotoria contestou na sessão que todos os direitos do acusado foram preservados.

A mãe de Alves também participou do julgamento. Lucia Alves, que foi a primeira a chegar ao Tribunal, é uma das 28 testemunhas convocadas para falar no caso.

Julgamento

O julgamento ocorrerá até a próxima quarta-feira (7). As sessões terão depoimentos de Alves e de 28 testemunhas que estavam na boate, Sutton, em Barcelona, na noite em que, segundo a acusação, o estupro ocorreu, em 30 de dezembro de 2022.

As testemunhas foram indicadas para participar do julgamento tanto pela defesa quanto pela acusação.

  • Seis testemunhas prestarão depoimento nesta primeira sessão, entre elas, a mãe de Daniel Alves.
  • As outras 22 testemunhas falarão no dia seguinte.
  • Já a última sessão, em 7 de fevereiro, será dedicada a trâmites periciais, que entregarão um relatório e conclusões.

A juíza Isabel Delgado Pérez, que julga o caso, ficará responsável por elaborar a sentença. Ao g1, o tribunal disse que ainda não há prazo para que saia a sentença final ao jogador. Até lá, Daniel Alves permanecerá em prisão preventiva, segundo a decisão atual da Justiça.

Ministério Público espanhol pede nove anos de prisão ao jogador. A defesa da mulher que denunciou o estupro queria uma sentença maior, de 12 anos de prisão.

Tentativa de acordo

Em uma corrida contra o tempo e a uma semana do início do julgamento, a defesa do brasileiro ainda tentaram um acordo com advogados da mulher antes do julgamento, segundo fontes dos dois lados ouvidas pela rede de TV espanhola Telecinco.

Caso houvesse um acordo, as acusações seriam retiradas, e o julgamento, cancelado.

Segundo a Telecinco, citando fontes da acusação, as conversas sobre um acordo chegaram a ser protocoladas na Justiça, mas a divulgação de imagens da jovem pela mãe de Daniel Alves esfriaram as negociações.

Assim, ambas as partes chegaram ao tribunal nesta segunda sem o acordo em mãos.

No fim de dezembro de 2023, Lucia Alves, mãe do jogador, publicou em suas redes sociais um vídeo com imagens de uma jovem que afirmou ser a espanhola que alega ter sido estuprada pelo brasileiro.

 

A Justiça de Barcelona havia proibido a difusão de informações e imagens da jovem enquanto o processo corre.

A jovem anunciou que vai processar a mãe do jogador, de acordo com o jornal espanhol “El Periódico”

Acusação

Alves, ex-jogador da seleção brasileira é acusado de agredir sexualmente uma mulher dentro de uma boate de Barcelona em dezembro de 2022. Ele nega.

Na Espanha, denúncias de estupro são investigadas sob a acusação geral de agressão sexual, e as condenações podem levar a penas de prisão de 4 a 15 anos.

Desde janeiro, quando foi ouvido pela polícia pela segunda vez e se contradisse, Daniel Alves está em prisão preventiva, sob a alegação de risco de fuga. Ele não tem direito a fiança e seguirá no mesmo presídio, nos arredores de Barcelona, enquanto aguarda o julgamento.

O brasileiro mudou sua versão pelo menos três vezes.

  • Na primeira vez em que falou sobre o caso, em um programa do canal de TV Antena 3, da Espanha, ele afirmou que nem sequer conhecia a denunciante. “Nunca vi essa senhora na vida“, disse, na ocasião. Essa entrevista foi feita no início de janeiro de 2023.
  • Dias depois, em um primeiro depoimento à polícia, ele disse que entrou no banheiro junto com a espanhola, mas negou que algo havia ocorrido.
  • Em 20 de janeiro, convocado para um segundo depoimento depoimento em uma delegacia de Barcelona, quando foi preso em flagrante, Alves disse que a jovem praticou sexo oral nele, porém de forma consensual. Ele mudou a versão ao ser confrontado pela polícia com imagens da boate.
  • Em 17 de abril de 2023, já preso, Alves declarou à juíza responsável pelo caso que manteve relações sexuais consensuais com penetração – àquela altura, exames periciais haviam encontrado sêmen do ex-jogador na espanhola. O brasileiro argumentou ter mentido, em um primeiro momento, para ocultar da esposa a relação extraconjugal, a modelo espanhola Joanna Sanz.

 

Em janeiro deste ano, a imprensa espanhola afirmou, com base em fontes da defesa, que Alves vai oferecer uma quinta versão em depoimento na quarta-feira, alegando que ele estava embriagado e, portanto, sem as suas faculdades preservadas.

Fonte: G1RN

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