Veículos do Exército dos Estados Unidos passam por estrada no nordeste da Síria, nesta segunda-feira (7)  — Foto: ANHA via AP

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou nesta quarta-feira (9) que suas tropas deram início a uma ofensiva no nordeste da Síria. O governo turco afirma que o alvo dos ataques são as forças lideradas por curdos que foram aliadas dos Estados Unidos no combate ao Estado Islâmico. Porém, as Forças Democráticas Sírias (FDS) disseram que aviões bombardearam áreas com civis.

A mídia estatal síria e uma autoridade curda disseram que o ataque atingiu a cidade de Ras al-Ain, perto da fronteira com a Turquia.

As Forças Democráticas Sírias, constituídas por uma aliança de combatentes curdos e árabes, provocou “enorme pânico entre as pessoas”. As FDS, que tiveram apoio da coalizão internacional liderada pelos EUA, expulsaram os jihadistas e estão no controle da região.

A França disse que irá solicitar um encontro do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir a ação militar.

A Turquia pretende criar uma “zona livre” na fronteira com a Síria, onde se concentram as forças curdas. O governo de Erdogan alega que a milícia curda YPG, presente nessa região, atua de forma terrorista e está por trás de ataques em território turco ligados ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

Na terça-feira (8), a Turquia afirmou que tinha finalizado os preparativos para a operação militar após os EUA retirarem as tropas de posições importantes em Ras al Ain e Tal Abyad.

A situação reflete uma mudança de estratégia por parte dos Estados Unidos, que abandona os curdos -os principais aliados de Washington na luta contra o grupo extremista.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinaliza com isso um desejo de se reaproximar da Turquia, país integrante da Otan e que tem o segundo maior exército da aliança. Trump também cumpre, assim, promessa de campanha de que retiraria o seu país de conflitos antigos.

As FDS, também integradas pelos curdos, lutaram durante anos contra o Estado Islâmico e conquistaram em março seu último reduto na Síria, em Baguz.

Ancara rejeita esta hipótese, mas a ofensiva pode criar condições para o ressurgimento do grupo jihadista na região. Com os curdos enfraquecidos, sem apoio, e sob ataque turco, os terroristas remanescentes poderiam se aproveitar da situação e voltar a conquistar território.

Já a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou anteriormente que se prepara para o pior no norte da Síria.

A guerra da Síria, que começou com a repressão aos protestos pró-democracia em 2011, já deixou mais de 370 mil mortos e milhões de refugiados.

Curdos

Os curdos são um povo sem pátria e com um histórico de repressão e perseguições. Estima-se que cerca de 30 milhões vivam no território entre Turquia, Síria, Iraque, Irã e em uma pequena parte da Armênia. Mesmo tão populosa, a área conhecida historicamente como Curdistão não possui uma unidade territorial ou um governo único autônomo.

Os governos do Oriente Médio opõem-se à criação de um território autônomo para os curdos, pois temem que isso influencie movimentos separatistas em outros países.

Fonte: G1

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