Mercados, restaurantes, lojas com atendimento on-line e profissionais autônomos de Natal tiveram prejuízos com a queda do WhatsApp, do Instagram e do Facebook no fim da manhã dessa segunda-feira (4). Os serviços, os mais utilizados para negócios no mundo, apresentaram uma pane global.
Na loja feminina em que trabalha como gerente de vendas on-line, a profissional Paula Soares disse que quase 40 compras ficaram pela metade por conta da pane. Para entrar em contato com os clientes, foi necessário ligar para cada um deles.
“Nossa loja sempre teve um foco muito grande nas vendas on-line. Representa 60% do lucro da nossa loja. Desde o começo da pandemia, nosso cliente se adaptou muito bem a comprar on-line, entregas e retiradas. Com a queda das redes sociais, fica difícil a comunicação com o cliente”, relatou Paula.
“Atualmente estamos com 39 compras paradas só no WhatsApp, fora as mensagens perdidas e sem resposta no Instagram. Estamos nos adaptando ligando pros clientes, para poder finalizar, tirar dúvidas sobre o vestido, até mesmo mandando e-mail. Como temos um site próprio, é um auxílio. Nossos clientes podem ir lá e comprar como alternativa às vendas pelo WhatsApp”.
Outro local afetado foi uma marmitaria no bairro Pitimbu, na Zona Sul de Natal. “Por volta das 15h, eu estaria com uns cinco a seis pedidos para entrega. O pessoal pede pão, salgados para o lanche. Hoje ficamos sem pedidos nesse período. E também não recebemos nenhuma ligação”, contou a operadora de telemarketing, Amanda do Nascimento.
A operadora diz ainda não ter noção de quantos clientes podem ter vivido a mesma situação, tendo ficado com os pedidos pendentes. “Só quando voltar o serviço do WhatsApp que eu vou ver quantos pedidos chegaram e atrasaram”, disse.
De acordo com o presidente do Sindicato Varejista de Gêneros Alimentícios (Sincovaga-RN), Geraldo Paiva, todos os supermercados que trabalham com a o serviço de pedidos pelo WhatsApp também tiveram prejuízos nesta segunda-feira.
Uma das redes que funciona em Natal tem em média 2 mil pedidos por WhatsApp por mês – chegando a 150 por dia. E o problema interfere também na relação com fornecedores.
“Estamos sem contato com clientes, fornecedores, aplicativos. Tudo que hoje se faz é por WhatsApp. Até no financeiro, muito da comunicação é feito por WhatsApp. E hoje o nosso maior problema está nas vendas on-line”, disse Geraldo Paiva.
“As vendas pelo aplicativo estão paradas desde meio-dia. São clientes que já nos conhecem e enviam lista de compras pelo WhatsApp. Atendemos cerca de 20 compras por dia nesta loja, e na rede toda são 150 pedidos por dia, ultrapassando 2 mil pedidos mensais. Está tudo parado”.
Comunicação com os alunos
A personal trainer Camila Antunes também precisou mudar a rotina de última hora. Com 11 aulas no dia, ela sempre confirma as atividades com os alunos através de mensagens pelo WhatsApp.
“Eu estou sofrendo muito sem o WhatsApp justamente por esse motivo: a comunicação com os meus alunos. Antes de cada aula, eu geralmente confirmo a atividade com eles, já que é uma das maneiras mais práticas e rápidas”, explicou.
A solução foi ligar para a maioria dos alunos, “já que muitos não têm o Telegram”, explicou a personal. “Alguns são idosos e nem sabem dessa outra ferramenta”.
Ela disse ainda que ficou preocupada que algum dos alunos tivesse desmarcado a aula por Whatsapp e ela não tivesse recebido a mensagem por conta da queda do serviço.
Quem também passou por problema similar foi a estudante universitária Ariane Luna, que teve dificuldades de acessar os grupos da faculdade por conta da queda do serviço no WhatsApp.
“Dependo extremamente da internet para todos os momentos da minha vida. Até o pagamento de contas é possível fazer hoje em dia pelo WhatsApp. É a rede que eu mais uso. Agora vou ter que entrar em contato com meus colegas por outras redes sociais, usando outros aplicativos. O Telegram está me salvando”, disse.