Jaécio Carlos*
O momento vive o Pan Americano, com atletas do lado de cá do mundo, competindo com suas habilidades, alegrias e frustrações. A vida é uma competição que aprendemos desde a infância. Os pais incentivam filhos a competirem entre si. Quem é o mais bonito, quem corre mais, quem nada melhor, quem joga bem e as crianças se acostumam com esses ensinamentos e seguem vida à fora. O comportamento na escola, na rua e onde quer que eles estejam, é de competição. Ninguém gosta de perder e isso passa para o esporte. Há o lado positivo, bom, mas é preciso ter noção das ações quando se perde.
Só que ninguém ensina a perder e quando isso acontece a frustração é grande. Claro, a vida é dos ganhadores. A gente não lembra dos vice campeões, de quem foi segundo lugar. Lembramos sim, do campeão, do medalha de ouro e seu sorriso misturando-se com as lpagrimas emocionadas ao som do hino do seu país, no pódio. Momento inesquecível.
Nem sempre o favorito vence. A ele são depositadas toneladas de responsabilidades e cobranças e, nem sempre, estão preparados para receberem tamanha carga emocional. A obrigação de ganhar vira obsessão e a derrota geralmente aparece.
Poucos se preparam para o “pós vitória”. O assédio, as homenagens, a bajulação, fazem parte da nova vida do campeão, que, se não houver um preparo psicológico pode botar tudo a perder. Cobramos sempre humildade aos campeões, novas maneiras de tratar o público, as pessoas, a família. O orgulho as vezes incomoda, mas é inevitável. Ser campeão é tudo que queremos, em todas as nossas atividades, mas o caminho é árduo, difícil, cheio de obstáculos e muitos desistem de seguir em frente.
“Quem não sabe peder, não tem o direito de ganhar”, dizem os mestres, mas isso é apenas um consolo. Já dizia o criador dos Jogos Olímpicos, “o importante não é ganhar, mas competir”. Discordo. O importante mesmo é ganhar.
*Jaecio Carlos – Publicitário e palestrante