A farmacêutica Merck anunciou, nesta sexta-feira (1º), que seu remédio experimental contra a Covid-19, o molnupiravir, reduziu as hospitalizações e mortes em pessoas no início da infecção com o coronavírus. O medicamento ainda não está à venda.
Os resultados ainda não foram avaliados por outros cientistas nem publicados em revista científica.
Veja, abaixo, o que se sabe e o que ainda falta saber sobre o remédio:
- Como o remédio age?
- Em qual momento da doença ele deve ser tomado?
- Quais são os resultados até agora?
- Há efeitos colaterais?
- Ele já foi liberado para uso?
- Será vendido em farmácias?
- Ele funciona em pacientes graves?
- Qual a capacidade de produção da empresa?
- Quanto vai custar?
1) Como o remédio age?
O comprimido age interferindo com uma enzima que o coronavírus usa para copiar seu código genético e se reproduzir. Ele mostrou atividade semelhante contra outros vírus.
2) Em qual momento da doença ele deve ser tomado?
A Merck não informou. O que se sabe até agora é que, nos testes, pacientes que receberam o molnupiravir em até 5 dias após o início dos sintomas da Covid tiveram cerca de metade da taxa de hospitalização e morte em relação aos pacientes que receberam um comprimido inativo.
O medicamento também não funciona em pacientes graves.
3) Quais são os resultados até agora?
- O estudo da Merck acompanhou 775 adultos com Covid-19 leve a moderada e que foram considerados de maior risco para desenvolver um quadro grave da doença, devido a problemas de saúde como obesidade, diabetes ou doenças cardíacas.
- Pacientes que receberam o molnupiravir em até 5 dias após o início dos sintomas da Covid tiveram cerca de metade da taxa de hospitalização e morte em relação aos pacientes que receberam um comprimido inativo.
- Entre os pacientes que receberam o molnupiravir, 7,3% foram hospitalizados ou morreram no período de 30 dias depois da administração do medicamento. Depois desses 30 dias, não houve mortes nesse grupo.
- Entre os que não receberam o molnupiravir, 14,1% foram hospitalizados ou morreram nos primeiros 30 dias dos testes. Depois desse período, 8 pessoas morreram, de acordo com a Merck.
- A Merck planejava inscrever mais de 1,5 mil pacientes na fase final dos testes antes de o conselho independente interrompê-lo, por causa dos resultados positivos.
Os resultados divulgados incluem pacientes inscritos na América Latina, Europa e África.
4) Há efeitos colaterais?
A empresa não especificou quais, mas disse que efeitos colaterais foram relatados por ambos os grupos no estudo. Eles foram ligeiramente mais comuns no grupo que recebeu o comprimido inativo (e não o do remédio).
5) Ele já foi liberado para uso?
Ainda não. A Merck afirmou que solicitaria autorização de uso à FDA (espécie de Anvisa americana) nos próximos dias.
6) Será vendido em farmácias?
Ainda não se sabe. Se liberado, o medicamento da Merck seria o primeiro em formato de comprimido para o tratamento da Covid-19.
Os medicamentos aprovados nos EUA para a Covid – o antiviral remdesivir e outros três tratamentos com anticorpos monoclonais – têm que ser administrados por via intravenosa ou injeção em hospitais ou clínicas.
Várias outras empresas, incluindo Pfizer e Roche, estão estudando medicamentos semelhantes que podem apresentar resultados nas próximas semanas e meses.
7) Ele funciona em pacientes graves?
Não. Dados de estudos anteriores mostraram que o medicamento não beneficiava pacientes que já estavam hospitalizados com quadro grave.
8) Qual a capacidade de produção da empresa?
A Merck disse que pode produzir 10 milhões de doses até o final do ano e tem contratos com governos em todo o mundo.
O governo dos EUA se comprometeu a comprar 1,7 milhão de doses do medicamento caso seja autorizado pela FDA.
9) Quanto vai custar?
A empresa não divulgou preços.