Eu, Mário Roberto Melo, vivo em Israel, mais de trinta anos, isto é, metade da idade do país. O Estado de Israel foi criado em 1948, pela Organização das Nações Unidas (ONU). Eu já presenciei quatro guerras, três delas contra a Palestina e uma contra o Líbano.

Faço questão de elucidar que nenhuma dessas guerras trouxe tanto receito ao povo de Israel, como a discórdia entre a coalizão liderada pelo primeiro ministro, Benjamin Netanyahu e a oposição que se tem agora no governo israelense.

Netanyahu, eleito poucos meses atrás, com intuito de fugir das acusações de corrupção, levou a Knessed (congresso israelense), o mais conservador da história do país, um projeto de lei que tira os poderes do judiciário e leva para o parlamento, local este em que primeiro ministro tem maioria. Das 120 cadeiras do parlamento, o premier tem o apoio de 63 congressistas.

Desta maneira, a lei que impediria a prisão de Netanyahu foi finalmente aprovada no plenário de hoje. Desde as primeiras horas desta quinta-feira (23), milhares de pessoas foram a rua manifestar seu desagrado com a coalizão e da decisão tomada, saíram as ruas e autoestradas, impedindo o trânsito no país por completo.

Mas, nada disso adiantou, só muitas pessoas foram presas, algumas até feridas com o confronto físico com os apoiadores do Primeiro Ministro, isto é, os apoiadores da reforma judiciária.

Restou ao líder da oposição, Yair Lapid, chamar de lei personalizada, vergonhosa e corrupta. O político ainda disse que Netanyahu está cuidando apenas de si mesmo.

Pra piorar, o novo governo de extrema-direita de Netanyahu avançou com planos controversos, onde a reforma do sistema judiciário do país mina a suprema corte e enfraquece a supervisão judicial sobre a formulação de políticas.

Bibi, como é chamado aqui o premiê, é o primeiro Primeiro Ministro israelense a comparecer ao tribunal como réu. Ele está sendo acusado por fraude, quebra de sigilo de confiança e suborno. O político nega veementemente qualquer irregularidade e como venceu as eleições, podendo formar uma coalizão superior a 61 cadeiras no parlamento, ele criou toda essa ideia e está gerando uma quase e imediata guerra entre irmãos.

 

 

 

 

Mário Roberto Melo – Correspondente do Blog Ponto de Vista, em Tel Aviv, Israel

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