Cada país com seu problema. Enquanto no Brasil vivemos esse período de corrupção para todos os lados, a Turquia vive o problema da ditadura. Lá o presidente Erdogan planeja realizar um referendo sobre mudanças constitucionais que apliariam os poderes do presidente em maio próximo e, assim, organizar eleições presidenciais e parlamentares em 2019, fortalecendo, caso vençam – e tudo indica que sim -, o perigoso Erdogan. Essas afirmações foram obtidas em entrevita ao canal A Haber pelo vice-primeiro-ministro do país. Segundo ele, o partido do presidente, que é o AKP e significa Partido de Justiça e Desenvolvimento em turco, irá submeter sua proposta sobre as alterações constitucionais ao parlamento já nessa sexta-feira próxima. A legenda opositora, que é conhecida como Partido Nacionalista, irá apoiar o projeto. Parece que o referendo poderia ser realizado por volta de março ou abril, mas também poderia ficar para maio; entretanto, ele descarta qualquer eleição antecipada para antes de 2019. Já o presidente turco, Tayyip Erdogan, e seus apoiadores vêm argumentando há tempos que o país precisa de liderança forte de um presidente executivo, algo semelhante ao sistema em vigor nos Estados Unidos ou na França, para evitar os governos de coalizão frágeis do passado. Os seus opositores temem que a mudança traga um autoritarismo ainda maior a uma nação já sob fogo cerrado de aliados ocidentais por causa de seu histórico de direitos e liberdades civis, especialmente desde os expurgos generalizados vistos após o fracassado golpe de Estado de julho. Para que isso aconteça é necessário que pelo menos das 550 cadeiras Turquia, 300 estejam favoráveis para que seja aprovado. Pela presente constituição, os poderes presidenciais são eminentemente cerimoniais, como ocorre aqui em Israel, mas Erdogan redefiniu o papel desde que venceu sua primeira eleição presidencial em 2014, dizendo que seu mandato popular justifica um maior envolvimento no governo.

(Mario Roberto Melo – Correspondente do Blog Ponto de Vista, em Tel Aviv)

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