“Sei bem como é difícil acreditar em algo quando há tanta gente má no mundo. Apesar de tudo, ainda acredito na bondade humana”. Citando frases de “O Diário de Anne Frank” (peça que marcou sua estreia no teatro, em 1960), a atriz Regina Duarte fez um breve discurso nessa quarta-feira (28) no Knesset, o Parlamento de Israel, em Jerusalém. Não ficou claro se as frases diziam apenas respeito ao seu desejo de paz no Oriente Médio ou à “patrulha” que teria sofrido no Brasil por seu apoio explícito ao presidente eleito, Jair Bolsonaro. Em entrevista exclusiva à Folha, Regina afirmou que não esperava mesmo que todos – principalmente seus colegas de profissão – concordassem com ela. A Atriz disse também que se coloca como possível colaboradora, conselheira e “palpiteira” do governo Bolsonaro. Ela chegou ao país na segunda (26) em comitiva organizada pela pastora mineira Jane Silva, presidente da Comunidade Internacional Brasil-Israel, ONG que, há 15 ano, leva personalidades e fiéis para Israel. Este ano, os participantes – que receberam medalhas em comemoração aos 70 anos do país – não escondiam o entusiasmo. A atriz recebeu a comenda de “Embaixadora Extraordinária da Paz no Oriente Médio” (oferenda extraoficial criada pela pastora Jane). Entre os agraciados também estavam o senador Carlos Viana (MG), a vice-governadora de Santa Catarina, Daniela Reinehr, o deputado Delegado Pablo (Amazonas), a deputada Carla Zambelli (SP), e o deputado Castello Branco (SP). A comitiva foi recebida com toda a pompa pelo deputado israelense Avraham Neguise, presidente do Comitê de Imigração e Absorção do Parlamento. Também presidente, o deputado Michael Oren, vice-ministro do gabinete do premiê Benjamin Netanyahu, exprimiu seu desejo de que Bolsonaro cumpra a promessa de transferir a embaixada do Brasil para Jerusalém. Depois, os integrantes da comitiva se uniram para uma foto em frente ao Parlamento com gritos de “Mito!” e “Moro!”.
Mário Roberto Melo – (Correspondente do Blog Ponto de Vista, em Tel Aviv, Israel)