O Mar Morto, símbolo determinante das religiões monoteístas do mundo, que são o judaísmo, o islamismo e o cristianismo, pode estar a caminho de se transformar num pequeno e inexpressivo lago, enquanto a letargia politica dificulta a tomada de decisões capazes de salvá-lo. O nível da superfície dele, que está encravado entre Israel e a Jordânia, cai em média um metro por ano. E em alguns locais, o litoral já recuou em mais de 1 km. No atual ritmo, e sem medidas que enfrentem essa tendência de encolhimento, alguns especialistas afirmam que o Mar Morto vai se acabar até o ano de 2050. Um notório especialista jordaniano, chefe do Departamento do Vale do Jordão, já disse que isso é provável de acontecer, o que se constitui em algo extremamente grave, na medida em que ninguém está fazendo nada para evitar o desastre. Ele adiantou que o Mar Morto é uma questão regional mas, se for considerado o patrimônio ambiental e a sua importância histórica ou mesmo a geográfica, ela assume uma proporção internacional. Segundo os geólogos, o Mar Morto se formou ao perder a ligação com o Mar Vermelho, diminuindo assim a extensão do Golfo de Elati. Ele fica a 395 metros abaixo do nível do mar e o seu encolhimento se dá por não mais receber mais águas do rio Jordão, porque as chuvas estão muito mais escassas em Israel. Outra causa é o aumento da evaporação, face a temperatura elevadíssima que caracteriza essa região. Até 1950 o fluxo de água doce recebida pelo Mar Morte se equiparava à taxa de evaporação e assim os níveis de água se mantinham estáveis. Naquela época o lago salgado tinha cerca de 80 km de extensão e 18 km de largura, compondo uma superfície de aproximadamente 1.050km2. Israel começou a mudar esse quadro em 1960, ao aproveitar uma represa antes usada para gerar eletricidade, para coletar água do Alto Jordão e com ela abastecer o país. Com a escassez da água aparecem dois grandes problemas para Jordânia e Israel. O primeiro é o turismo; e eu acrescentaria a extinção de várias fábricas que se utilizam dos minerais existentes ao seu redor. O outro, é a mudança nos terrenos férteis no meio do deserto, que pode extinguir os oásis nos próximos anos. No ano passado, em decorrência desse fenômeno, crateras gigantescas enguliram estradas, um posto de gasolina e várias casas ao redor da área. Isso porque a água desapareceu do subsolo e ficou um vácuo provocando esses desabamentos. Agora, resta às autoridades tomarem a decisão de importar água do Mar Vermelho, para que o Mar Morto possa continuar vivo.
Mario Roberto Melo – Correspondente do Blog Ponto de Vista, em Tel Aviv
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