Pesquisadores da Universidade de Medicina de Greifswald (UMG), na Alemanha descobriram a possível causa da trombose relatada por algumas pessoas que receberam a vacina AstraZeneca. Eles chegaram a conclusão, após analisarem mostras de sangue de pacientes afetados e identificaram mecanismos que podem ativar a formação de coágulos em casos raros, após a vacinação. Esta descoberta, no entanto, indica um caminho para um tratamento deste problema.
De acordo com o diretor do departamento de Medicina Transfusional da UMG, Andreas Greinacher, em alguns vacinados o imunizante produziria uma resposta imunológica que ativa plaquetas sanguíneas que podem causar a trombose. Essa reação acontece normalmente quando o corpo cura uma ferida, quando o sangue coagula e fecha o machucado.
Após analisar amostras de sangue de seis pacientes que desenvolveram trombose após serem vacinados, os pesquisadores descobriram que o imunizante ativou um mecanismo que causa a formação de coágulos sanguíneos no cérebro.
Segundo a emissora pública alemã NDR, os cientistas destacam que o mecanismo foi claramente identificado, o que possibilita o desenvolvimento de um tratamento e sugerem que, nesses casos, os pacientes recebam um medicamento para combater a trombose. Esse tratamento, porém, só deve ser aplicado em vacinados que desenvolveram os coágulos sanguíneos, e não de maneira profilática.
Pesquisadores da Noruega anunciaram que chegaram a uma hipótese semelhante. Os cientistas acreditam que a formação de coágulos sanguíneos pode ocorrer devido a uma forte resposta imunológica. Os especialistas ressaltaram, porém, que essa suspeita é, até o momento, apenas uma hipótese.
Após relatos de formação de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas, diversos países europeus suspenderam o uso do imunizante. Médicos e especialistas em saúde pública da Europa criticaram a decisão.
No Brasil, a vacina de Oxford foi a principal aposta feita pelo governo do presidente Jair Bolsonaro para imunizar sua população, por meio de um acordo assinado em julho de 2020 entre a AstraZeneca e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A previsão inicial da Fiocruz era entregar 30 milhões de doses ainda em 2020, o que não se confirmou. Houve atrasos na importação do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) da China, e as primeiras doses do imunizante vieram prontas da Índia e foram aplicadas em brasileiros apenas em 23 janeiro deste ano.
Em seguida, um problema no equipamento da Fiocruz que coloca lacres de alumínio nas vacinas novamente atrasou o cronograma. A fundação espera entregar nesta semana o primeiro lote da vacina produzida no Brasil, com 1 milhão de doses, e em seguida elevar o ritmo de entrega.
Por esse motivo, cerca de 80% das doses de vacinas contra a covid-19 aplicadas no Brasil até agora são da chinesa Coronavac, produzida em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo, segundo cálculo da Rede Análise Covid-19.
Mário Roberto Melo – (Correspondente do Blog Ponto de Vista, em Tel Aviv, Israel)
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