1- Dois de junho de 2021, esta data não poderia ser mais importante para Israel. Dia das eleições para escolha do presidente do Estado judeu. Este pleito é indireto, onde a votação é realizada pelos membros do parlamento israelense. Vários nomes foram cogitados para substituir Reuven Rivlin, inclusive, um deles era o do atual premiê, Benjamin Netanyahu que ao ver suas chances para permanecer no cargo de Primeiro Ministro, eram mínimas, Natanyahu, pensou em concorrer ao cargo.

Os dois finalistas para o cargo de presidente de Israel foram Isaac Herzog, um grande adversário de Netanyahu, quase eleito Primeiro Ministro no passado. Seu pai, Ravi Herzog foi presidente de Israel. A outra candidata era Miriam Peretz, uma educadora que perdeu dois filhos que eram oficiais do exército e eles morreram em dois conflitos distintos. Em 2018, Peretz recebeu o prêmio Israel por seu trabalho em fortalecer o espírito judeu israelense, principalmente por suas palestras aos jovens soldados que iniciam o serviço militar obrigatório.

No regime parlamentarista o cargo de presidente é um posto simbólico, não político. Mas, como se trata de uma eleição indireta, como já foi frisado e só os parlamentares podem votar, o conhecimento dos candidatos com os políticos é muito importante e ai aparece a figura de Herzog que já foi do parlamento. Eu apostaria em uma vitória sua. Uma curiosidade, o físico renomado, Albert Einstein já foi indicado ao cargo de presidente do Estado de Israel no ano de 1952.

Outro aspecto importante é que terminará o prazo para Yair Lapid formar sua coalizão, com o mínimo de sessenta e uma cadeiras no dia hoje. Segundo as informações, Lapid conseguiu formar seu governo através dos últimos diálogos, caso isso se confirme será o fim da era Netanyahu a frente do posto mais importante da política israelense.

A coalizão de Lapid é bastante heterogenia, formada por forças de direita, centro e esquerda, que tem pouco em comum, além da repulsa ao atual primeiro ministro, Natanyahu. E isso é tanto que Yair Lapid, que teve dezessete cadeiras no parlamento dá a prioridade a Naftali Bennett  iniciar o mandato como Primeiro Ministro que tem apenas seis cadeiras em seu partido.

2- Após o persistente pedido de Benjamin Netanyahu, frente aos líderes internacionais, no sentido de que era necessário ficar alerta para que o Irã não produzisse urânio enriquecido capaz de elaborar uma bomba atômica, a ONU considerou que seus argumentos faziam sentido. Até então, apenas o ex-presidente norte-americano, Donald Trump tinha levado a sério.

A preocupação no Estado de Israel cresceu porque o programa nuclear iraniano está galopando rumo ao desenvolvimento de armamento nuclear.

O chefe do órgão da Agência internacional de Energia Atômica das Nações Unidas disse que o Irã está enriquecendo urânio a níveis que apenas os países que buscam fazer as armas atômicas alcancem e que o programa nuclear da República Islâmica do Irã não pode mais retornar ao ponto em que estava quando um acordo histórico de 2015 foi fechado.

Agora a preocupação é geral. “Um país que se enriquece a 60 por cento é uma coisa muito séria – apenas os países que fabricam bombas estão atingindo esse nível”, disse o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi, em uma entrevista ao Financial Times publicada na quarta-feira e citada pela Reuters News Agency. Enquanto o enriquecimento comercial é de apenas 2 ou 3 por cento, de acordo com Grossi.

Embora Grossi tenha admitido que o Irã tenha o direito de desenvolver seu programa nuclear, ele alertou sobre as consequências de ir longe demais. “Você não pode colocar o gênio de volta na garrafa – uma vez que você sabe como fazer as coisas, você sabe, e a única maneira de verificar isso é por meio de fiscalização”, disse ele, referindo-se às verificações dos monitores da ONU.

As declarações de Grossi ocorreram no momento em que as potências mundiais retomaram as negociações com o Irã para salvar o acordo nuclear de 2015 que limitou o programa nuclear iraniano em troca do alívio das sanções. Desde então, os EUA desistiram do pacto, aplicando sanções, após as quais o Irã começou a renegar publicamente seu próprio compromisso com o acordo.

A preocupação é tão grande que ontem, na troca do comando do Mossad (serviço secreto de Israel) no exterior, o Primeiro Ministro, Benjamin Natanyahu, divulgou que já falou com o presidente norte-americano, Joel Biden. O premiê afirmou que se os EUA não tomarem providências quanto a uma possível elaboração de uma bomba nuclear pelo Irã, Israel cuidará do assunto sozinho, sem pedir permissão a ninguém.

 

 

 

 

 

Mário Roberto Melo – (Correspondente do Blog Ponto de Vista, em Tel Aviv, Israel)

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