Finalmente, após dois anos e dois meses de intransigência política dentro do parlamento israelense, o dia de ontem (13) trouxe para Israel esperança com uma nova coalizão formada. O novo governo que Yair Lapid conseguiu e que foi o maior opositor do ex-premiê Benjamin Netanyahu nesta última eleição necessita de estabilidade entre os parlamentares.
Ficou acertado que Naftali Bennett iniciará o mandato como Primeiro Ministro e após dois anos Yair Lapid assumirá o posto. O grande desafio, entretanto, será lidar com a salada mista que é a coalizão. Nela contém um partido de extrema esquerda, um de esquerda, um de centro, dois partidos de extrema direita, um de direta e outro de árabes israelenses. Este último partido terá pela primeira vez dois ministros no governo. A maioria da coalizão “Mudança”, tem apenas uma cadeira a mais do que os seus opositores que agora são liderados pelo ex-premiê, Netanyahu, que teve início sua trajetória política em 1996, quando disputou as eleições com Shimon Peres e ganhou. Este primeiro mandato foi até 1999. Na eleição seguinte perdeu para Ehud Barak. Em 2009 ele venceu as eleições e ficou firme no cargo até 2019. No ano de dois mil e dezenove, o premiê perdeu a maioria no parlamento e foram necessárias quatro eleições para definir o futuro político do país.
A primeira eleição foi em abril de 2019 e o premiê fracassou em formar uma maioria no parlamento, após a saída do seu apoiador Avigdor Liberman da coalizão. Liberman foi contrário a decisão de Netanyahu dar por encerrada um grande conflito com os palestinos, em especial com o Hamas. O grupo terrorista estava atacando o Estado judeu constantemente com mísseis e Liberman, então ministro da defesa, queria fazer uma limpeza no Hamas para acabar com essa agressão palestina.
Em setembro de 2019 veio a segunda eleição. Novamente Liberman foi decisivo, ele recusou-se a integrar a coalizão de Netanyahu.
A terceira eleição ocorreu em março de 2020, desta vez a pedra no sapato de Netanyahu foi Benny Gantz.
Por último, em março de 2021, Yair Lapid, mesmo tendo menos cadeiras no Parlamento que o então premiê Benjamin Netanyahu conseguiu formar uma coalizão partidária que dá sustentação, ao menos de início, ao seu governo.
Netanyahu saindo terá de enfrentar problemas na justiça. O premiê é acusado de corrupção. Uma das acusações, diz que o líder do Estado judeu teria recebido presentes em torno de 264 mil dólares de magnatas. Outra acusação é de que ele teria negociado com um grupo de comunicação a fim de obter uma cobertura favorável para o seu governo e em troca o Primeiro-ministro ofereceu uma legislação que retardaria o crescimento de um jornal rival.
No entanto, o israelense não acredita no fim da carreira política de Netanyahu, porque antes de mais nada o político conseguiu acabar com a esquerda em Israel, que não significa “partidos com ideias socialistas”, mas sim flexibilidade para negociar com os árabes. Ele também conseguiu convencer aos EUA de transferir a embaixada norte-americana de Tel Aviv para Jerusalém, fato esse que foi repetido por outros países.
Netanyahu conseguiu também acordos diplomáticos com países árabes como Barein, Emirados Árabes Unidos e até mesmo Arábia Saudita. Ações estás que agradaram a população israelense. Ele ainda convenceu o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, a abandonar o acordo nuclear com o Irã. Por último e mais importante, venceu o novo coronavírus em Israel.
Mário Roberto Melo – Correspondente do Blog Ponto de Vista, em Tel Aviv, Israel