CONEXÃO EXPRESSO ORIENTE – Mário Roberto Melo

1- O Brasil estuda designar o grupo libanês Hezbollah como organização terrorista, conforme o presidente Jair Bolsonaro intensifica o alinhamento da política externa de seu governo à dos EUA. Essa tendência se aproxima da realidade, essa possibilidade, no momento, já está sendo analisada pelas autoridades brasileiras para levar adiante a ideia, que está sendo discutida nos níveis mais altos do governo, mas não tem apoio geral, de acordo com três pessoas com conhecimento direto do assunto. Não seria fácil implementar a medida, devido às particularidades da lei brasileira. Segundo as pessoas próximas a Bolsonaro, essa medida facilitará também um acordo comercial com os EUA. O filho do presidente, Eduardo, já havia dito na campanha presidencial que defendia uma postura forte do governo brasileiro em relação ao Hezbollah e ao grupo palestino Hamas. Mas nem tudo são flores, porque essa medida pode prejudicar as relações com o Irã, um aliado do Hezbollah que importa US$ 2,5 bilhões (R$ 10 bilhões) de produtos brasileiros por ano, e desagradar a influente comunidade libanesa do Brasil. O governo também tem preocupações de que isso poderia tornar o país um alvo de ataques terroristas, ao qual o Brasil é muito vulnerável, por não ter um serviço de inteligência no assunto, que o digam EUA e Israel. No mês de outubro, Bolsonaro deverá visitar os Emirados Árabes Unidos e à Arábia Saudita, dois países que se opõem fortemente ao Hezbollah, logo essa decisão pode ser anunciada antes mesmo da visita. Entretanto, alguns contatos junto ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil chegou a conclusão de que não há nem um plano de mudar seu status por enquanto. O gabinete do presidente, Ministério da Justiça e a Polícia Federal responsáveis ​​pela aplicação das leis de combate ao terrorismo, recusaram-se a comentar. Atualmente, o Brasil considera como terroristas apenas os grupos já classificados como tal pelo Conselho de Segurança da ONU, incluindo a al-Qaeda e o Estado Islâmico. O país pode barrar a entrada, prender e congelar bens de pessoas suspeitas de serem parte dessas organizações. Mas por outro lado a temperatura ainda mais quando a Argentina se tornou o primeiro país norte-americano a designar o Hezbollah como organização terrorista. Nessa segunda-feira  (20) o Paraguai já se pronunciou oficialmente que as milícias armadas do Hamas e do Hezbollah são organizações terroristas internacionais, logo a tendência é que o Brasil acompanhe esses dois países sul-americanos.

2- Um sério incidente diplomático envolve um dos poucos aliados de Israel com o próprio país judeu, pois o parlamento jordaniano ordenou que Israel expulsasse o embaixador israelense e consequentemente trouxesse de volta o seu embaixador de Jerusalém e mais que isso, que reexaminasse o acordo de paz com Israel. A informação foi dada pela Skynews em árabe e se assim for, podemos estar diante de uma virada sem precedentes nas relações entre Israel e a Jordânia. E tudo isso por causa dos motins que eclodiram a uma semana no Monte do Templo, irritando seriamente aos palestinos e consequentemente o governo jordaniano, uma vez que a administração no Monte do Templo é feita pela Jordânia. Ontem, por exemplo, o embaixador israelense foi chamado pelo Ministério das Relações Exteriores da Jordânia para uma grave repreensão. Na conversa a Jordânia condenou as violações israelenses na Mesquita de Al-Aqsa, bem como na Praça do Monte do Templo, exigindo o fim da força policial naquela área. Esta é a mais dura ameaça que o parlamento do país árabe fez ao seu vizinho, desde 1994, por ocasião do Acordo de Oslo, entre o Rei da Jordânia Hussein e o então primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin. Caso as relações diplomáticas se encerre entre os dois países, ambos vão perder em muito, principalmente a Jordânia no que diz respeito a água que é cedida por Israel, oriunda do Mar da Galileia, bem como o espaço aéreo, em que os aviões comerciais que se dirigem a Europa não poderão sobrevoar o Estado Judeu, pelo lado de Israel a grande perda é ter menos um amigo no Oriente Médio, sobraria então somente o Egito.

 

 

 

Mário Roberto Melo – (Correspondente do Blog Ponto de Vista, em Tel Aviv, Israel)

 

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