CONFIAR –

8:00 horas. De segunda à sexta.  O Bi-bi…Bi-bi…da buzina anuncia a chegada de Arthur (1 ano e 3 meses) para mais uma agradável jornada na casa de vovô e vovó. Prenúncio de alegria e agradecimento por mais um dia em que, mesmo considerando a nossa diferença de idade, haveremos de brincar e aprender.

Como parte da programação, um passeio pela calçada. Vamos em busca dos portões que anunciam: “Cuidado! Cão bravio”. Frente a eles, o pequeno Arthur, não se amedronta. Para e fica observando até o latido ir diminuindo. Às vezes ele resolve “dizer” au…au para esperar a réplica canina, mas o cão bravio se rende à inocência de uma criança que não representa perigo. Daí seguimos o passeio.

O que chama a minha atenção, nessa caminhada matinal em busca da vitamina D, é o seu andar firme. Porém quando ele se defronta com um batente mais alto, levanta sua mãozinha em busca da minha, com confiança e segurança que assim ultrapassará aquele obstáculo.

Em outros momentos, mesmo em terreno mais plano, quando seus pés “desconfiam” que o pisar lhe parece diferente, ele também busca segurar a minha mão. Nesse toque percebo a fragilidade de sua mão, ainda sem o calejar da vida. É como se o vigor da minha vivência fluísse para ele, ao tempo em que a sua, ainda aprendendo a acumular a própria energia, me lembrasse que um dia eu também estivera em estado oposto. A mão de meu pai era o meu porto seguro.

Interessante é que essa condição, chamada de confiança primária, vai se transformando à medida em que vamos mudando as fases de nossa vida. Transformação proporcionada pelo cerceamento dos reveses e frustrações amealhadas pelas experiências com o lidar nos diversos momentos em que somos requeridos para escolher entre confiar ou não nas atitudes e exemplos do outro. Certamente o ato de confiar é uma ação de Deus que age por meio das pessoas, que ao confrontar o seu “eu” com o “eu” do outro, pode ou não gerar o que chamamos de confiança secundária.

A modulação da confiança vêm sendo constituída por sucessões de entregas e de intensidades afetivas, que talham a nossa armadura, que nos confere a acuidade da medida do acreditar que aquele “colocar à disposição” realmente dá a cada um de nós a esperada confiança em aceitar.

Aqui não falo da ‘dinâmica da confiança’ tão utilizada na área de Treinamento e Desenvolvimento como estratégia organizacional das empresas, e sim pelo exercício da compreensão que, no outro, existe uma fração que fortalece o meu entender de que há um elo que me leva a confiar no outro.

Confiar é um aprender constante. É descansar em Deus. É poder contar com o outro sem esperar que ele supra toda a minha expectativa. É como uma corrida com troca de bastão, eu confio na capacidade do outro me entregar o bastão, mas ele também precisa confiar que você também receberá esse bastão com a mesma confiança.

Claro que a confiança plena na outra pessoa também merece reflexão, pois a rigor nunca sabemos o que se passa no seu íntimo e poderemos ser surpreendidos pela fraqueza humana, peculiar a todos nós. Mas nem por isso devemos deixar de tentar nos aproximar, pois na outra pessoa também existem fragmentos da grandeza divina.

O confiar se sustenta em três pilares: na retidão moral, no caráter e na lealdade. Mas existe uma base para que esses pilares se apoiem: a confiança em si mesmo, em suas qualidades. E envolvendo tudo isso: a confiança em Deus.

Confiar em Deus renova a nossa esperança, abre espaço para Suas intervenções e cria um relacionamento saudável para uma conversa aberta onde eu falo e Ele escuta, como também, Ele fala ao meu coração, em minha intuição e, nos sinais de demonstração do Seu amor. Cabe a mim e a você permitir que Ele estenda a mão, para seguirmos com confiança.

Será que está faltando em nossa vida esse confiar em Deus?

 

 

 

 

 

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras (josuacosta@uol.com.br)

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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