CONQUISTA DA CURA: “MINHA VIDA ESTÁ VOLTANDO AOS TRILHOS” –
Hoje, não vamos falar de dificuldades, dores, medo da morte e sim de vida, de novas chances e oportunidades de viver, da tão sonhada cura. É bem verdade, que o tratamento oncológico é longo, repleto de dificuldades e desafios, mas a cura é algo esperado e sonhado para se encontrar no final do caminho e como ela é desejada por pacientes e familiares, apesar de todos os percalços, é possível chegar lá.
Ao longo de 4 anos e meio, como assistente social da Casa Durval Paiva, pude acompanhar muitas histórias, com finais tristes, alguns parênteses e finais felizes também. Neste texto, vou compartilhar a história de J.M., jovem com 20 anos, que reside no interior do Rio Grande do Norte, a mesma chegou na instituição com 13 anos de idade, um diagnóstico de leucemia e muitos medos, angústias e inquietações.
Ao iniciar o tratamento, precisou lidar com as mais diversas mudanças acarretadas pelo tratamento oncológico: distância de casa, da família, dos amigos, dos colegas de escola, pois precisou vir para o tratamento na capital. As mudanças no corpo, a perda de peso, a queda de cabelo, a palidez, a alteração da rotina cotidiana, agora, ocupada por consultas, exames, internações, impacto com os efeitos da quimioterapia. Um mundo de mudanças difíceis de lidar, mas ela não estava sozinha, sempre contou com o apoio de sua mãe, familiares, além do suporte da equipe médica e multidisciplinar da CDP.
Com o decorrer do tratamento e após alguns exames, foi constatado que a leucemia era grave, com alta probabilidade de recaída. Nesse sentido, J.M. foi encaminhada para realizar transplante de medula óssea, uma outra etapa do tratamento repleta de dúvidas, mais um montante de exames, além da busca pelo doador compatível.
Após todos os trâmites necessários, o transplante ocorreu e foram muitos dias, em isolamento total, com idas diárias ao hospital, muitos medicamentos, restrições alimentares e mais um longo tempo longe de casa. Contudo, foi um percurso necessário para a tão sonhada cura, que não chegou de imediato, pois só após 5 anos de acompanhamento médico sistemático, com consultas e exames periódicos, J.M. recebeu a alta médica e, com isso, a cura tão desejada e sonhada.
Essa vitória é da paciente, de sua família e é também comemorada por todos que acompanharam esse processo. É uma conquista compartilhada. É muito gratificante para quem acolhe a família, após a consulta médica, com essa notícia, da cura atestada, de poder ouvir “minha vida está voltando aos trilhos”, pois, por muito tempo, o caminho foi tortuoso.
São essas e outras tantas histórias que alegram e motivam todos os dias o trabalho da Casa Durval Paiva e fazem com que venhamos a entender que, mesmo sem rumo, precisamos continuar percorrendo o caminho, certos de que, no final, encontraremos a cura.
Keillha Israely – Assistente Social da Casa Durval Paiva, CRESS/RN 3592
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