CONSIDERAÇÕES SOBRE AÇÃO, INAÇÃO E CURTIÇÃO –
Acordo cedo mantendo a tradição, seja qual dia for, fumego meu café de maneira mais moderna, afinal que erro existe em buscar mais efetividade em certas atividades?
Monto então a velha torrada, agora com queijo de coalho light de Jucurutu, cebola e tomate, partindo para amenidades e papos on-line com o filho que está treinando para sua profissão em Goiânia.
Ele pede para não postar as fotos que mandou, pergunto se virou agente secreto, ele kkkk como sempre, é que esse povo da área militar, tudo é segredo de Estado.
Perdi então meu filho para este mundo midiático, uma vez que agora deve virar um fantasma, a bailarina Mel já é naturalmente avessa a fotos, só posto a fórceps, igual a mãe, que conto nos dedos as fotos que consigo produzir.
Em seguida parto solitariamente para Camurupim.
Na aprazível praia realizei mais um sonho, a casa de praia. Investi tempos atrás uma grana num babado que se movia pelos caminhos do tal mercado.
Certo dia fui brechar e percebi que tinha menos grana que coloquei.
Assustado bati na porta da gerente, sendo informado que o Covid não só matou gente, fez aplicações recuarem.
Triste fui aconselhado por Gabriel a tirar a emagrecida grana e aplicar numa casa de containers num terreno que já tinha.
Confesso que a palavra conteiners acendeu mais uma revolução interior e, mais por isso que qualquer outra coisa, fiz a primeira casa de containers no litoral potiguar.
Vi nesta situação a oportunidade de desovar nela milhares de fotos minhas e dos outros, que tinha guardado depois de publicar por anos em diversas colunas de jornais que assinei.
E assim fiz. Aqui estão fora das caixas e baús, felizes, amostradas, revelando festas, vestuários, relações, jovialidades, painel de tempos, museu de grandes novidades, memória viva de passados vários.
No embalo preguei camisas, troféus, homenagens, dando vida a quem estava fadado a mofar nesses baús da vida, que viram incômodos quando partimos.
E olhando essa ruma de ações realizadas no passado, penso no presente, onde aposentado ainda me movimento, com meus amigos dizendo, homi você parece que acorda em Portugal, almoça em Ponta Negra e janta sei lá onde.
Mamãe dizia sempre, “meu filho parece que o mundo vai se acabar, você não para nunca, todo dia aparece com alguma coisa.”
Assim, hoje aposentado, quando não tem nada para fazer, fico na rede postando fotos e acho maravilhoso.
O que depreendo de tudo é que, a ação – desde que produtiva para o fazer cultural, social, o convívio com a família, é uma ação positiva e beatífica.
A não-ação decorrente de um hiato entre muitas ações, é puro deleite, necessário prazer.
Quando o amor está presente como ingrediente, linha de costura, amálgama, tessitura, satsang e harmonia, estar em ação ou não, é irrelevante.
Estar presente na existência de maneira positiva é a meta, afinal a vida é o ponto do cruzamento do horizontal com o vertical – cruz.
Ali naquele ponto, a rede de dormir, os pés que promovem a caminhada, a mente que curte tudo e o corpo que obedece aos comandos gerais e sofre as ações kármicas, se fundem no que denominamos na modernidade de: curtição.
Que situação…
Flávio Rezende – jornalista
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