Geraldo Melo fez um comentário, quando da morte de Ani (Ana Maria Cascudo Barreto), que me deixou matutando. Somos todos primos, com distancia variável, através da família Mello (Alguns escrevem com um “l”; eu também, mas, como uma homenagem ao meu tio Veríssimo (Vivi) de Mello, que reclamava a falta do outro “l”, passei a escrever Mello com dois “ll). Como bem colocou Geraldo, apesar da amizade e carinho quando nos encontramos, vivemos cada um em seu casulo.

            Somos “constelações”, conclui. Nascemos todos do mesmo universo, como as estrelas, e como estas começamos a nos separar, e terminamos formando nossa própria constelação. E estas, como no universo, começam a se distanciar e, em dado momento, já nem sabemos de quem somos parentes!

            Ainda por cima, somos originários de dois universos; o do nosso pai e o de nossa mãe. Eu, por exemplo, pouco conheci do universo de meu pai. É que ele veio de Pernambuco, muito jovem, para Natal, e o seu universo ficou todo por lá. Com as dificuldades de comunicação do passado, quase nenhum contato tivemos com os parentes, ou constelações, de lá.

            Já por aqui, com meu avô, Mello, de Campo Grande mas que radicou-se em Natal, os encontros foram bem mais constantes. O mesmo com a constelação de minha avó, que era de São Gonçalo do Amarante mas criou-se em Natal, e que era Pinheiro. Apesar de sua família ser muito grande, suas irmãs, exceto uma, Judite, que casou com o Professor Severino Bezerra, não casaram. Dos homens, que eram poucos, um foi Padre, Calazans Pinheiro, outro Engenheiro do Exército, Costa Pinheiro, e que vivia no mato, como coronel da Comissão Rondon, não casaram. Os demais, morreram moços e nem cheguei a conhecê-los.

            Portanto, convivi mais com os Mello. Numerosos, criaram muitas estrelas, que formaram depois suas próprias constelações, que foram aumentando, se distanciando e, como disse Geraldo, vivendo em seus próprios casulos.

            De vez em quando, encontramos parentes que, às vezes, nem conhecíamos. E é sempre uma alegria. Família numerosa, que se distanciou pelo número de membros e constelações criadas, se reconhece facilmente ao descobrirmos o parentesco, lembrando figuras, umas que já se foram, outras ainda por aqui. Nesse instante, é como se tivéssemos sido amigos desde a infância. Tenho prazer em descobrir novas constelações e conhecer, pelo menos, algumas de suas estrelas.

Dalton Mello de Andrade – Ex- Secretário Estadual de Educação e ex- Pro-Reitor da UFRN

Ponto de Vista

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