CONSULTAS MÉDICAS –
Outro dia conversando com Jesualdo sobre profissões, ele falou que na infância, imaginou que iria exercer a medicina. Questionado o porquê da tendência pela ciência de Hipócrates, ele imediatamente contou que na escola, todos os seus professores, lhe diziam ser a sua caligrafia, tão ruim, mas tão horrível que no amanhã, ele só poderia ser médico. Apesar dessa previsão dos seus docentes, ele graduou em direito.
Imediatamente após essa conversa, Jesualdo, olhando para mim, disse: – por falar em médico, tenho umas para lhe contar. E a seguir abriu a matraca.
Outro dia falou ele, chegou a data da renovação da carteira de motorista, e minutos antes do exame, foi informado ser o “doutor” de plantão, um velho conhecido dos tempos de Colégio Marista, ficou feliz, pois teria a oportunidade de revê-lo.
Acontece que ao entrar no consultório, estava a lhe esperar alguém diferente do imaginado, tendo este, imediatamente iniciado os trabalhos. Até então, continuou, estava certo ser aquele um técnico auxiliar, e que o responsável entraria no ambiente a qualquer momento para concluir a avaliação de sua visão.
Para sua surpresa, minutos depois o cidadão, encerrou a consulta, tendo assinado o documento do DETRAN, sobre o carimbo do nome pertencente ao seu amigo oftalmologista. Questionado se era ele, aquele cujo registro estava no papel, o profissional respondeu: – na realidade não, o colega está com receio de trabalhar nesses difíceis tempos de COVID e estou aqui o substituindo. Mas pode ir. Está tudo ok e para todos os efeitos foi ele quem lhe atendeu.
Nesse mesmo dia Jesualdo compareceu à um outro consultório médico para apresentar exames solicitados. Tendo acesso ao doutor, lhe ligou, combinando que ao chegar lhe encaminharia uma mensagem via whatsapp, e teria prioridade, pois devido a pandemia, estava receoso por permanecer em ambientes de aglomeração.
Já no local, registrou o nome conforme combinado, certo de que seria convocado rapidamente. Três horas se passaram, quando não tinha mais ninguém para ser atendido, finalmente, estando a porta entreaberta, foi visto pelo especialista que o chamou imediatamente, questionando-o porque não tinha entrado logo. Respondeu não haver sido chamado.
Chateado, o clínico convocou a recepcionista e lhe perguntou o que tinha acontecido. Ela respondeu: – doutor, o senhor disse se tratar de um senhor gordo e cujo nome era Rogério. Falei várias vezes e ninguém respondeu, e esse cliente além de ser registrado como Jesualdo, não é gordo nem um pouquinho.
Continuando o check-up, dia seguinte, foi ao urologista, onde realizaria o toque retal necessário para verificar as condições da próstata. Na hora H, enquanto calçava a luva na mão direita, o examinador lhe dirigiu a seguinte pergunta: – quer o exame com ou sem testemunha? Como assim falou Jesualdo, o médico então explicou: – com testemunha, eu enfio dois dedos ao mesmo tempo.
Uma loucura, as consultas de Jesualdo.
Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras