CONTAGEM REGRESSIVA: 4, 3, 2, 1… BUM! –
O papo era mais ou menos sobre isso, sobre o tempo que ainda nos resta. Conversávamos durante o nosso intervalo para o lanche, em volta da mesa redonda, colocada estrategicamente na lateral direita da sala em que trabalhamos, local este que nos reserva dos olhares curiosos que transpassam as janelas de vidro que separam a nossa sala dos corredores e de quem por ali trafega.
Sim, nosso grupo de trabalho tem seus momentos de distração produtiva. Isso acontece quando nos reunimos em volta da mesa, numa parada para o café, o que nos leva a muitas vertentes, como discutir alguns assuntos de trabalho, reparar no outro e acolher, dirimir conflitos, falar amenidades, dar boas gargalhadas, renovando as energias para continuar a labuta.
Quantas vezes no dia nos permitimos alguns desses intervalos? Não há um número exato, um, três, cinco, nenhum? Tudo vai depender das energias e demandas que emanam o setor. E quando o trampo está pesado, nossas paradas são obrigatórias, afinal, tem momentos que precisamos sair um pouco daquele lugar tenso, dar uma volta, tomar um café, refrescar a mente e voltar ao trabalho com mais vigor e intensidade.
Naquele dia, quando estávamos convivendo à mesa, trocando experiências, distribuindo energias positivas, comendo bolo e biscoitos com café, surgiu um tema que tratava sobre o tempo que ainda nos resta, da forma que estamos gastando os dias, sobre a contagem regressiva que se inicia a partir do nosso nascimento e do quando só nos damos conta dos dias gastos, isto depois de uma certa idade.
Mais um ano se findou, mais um ciclo se fechou, e nós continuamos aqui, apesar de tudo; temos resistido, lutado bravamente, aos trancos e barrancos, retirando todas as pedras que se colocam no nosso caminho. Ainda assim, estamos aqui, levantando, sacodindo a poeira e dando a volta por cima. E no que mais nos apegamos? Ao tempo que ainda nos resta ou às bagagens pesadas do passado? De um jeito ou de outro, errados não estamos.
O tempo urge, é fato! Temos pressa em viver ao mesmo tempo em que necessitamos desacelerar, e, entre um paradoxo e outro, fomos seguindo para nossas mesas de trabalho, levando conosco as contradições das ideias, dos argumentos e das reflexões contraditórias; afinal, “o silêncio é o melhor discurso”.
Refletir sobre as coisas da vida, sobre aquilo que se foi, o que estar por vir, sobre as incertezas da jornada, é pessoal e único. Esquecer o passado? Não, pois somos feitos dele. Focar apenas no futuro? Acho loucura. Apreciar, viver e gostar do presente nos ajuda a definir prioridades, mergulhar no nosso ser, aprender com o passado ressignificando o presente, dando importância a cada minuto vivido e os que ainda iremos viver. Bora viver com o que temos para hoje, com as experiências passadas e desejos futuros.
Feliz 2024 para todos nós!
Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora dos livros As esquinas da minha existência e As Flávia que Habitam em Mim, [email protected]