CONTRIBUIÇÃO AUSTRÍACA –

Com emoção, recentemente, visitei a Áustria, país que ocupa posição privilegiada nas suas relações com o Brasil. Os seus cidadãos que para aqui vieram contribuíram de forma profícua com o nosso País.
​Em 1817, cinco de novembro, a arquiduquesa Leopoldina casa com o príncipe Dom Pedro no Rio de Janeiro. É a filha do imperador Francisco I, do então Império Austro-Húngaro, cuja irmã casara com Napoleão Bonaparte. Ela é uma mulher culta, inteligente e versada nos assuntos de Estado. É descendente da dinastia Habsburgo, de origem Suíça, mas com habilidade administrou o império por seis séculos.

​A nova princesa do Brasil trouxe uma expedição (entre 1817 e 1822) de sábios, naturalistas, etnógrafos, pintores, que estudaram e representaram a nossa natureza. Para se ter uma ideia, um deles Thomas Ender levou cerca de 800 pinturas para o seu país. Cinco dias antes do Grito da Independência de Dom Pedro, a princesa preside o Conselho de Estado e decide a separação de Portugal. Ela amava o Brasil e dedicou nove anos de sua permanência a servi-lo com grandeza. Os estudos provam que ela foi uma das principais artífices da Independência brasileira.
​Leopoldina foi sucessivamente arquiduquesa, princesa, imperatriz e, depois, rainha de Portugal. Deixou descendência da maior importância. Destaca-se o culto e atuante imperador Dom Pedro II e sua neta, a princesa Isabel, que governou o País por quase quatro anos.

​Cerca de oitenta mil austríacos emigraram para o Brasil. Fundaram a colônia Tirol, no Espírito Santo (1859), e a de Treze Tílias, em Santa Catarina (1933). Essas colônias mantêm tradições da sua região de origem, inclusive falam um dialeto alemão.

​A Áustria está no centro da Europa, tem cerca de oito milhões de habitantes e mede 83 mil km², ou seja, um pouco menor que Pernambuco e com dois terços da sua população.

​Muitos austríacos têm dado contribuição ao Brasil. Não apenas suas empresas de mineração e plásticos, outras como Red Bull e Swarovski, aqui instaladas. Personalidades austríacas e seus descendentes deram prestígio ao nosso País. Lembro o escritor e crítico literário Otto Maria Carpeaux, o designer Hans Donner e o músico-compositor Jorge Mautner, parceiro de Gil, Caetano, Gal Costa. Uma referência especial a Stefan Zweig (1881 – 1942), um dos mais famosos escritores de toda a Europa. Biógrafo, romancista, poeta, dramaturgo, ator, são excelentes as biografias que fez de Dostoiévski, Balzac, Stendhal, Fouché, Rilke. Fez três viagens ao Brasil e com sua mulher Lotte fixou-se em Petrópolis, onde escreveu sua auto-biografia. Judeu e pacifista, considerando a Europa o seu lar espiritual, convenceu-se de que o nazismo hitleriano iria dominar o mundo. Suicidou-se com sua mulher tomando barbitúricos, não sem antes escrever uma carta de despedida com o “carinhoso agradecimento” ao Brasil que o acolheu.

​O seu ensaio “Brasil, o País do Futuro” dá-nos a esperança e faz reconhecer a nossa terra como verdadeiro apelido. É ícone.

​O sábio filólogo Ludwig Schwennhagen identificou duas centenas de palavras fenícias no idioma tupi-guarani. Afirmou existir aqui cidades criadas pelos navegantes fenícios no Piauí e em Touros, no Rio Grande do Norte. Tomando cachaça e conversando, tornou-se popular e ganhou o apelido de chovenagua.

 

 

 

Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *